segunda-feira, 8 de junho de 2020

BANDEIRAS E SAÍDAS

Todo mundo vibrou com a derrubada da estátua de Edward Colston, o mercador de escravos de Bristol. Foi especialmente catártico o momento em que um manifestante pisou com o joelho sobre o pescoço do negreiro. O gesto já inspirou uma campanha informal aqui em São Paulo, para que a estátua do bandeirante Borba Gato tenha um destino semelhante. Trata-se de uma das peças de mobiliário urbano mais horrendas do mundo, toda coberta por ladrilhos coloridos. Mas virou ponto de referência: quem vai ao bairro de Santo Amaro sempre pergunta se o endereço procurado é antes ou depois do Borba Gato. Além do mais, sua eventual eliminação abre o precedente para a demolição do Monumento às Bandeiras, um dos poucos cartões-postais paulistanos. É a obra-prima de Victor Brecheret e um prodígio de vigor e movimento, bastante emblemático da pujança de SP. Mas, sim, é uma homenagem aos bandeirantes. Durante séculos, eles foram o símbolo da cidade, batizando colégio, rodovia e canal de TV. Hoje rola uma revisão histórica que os pinta como criminosos, que dizimaram tribos inteiras em sua ânsia pelo ouro. O fato é que os bandeirantes nos deixaram um legado precioso: esse Brasilzão sem tamanho, o quinto maior país do mundo. Sem eles, talvez ainda estivéssemos confinados pelo Tratado de Tordesilhas. Também é complicado julgar as figuras do passado com os valores de hoje. No caso do monumento do Ibirapuera, ele mostra um esforço coletivo de andar para a frente, sem exaltar nenhum nome específico. Resumindo: acho ótimo discutirmos nossa história, mas essas estátuas já foram ressignificadas.

28 comentários:

  1. Os bandeirantes eram selvagens, muitos deles mestiços, que falavam um idioma misturado do português e o tupi. Como a maioria das figuras históricas, não deveriam ser julgados pelos olhos contemporâneos e sim pelo contexto de sua época.
    Será que nenhum governo vai impedir que as pessoas subam no monumento como se fosse um playground?

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  2. Comecei a ler o texto e fui ficando p* da vida....no final, vc dá uma rasteira no leitor mais raivoso, como eu: touché!
    Acho que museus e livros é que são lugar de figuras controversas aos olhos de um novo tempo.
    Estátuas vão além da história: são homenagens.
    E homenagear algumas figuras ajuda a perpetuar algumas feridas ainda não cicatrizadas.
    Imagina ter que lidar em praça pública com uma estátua do Bolsonaro, 38º Presidente do Brasil!
    Melhor que ele fique só nos livros de história.

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    1. Credo 22:02 vc me fez perder o sono agora. Uma estáutua do bosta, o genocida? Socorro. Mas bem capaz que ainda venham a criar uma, não duvido nada.

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  3. Como praticamente ninguém sabe nada da história desse país, essas estátuas (ou qualquer outra) tem efeito quase nulo. São como, você disse, meros ponto de referência sem significado. Tanto faz se deixar ou se botar qualquer outra coisa no lugar.

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  4. Eu não acho que o caminho seja retirar as estátuas. Pra mim isso abre um precedente perigoso para a destruição de outros símbolos históricos. Provavelmente ninguém homenageado em estátua passaria pelo crivo da sociedade atual.

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    1. Ah estátua é um negocio tao brega. Nem vejo problema em acabar com isso

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  5. O Mio Banbino Caro
    Pra que puxar o freio de mão...esses caras vão sim ser varridos. É só questão de tempo e não haverá argumentos, como nunca há escuridão onde entra luz. Você acha que um Caxias por exemplo vai conseguir ser patrono do exército quando o povo brasileiro de fato tiver representado no poder conscientemente. Quem dirá esses cães analfabetos que "ampliaram" nossas fronteiras e combateram homens que se navegavam a ser escravos, é só questão de raciocinar. Não vai ser amanhã evidente. Mas que vai rolar, disso pode ter certeza nenê. Não viu lá em Londres e aplaudidos.

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  6. Não encontro muita diferença histórica entre a cultura do cangaço e a dos Bandeirantes, mesmo assim, uma é enaltecida e outra rebaixada atualmente. As duas fazem parte da história da formação do Brasil.

    Fellipe

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    1. Tirando que eles mal chagaram a conviver. Um durou na época do Brasil colônia. O outro de meados do império ao começo do século XX. É tempo suficiente pra história pintar cada um de uma maneira diferente.

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    2. Um era "pobre e de cabeça chata". O outro "paulistano cosmopolita".

