Gal Costa foi lançando aos poucos os 10 duetos que compõem "Nenhuma Dor", desde novembro do ano passado. Também fui ouvindo aos poucos e gostando mais de uns do que de outros. Mesmo já conhecendo todas as faixas, escutar todas em sequência me levou ao chão, agora que o álbum completo finalmente saiu. Que composições maravilhosas, que arranjos delicados, que ideia ótima chamar apenas cantores da nova geração para dividir os vocais com ela. O repertório só tem clássicos da carreira de Gal, e o mais recente, "Meu Bem, Meu Mal", já tem 40 anos - foi lançado em 1981, no disco "Fantasia". Mas não sou eu quem vai cobrar coisas mais contemporâneas. Gal sempre se arriscou a gravar gente nova, e é dela o mais ousado álbum eletrônico brasileiro até hoje, "Recanto", de 2011. Então, deixa a baiana comemorar seus 75 anos remexendo no baú, e refrescando essas joias com rapazes que poderiam ser seus filhos. A voz de Gal não é mais um cristal nas notas mais altas, porque ninguém está ficando mais jovem, mas seu fraseado e seu bom gosto continuam intactos. Todas as faixas são boas, mas duas são obras-primas: "Juventude Transviada", com Seu Jorge, e "Baby", com Tim Bernardes, dois timbres que combinaram perfeitamente com a talvez melhor das nossas cantoras. Ainda tem dois estrangeiros muito ligados à MPB, o português António Zambujo e o uruguaio Jorge Drexler. Junto com a avassaladora live de Maria Bethânia na noite deste sábado, "Nenhuma Dor" é um inequívoco sinal de vida da cultura brasileira em tempos de escuridão. Ainda vivemos na melhor cidade da América do Sul.
GalNecessária!
ResponderExcluirQue maravilha! Mas ainda estou me recompondo da LivePoéticaPolitica da Bethânia... tudo ali tem um jeito. Mas ouve-la a plenos pulmões dizendo “ Miguel, cinco anos
ResponderExcluirNome de anjo
Miguel Otávio
Primeiro e único
Trinta e cinco metros de voo
Do nono andar
Cinquenta e nove segundos antes de sua mãe voltar”
Coisa mais artística e política dos últimos tempos.
Chata pra caramba. Como diria aquela música da Rita Lee ...o meu defeito é não saber parar...
ResponderExcluirBethânia e Maria da Graça, é sempre a mesma coisa, sempre se implica aqui e acolá( Gal tá sempre berrando), mas a gente sempre gosta porque elas são maravilhosas.
ResponderExcluirSeu Jorge, apesar de ter incorporado o malandro carioca style, tem um dos timbres mais lindos dos últimos tempos.
Juntou os 2 só podia dar uma maravilha.
Achei curioso que em alguns momentos achei que era o Emílio Santiago, fiquei naquela: as vozes se parecem ou ele puxou o tom meloso para acompanhar Gal?
Muito boa sua análise do novo disco de Gal!
ResponderExcluirConcordo também com o que você disse no final: AVASSALADORA é a palavra certa para descrever a live de Bethânia!
Um carnaval marcado por estes trabalhos lindos destas duas grandes estrelas da canção brasileira. VIVA GAL! VIVA BETHÂNIA!
só as velhas da mpb salvam a nova mpb..
ResponderExcluirO Mio Babbino Caro¨
ResponderExcluir¨"Inequívoco sinal de vida da cultura brasileira em tempos de escuridão" é dia após dias toparmos com suas brilhante, lucidas e atualizadas postagem, como esta a nos informar e formar sob todos os aspectos.
Saiba Tony que há quem seja muito grato a saber de um ser humano como você. E isso não é ser puxa saco é reconhecer a grandeza de uma pessoa nesse momento de tão baixas estaturas. Sim por muitas vezes lamento algum desencontro ou me dói o seu titubear naqueles momentos em que tudo isso era engendrado e sabíamos aonde poderia dar e deu. Mas isso não diminui sua grandeza por essas plagas de tão pouco grandes homens. Apesar de nossas distancias te quero bem e acredito ter investido muito do meu tempo, como és testemunha nesses anos todos, em um homem de Boa Vontade.