segunda-feira, 1 de junho de 2020

DERRUBEM O MONUMENTO

Meu pai foi pracinha da FEB. Aos 24 anos de idade, já formado em Direito, foi convocado pelo Exército e enviado para lutar na Itália. Passou um ano lá, participou de combates, matou um alemão numa luta mano a mano (pelo menos era o que ele nos contava quando éramos crianças, talvez para nos impressionar). Poderia ter morrido lá, e eu não estaria aqui neste momento. Poderia ter morrido lá, não ter seu cadáver identificado e hoje estar enterrado no Monumento à Força Expedicionária Brasileira, no Aterro do Flamengo, onde há túmulos de soldados desconhecidos.  Mas este belo marco do Rio de Janeiro perdeu sua razão de ser. Neste domingo, além de gastar uma fortuna em dinheiro público para ir de helicóptero do Alvorada ao Planalto e ainda pagar mico cavalgando feito o Rei do Gado que de fato é, Edaír Biroliro tuitou uma frase de Benito Mussolini. Claro que não foi ele em pessoa, foi o Gabinete do Ódio do Carluxo - mas a frase está lá, em seu perfil oficial: "Melhor um dia como um leão do que cem anos como ovelha". Faz sentido ter um monumento aos brasileiros que tombaram na luta contra o fascismo, quando o próprio presidente da República replica uma frase de quem ele chama de "velho italiano"? Por que as Forças Armadas não derrubam de uma vez esse monumento, já que agora elas apoiam um presidente que cita Mussolini? Esses pracinhas mortos viraram inimigos da pátria, pois adiaram em 75 anos a instauração do fascismo entre nós. Na verdade, é ÓBVIO, as FFAA tinham que deixar de palhaçada e se afastar do Coronaro. Elas têm sorte de que quase não há mais ex-pracinhas vivos, porque a grita deles seria grande neste momento. Mas têm o azar dos filhos e netos estarem vivos, e eu não vou deixar que emporcalhem a memória do meu pai.

Um comentário:

  1. O Mio Babbino Caro
    Nos lançemos "O monumento É de papel crepom e prata Não tem porta A entrada é uma rua Antiga Estreita e torta" afinal já dizia o poeta.

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