A ESQUERDA QUE CURTE FASCISTAS

Entendo perfeitamente o fascínio que Vladimir Putin exerce sobre a extrema-direita. O autocrata russo põe em prática diversas aspirações dos neofascistas: leis homofóbicas, supremacia do cristianismo rústico, perseguição às minorias étnicas, exaltação da masculinidade tóxica, nacionalismo exacerbado e por aí vai. Mas esse lado de seu fandom ignora o apoio de Putin às ditaduras de esquerda da América Latina: Cuba, Venezuela e Nicarágua. A contradição se vê refletida no espelho com o entusiasmo de setores da esquerda pelo que eles vêem como o restaurador da Unindo Soviética. Putin mantém Maduro, Ortega e Diaz-Canel no poder não por razões ideológicas, mas para chuchar os Estados Unidos com vara curta. Como as viúvas de Stálin acham que os EUA são o Grande Satã, qualquer um que seja inimigo deles é, por tabela, amigo delas. Nada mais equivocado. Apesar de ter chefiado a KGB, Putin nunca foi comunista de raiz. É, na verdade, um tremendo dum oportunista, disposto a se eternizar no Kremlin custe o que custar (para os outros). O mais bestificante é ver esquerdistas caindo no conto de que a Ucrânia precisa mesmo ser "desnazificada". Sim, há nazistas infiltrados no exército de lá, assim como também há na Rússia e, aham, no Brasil. Isso justifica a invasão? Fora que Volodimir Zelenski é o único chefe de estado judeu da Europa... Mas, enfim, o que esperar de quem lamenta até hoje a queda do Muro de Berlim?