quinta-feira, 1 de outubro de 2020

BEBI, LIGUEI

Sim, "The Boys in the Band" está datada. Não de todo: alguns dos dramas vividos pelos nove homens gays que se encontram numa festinha de aniversário em Nova York, no distante ano de 1968, ainda se repetem nos dias de hoje. Tem a poc histriônica que não arranja namorado. Tem o homem que foi hétero a vida toda e acabaou de largar mulher e filhos para ficar com um boy que não lhe promete 100% de fidelidade. Tem dois caras que se cumprimentam como se não se conhecessem, apesar de já terem transado na sauna. Tem o garoto de programa que é o "presente" do aniversariante, burro feito uma porta mas louco para agradar. Só que o texto de Matt Crowley é anterior a Stonewall e a todo o movimento pelos direitos igualitários. Surgiu numa época em que ser homossexual ainda era uma vergonha a ser escondida a qualquer preço. Todos os nove rapazes odeiam a si mesmos em diferentes graus, e ninguém mais do que o anfitrião Michael (Jim Parsons). É dele a ideia que destrói a festa de uma vez por todas: aproveitando a bebedeira generalizada, cada um dos convidados deve telefonar para o amor de sua vida e se declarar, mesmo que o felizardo jamais tenha desconfiado desse amor todo. Esse jogo serve para que cada um dos atores tenha pelo menos uma grande cena. Todos eles participaram do revival da peça na Broadway dois anos atrás, dirigido pelo mesmo Joe Mantello que assina o filme da Netflix. Isto faz com que algumas interpretações estejam um pouco over para a telinha, mas relaxa, bee. Você está vendo um documento histórico. Um retrato da vida gay de 50 anos atrás, tão diferente e tão parecida com a de agora. A nova versão de "The Boys in the Band" mostra o quanto evoluímos - todo o elenco é gay assumido, algo impensável antigamente - e o quanto ainda falta para sermos aceitos, inclusive por nós mesmos.

21 comentários:

  1. Tony Querido, obrigado pelo texto. Criativo, crítico e sincero como sempre. A cena dos telefonemas (Quem usa essa palavra ainda? Só eu?) é uma das mais lindas e fortes do filme! E o filho da Tom Scavo e da Lynette cresceu e mostrando talento. Adorei vê-lo em Ratched e a cena em que Mildred, no estilo "Palavras duras ditas em voz mansa te golpearam", diz a ele que não quer sair com ele e ele jamais vai conseguir outro emprego é muito tocante! Tony, abraços...

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  2. Um assunto aleatório, outro dia vi um vídeo sobre o fim da MTVBrasil no Youtube e conheci seu irmão, achei ele lindo. Certeza que ele é hetero?

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    1. Certeza. E, se não fosse, não seria para o seu bico.

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    2. Você nem me conhece pra saber se é pro meu bico ou não cunhado!

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    3. Só pelo seu tom, já percebi que não é.

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    4. 🤣🤣🤣 Esse Tony...

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    5. Anon 15:22 não sabes do que escapou.... neca que eh bom ... nada ! Grana que eh bom ... nada! Enfia dois dedos no cu .... bem melhor!!!!

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    6. Acho o Tony foda por sua altivez em publicar e nem dar bola pra comentários como esse do Anônimo de 04:57

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  3. Jim Parsons investindo forte pra não ficar typecast depois de 12 anos de TBBT.

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  4. O Mio Babbino Caro
    Que tempo poeticamente duro...e triste, vivia-se com o coração quente temperado há um brilho no olhar que acompanhava um Bent de corpo. Superamos, vencemos, a tristeza e a dor deram lugar á revolta e quem dera a revolta se transforme em suave amor.

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  5. Um desses posts, tão comuns aqui nesse blog, que deveriam estar em um belo jornal ou revista, digital ou físico.

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  6. Ao menos uma coisa mudou. A juventude ficou maior.

    No filme de 1970, o mais velho (Kenneth Nelson), a data da estréia (17/03/1970) ia fazer 40 anos em uma semana. O mais jovem (Robert La Tourneaux) tinha 28. O resto do elenco tinha entre 30 e 35 anos.

    No filme de 2020 temos dois trintões e dois cinqüentões.

    O mais velho (Tuc Watkins) tem 54 anos, no papel que era de Laurence Luckinbill (hétero com apenas 35 anos). O mais jovem (Charlie Carver) tem 32 anos conta 28 de Robert La Tourneaux. O resto do elenco tem entre 47 e 41 anos e um (Robin de Jesús) de 36 anos.

    Comparação da idade dos atores interpretando os mesmos personagens nos filmes de 1970 e de 2020:

    Kenneth Nelson (39 anos) / Jim Parsons (47 anos) - Michael
    Leonard Frey (31 anos) / Zachary Quinto (43 anos) - Harold
    Cliff Gorman (33 anos) / Robin de Jesús (36 anos) - Emory
    Laurence Luckinbill (35 anos) / Tuc Watkins (54 anos) - Hank
    Frederick Combs (34 anos) / Matthew Bomer (42 anos) - Donald
    Keith Prentice (30 anos) / Andrew Rannells (42 anos) - Larry
    Robert La Tourneaux (28 anos) / Charlie Carver (32 anos) - Cowboy Tex
    Reuben Greene (31 anos) / Michael Benjamin Washington (41 anos) - Bernard
    Peter White (32 anos) / Brian Hutchison (52 ou 53 anos) - Alan McCarthy


    Renato Alves.

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    1. Jim Parsons tem quantos anos? Hã?

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    2. 08:36 Bicha Maldita a amiga faz toda uma pesquisa embasada na cinematografia dos atores e a Senhora esnoba assim Volte duas casas.

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    3. 13h43 Adorei o “volte duas casas” hehehe. E valeu, Renato, interessante sua colocação.

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  7. De qualquer forma houve uma evolução. Pela idade, e não pela aparência física, os atores do filme de 2020, interpretariam senhores em qualquer filme de 1970.
    A idade média dos atores no 1° filme era de 32,55 anos. Em 2020 é de 43,22 ou 43,33 anos.


    Renato Alves.

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