Na década de 1990, um partido islâmico radical venceu as eleições na Argélia, mas não levou. Os militares não deixaram. Seguiram-se então anos de guerra civil, cheia de atos de terrorismo que tiveram pouca repercussão no resto do mundo. Esse período sombrio é o pano de fundo de "Papicha", o representante argelino no próximo Oscar. O filme entra em cartaz no fim do mês, mas eu já o vi na Mostra: é a história angustiante de uma menina ocidentalizada (a Papicha do título) que, sonhando em ser estilista, só pensa em realizar um desfile de moda em sua escola. Viver numa sociedade machista já é duro; quando o mero ato de andar sem véu pode custar uma vida, é sinal de que talvez seja a hora de ir embora. Essa questão percorre todo o filme da diretora Mounia Meddour, que abusa um pouco dos planos muito fechados. Mas "Papicha", na verdade, está em busca de ar. E serve como um aviso do que periga rolar aqui.
O Mio Babbino Caro
ResponderExcluirLembro-me bem deste período e episódio. E a pergunta que se fazia à época, era: Se o Partido Islâmico Radical venceu, por que não levar?
Porque seria uma ditadura totalitária, ainda pior que a ditadura militar que se estabeleceu por lá para contê-lo.
ExcluirEntão por que permitiu-se que disputassem as eleições. A velha questão de mudar as regras depois de estabelecidas...
ExcluirMas este é um dilema que aflige todas as democracias: o que fazer com os partidos radicais, que prometem acabar com ela?
ExcluirAqui mesmo no Brasil elegeu-se, democraticamente, um governo cujo núcleo duro prega abertamente um golpe de estado e a instalação de um regime autoritário.
mas levou, esta ai e pelo visto vai continuar...
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