segunda-feira, 29 de junho de 2020

TODOS NO MESMO TREM


"Expresso do Amanhã" começou a ser produzida muito antes da pandemia. Portanto, não tinha como prever que se tornaria uma metáfora - mais uma - da situação surrealista por que estamos passando. A série da Netflix é baseada no filme do mesmo nome de Bong Joon-ho, o diretor de "Parasita", por sua vez adaptado de uma HQ francesa. Joon-ho é o produtor executivo do programa, que deixa ainda mais clara sua preocupação com a desigualdade social. A premissa é meio absurda: depois de uma catástrofe climática, a Terra inteira congelou, e uns poucos privilegiados conseguem refúgio num trem que roda o planeta sem parar. Os passageiros da primeira classe pagaram caríssimo por seus bilhetes, mas também há clandestinos amontoados nos últimos vagões. Muitas perguntas não têm resposta. De onde vem o combustível? E a comida, a bebida, as drogas que são traficadas lá dentro? Nada disso importa, e sim o conflito entre as várias classes. Jennifer Connelly faz uma super comissária de bordo durona e eficiente, e está tão magra que chega a dar aflição. Mocinha e vilã ao mesmo tempo, a personagem tenta manter a ordem nos mais de mil vagões usando métodos questionáveis. Pelo menos, está fazendo alguma coisa. Nós também estamos presos num trem dividido em castas, mas o nosso não tem piloto nem tripulação.

3 comentários:

  1. Tony, como você gosta de BD, eu vou recomendar Transpierceneige. É muito bom quando há essa cultura da convergência. Não precisa dizer o que é melhor. É um texto que só se enriquece com os meios que o contam.

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  2. Nossa, outro filme coreano famosinho é o "Train to Busan" que mostra os sobreviventes de um apocalipse zumbi num trem para essa cidade litorânea famosinha no lado de lá do planeta. Se me lembro bem, esse filme tem a mesma característica de comparar a nossa sociedade estratificada com as diferentes classes de assento num trem.

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  3. viu o trailer do doc sobre o walter mercado da netflix?

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