      Deu para entender ou quer que desenhe?

      (E se deu aposto que foi para o vagão de metrô INTEIRO!)

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    3. Ser passivo é xingamento agora? Bem vindo ao século XXI querido...

      Só afirmei que ambos são perfis de pobres brasileiros buscando meios de sobreviver dentro da moral da época. Hoje em dia, ambas as práticas são monstruosas, porém, faltá-nos empatia para entender que os tempos eram outros e agradecer por termos evoluído minimamente como sociedade.

      Fellipe

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    4. Foi brincadeira com os paulistas devassos BURRINHO!!!

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  7. Concordo com vc. Hoje se vive a era do golpe, do cancelamento, mas devolver as terras para os índios ninguém quer. Cada época tem suas verdades e conveniências. Muito do que se considera hoje, vai mudar amanhã. Faz parte do ciclo da humanidade. Só acho triste o Brasil estar sendo dividido em duas cores, duas classes, esquerda e direita. Eu acho que essa época em que vivemos vai ser lembrada como a que estava todo mundo errado.

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    1. Dê o exemplo. Chame um índio e passe a escritura da sua casa. Oops, esqueci que pra falar uma besteira dessas você certamente mora com os pais ou racha aluguel.

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    2. Ninguém é DONO de terra.

      Todo mundo ALUGA terra no sistema maçônico prisional a céu aberto em que vivemos!

      DEIXA DE PAGAR O IPTU E VERÁS!!!!

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  8. Só uma desmiolada insana como vc para defender a permanência do horror do borba!

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  9. Entendo seu ponto de vista, mas fiquei muito chateado com esse movimento de "acerto de contas" com a história que ocorreu na Inglaterra. Não gostei! Se levarmos esse revisionismo ao extremo, qual civilização fica em pé? Muitos povos antigos matavam crianças deficientes. Os romanos e o egípcios escravizavam os vencidos. Vamos derrubar Roma e as pirâmides? Os incas matavam crianças e mulheres do modo mais cruel para oferecer aos deuses. Vamos acabar com Cuzco? Todos nós somos produtos de nossa época, e é raso e até infantil julgarmos um povo ou uma pessoa com valores de outro momento histórico. Quantas atrocidades foram cometidos dentro da Cidade Imperial na China? Quantos atos de corrupção foram cometidos dentro do parlamento inglês. Vamos derrubar o Big-Ben! Se fosse assim, não sobraria nada dos monumentos de Niemeyer em Brasília...

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    1. Não seja por isso. Vamos derrubar Brasília.

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    2. Ah!!! Você não é tão inocente assim e sabe muito bem daquilo que estasmos falando.

      Prêmio Leopoldo II pra você gata!!!
      G-

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  10. Devolver terras para os índios, os bandeirantes são paulistanos cosmopolitas! Quanta besteira, a história acontece em uma época, tem um contexto, anos depois alguém quer resgatar ou afundar alguma figura. Os cangaceiros eram sanguinários que trabalhavam para os latifundiários quando interessava, não tinham nada de Robin Hood, de alguma maneira foram adotados como justiceiros por alguns mas não passavam de bandidos comuns, uma milícia só para ser mais moderno. O Caxias foi um militar cruel que combateu o psicopata do Solano Lopes, este sim que levou o seu país pro buraco.

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    1. Eu estava sendo sarcástico de cabo a rabo naquele comentário MULA EMPACADA!

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    2. Mona, é impossível saber se você está brincando ou não, pois sempre a única coisa que parece é que és louco.

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  11. Uma boa maneira de começar seria rever ruas, praças, escolas, hospitais, conjuntos habitacionais e afins com nomes de políticos, não importa se vivos ou mortos. Aberração isso.

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    1. Esse povo que recebe essas homenagens geralmente são integrantes dos Illuminati, ou seja: nenhum prestava! Tudo psicopata sanguinário.

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  12. Tony,

    A moda brasileira parece que tá pegando fogo com um Instagram chamado @modaracista, já descambou para denuncia de assédio moral contra todo tipo de gente...

    É... eu estava desconfiado com essa história que a gente iria sair diferente da quarentena, mas realmente parece que vamos, pq todo dia é tiro para tudo que é lado!

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  13. A história mais legal que conheço por trás de uma estátua é a da Alexander Wood no gueto gay de Toronto!

    De um médico que "investigou" um caso de estupro a uma mulher checando os paus da cidade INTEIRA!!!

    MUITO LEGAL A HISTÓRIA!!!

    https://torontoist.com/2016/06/meet-alexander-wood-the-pioneer-of-torontos-gay-village/

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