sexta-feira, 1 de maio de 2020

DISCO INFERNO


Tenho medo de que o que aconteceu hoje se torne o novo normal: uma espécie de pré-estreia mundial online. Eu e sei lá quantas pessoas ao redor do mundo vimos o filme chileno "Ema" na plataforma Mubi (aliás, ainda deve ter gente vendo: o longa fica disponível lá por 24 horas, gratuitamente). Entretanto, essa première virtual deu a "Ema" uma aura que esse novo trabalho de Pablo Larraín talvez não tivesse num lançamento convencional. É quase um trabalho experimental, com um roteiro que parece cru de propósito e uma trilha eletrônica fenomenal de Nicolas Jaar. O fiapo de história é um pretexto para um estudo de personagem, mas saímos sem entender quase nada do que motiva essa diva pós-punk pansexual. A bailarina Ema e seu marido coreógrafo (o mexicano Gael García Bernal) estão arrependidos de terem devolvido o garoto que adotaram. O pestinha apenas tacou fogo na casa e feriu a tia gravemene, veja só. Agora a mãe relapsa quer o filho de volta, mas o filme não é só sobre isso. Ema também gosta de transar com quem aparecer pela frente e, nas horas vagas, pega um lança-chamas e sai queimando carros e semáforos por Valparaíso. Não é nada simpática, mas a atriz Mariana Di Girolamo deixa-a sempre interessante. A distribuidora Imovision quer lançar "Ema" nos cinemas, então quem perdeu hoje ainda tem chance. Mas pense se você quer mesmo conhecer uma incendiária.

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