Em 1985, fui a Nova York pela primeira vez como um adulto (já havia estado lá duas vezes, aos 10 e aos 12 anos de idade). Me hospedei na YMCA, vi o máximo de peças da Broadway que meu orçamento aguentou e finalmente me aventurei pelo SoHo. Lá, a grande atração era a exposição conjunta de Andy Warhol e Jean-Michel Basquiat, na galeria Tony Shafrazi. Claro que eu não comprei nenhum quadro, mas trouxe o poster ao lado, que enfeitou meu quarto por muito tempo - hoje eu não sei onde o enfiei. Um ano e meio depois, Warhol morreu por causa das complicações de uma cirurgia, com apenas 58 anos de idade. Basquiat se foi em 1988, aos 27, vítima de uma overdose. A relação entre os dois é esmiuçada no quarto episódio de "Os Diários de Andy Warhol", em cartaz na Netflix. A série é um manancial de imagens de arquivo preciosas, mas o mais impressionante talvez seja a voz de Warhol recriada por inteligência artificial, lendo os diários que ele escreveu de 1976 a 1987. Mas já vou avisando que não é para qualquer um: é preciso ter interesse por artes plásticas e pela cena nova-iorquina dos anos 60 aos 80, quando Warhol reinou soberano. Os episódios são longos e cheios de detalhes, e o ritmo não é vertiginoso. Mas quem prestar atenção vai descobrir pérolas como "Blowjob", o revolucionário curta que Warhol rodou em 1964. São nove minutos com a câmera fixa no rosto de um sujeito que recebe sexo oral. O erotismo é um tema frequente na obra de Andy Warhol, mas ele próprio se dizia assexuado, apesar de não ser. Teve dois longos namoros com rapazes bonitões, e mesmo assim ainda se achava indigno. Pior: se achava feio. É verdade que seu traços lembram os de um um boneco de ventríloquo, mas beleza é atitude. Para ser bonito, é preciso se sentir bonito. Pelo menos, Warhol nos deixou uma das obras mais belas e influentes do século 20.
O Mio Babbino Caro
ResponderExcluirD'hora!
Não consigo me imaginar recebendo um "blow job" por 9 minutos e ainda acender um cigarro "in between".
ResponderExcluirAssisti imaginando o texto que vc-magistralmente - faria.Tony vc teria em mente algum nome tupiniquim dessa envergadura digno de um documentário nesse nivel? Digo não somente da obra , mas de todo o contexto de uma época.
ResponderExcluir...ainda não acreditando que você atendeu o pedido.As yags das artes plásticas agradecem e celebram!!
"Assexuado" se refere a seres que não possuem diferença de sexo no sentido reprodutivo. Acredito que o termo que estavas procurando seja "assexual", alguém que não se interessa por sexo nem sente atração sexual.
ResponderExcluirMuito doido viajar numa época em que só os milhardários viajavam
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