sexta-feira, 30 de agosto de 2019

FAZENDO O EGÍPCIO

Otávio Frias Filho escreveu "Tutankáton" em 1990, entre a queda do Muro de Berlim e o fim da União Soviética. Ele mesmo dizia que a peça não era para ser montada, mas declamada; por alguma razão misteriosa, só agora, um ano depois de sua morte, é que o texto ganha vida no palco. A montagem de Mika Lins é austera e rigorosa, ao mesmo tempo em que amacia uma possível aridez. Figurinos e caracterizações são espetaculares, evocando o antigo Egito do jeito mais minimalista, e a música pontual também é impactante. O elenco negro foi uma escolha acertada em todos os sentidos: político, estético, artístico, com destaque para o veterano Augusto Pompeo. A única branca é Bete Coelho, amiga pessoal de Otávio, que faz uma impressionante vidente cega. E, com o passar dos anos, "Tutankáton" adquiriu novos significados. Para quem não lembra: o jovem faraó que hoje chamamos de Tutancâmon foi possivelmente morto por um complô palaciano, que queria substituir a nova religião monoteísta (o deus único era Áton, o disco solar) pelos velhos deuses de antes. OFF escreveu pensando na erosão do sonho da esquerda, abalada com o fim da utopia socialista. Mas, no Brasil de 2019, os sacerdotes do antigo culto parecem o entorno do Biroliro, que quer fazer o país retroceder 50 anos. "Tutankáton" é das grandes peças do ano e precisa ser vista. Pena que ficou só quatro semanas em cartaz: a última récita é neste domingo.

10 comentários:

  1. Antônio Pompêo não morreu em 2016?

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  2. Achei que Antônio Pompeo já tivesse morrido...

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  3. Quem está na peça é Augusto Pompeo.
    Antônio Pompêo faleceu em 5 de janeiro de 2016, aos 62 anos.

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    1. Tem toda razão. Eu que confundi os nomes. Na peça é mesmo o Augusto. Já corrigi, obrigado. E peço desculpas pela confusão.

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  4. Do cara que achou ruim o Lula não ter universidade? E a Gisele terminou a oitava série? Vamos perguntar pra ela? O Lula tem diploma de torneiro mecânico...Isso porque o capitalismo deu super certo né nego, só olhar pra Amazônia e pros 65 mil morrendo todo ano, mas pra vida racista o que não reluz é ouro. Vivemos uma nova era de completa ignorância graças a uma elite mafiosa, burra, perversa e ladra. Da qual o cancerígeno fazia parte e era um dos tumores principais.

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    1. Hã, acho que você errou de post? Esse comentário não tem cara de ser para cá.

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  5. Vc anuncia as peças sempre no último final de semana.. fica difícil acompanhar...

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  6. E por falar em cega... como tem bicha cega ou se fazendo de! ne tia tonya!

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