sexta-feira, 31 de maio de 2019

NOVO IORC


Ontem eu fui assistir à gravação do "Acústico MTV" do Tiago Iorc, o primeiro dessa fase da emissora. Eu não conhecia direito o rapaz, então baixei seu novo álbum "Reconstrução" e fui ouvindo no caminho. A faixa de aberutra, "Desconstrução" é uma boa surpresa: lembra mesmo a estrutura da "Construção" do Chico Buarque, mas com uma letra voltada para o umbigo dessa geração leite-com-pera que acha que tirar selfie é uma manifestação política. Não me entenda mal: as rimas são boas, mas Tiago não tem exatamente preocupação social. O som dele é intimista, hétero-porém-delicado. Não admira que as mina pira. O show em si foi agradável, embora com muita pausa entre uma música e outra e algumas repetições, o que é normal em um programa de TV. O melhor momento foi a participação especial de Jorge Drexler em "Me Tira pra Dançar". Não tenho idade nem orientação sexual para vibrar demais com Tiago Iorc, mas não resta dúvida que ele é um oásis de bom gosto nesse deserto pavoroso em que se converteu a música popular brasileira.

ZURRANDO NA CHUVA

Que pesadelo que é esse ministro Abraham Weintraub. O vídeo dele de ontem, de guarda-chuva em punho, é até pitoresco: o que comove mesmo é a incapacidade (ou desinteresse) de se comunicar com alguém que não faça parte de sua claque. Os erros de português, então, são grotescos para o comandante da pasta de Educação. Mas grave mesmo é esse sujeito desqualificado dizer que nem os PAIS estão "autorizados" a informar os filhos sobre os protestos contra o MEC. Isto vai além do autoritarismo: é totalitarismo mesmo, quando o Estado quer controlar até a vida pessoal dos cidadãos. E um zurro, é claro.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

QUANDO UM CERTO ALGUÉM


Corrijam-me se eu estiver errado, mas acho que "Pra Sempre" é o primeiro álgum de um cantautor brasileiro inteiramente dedicado a um amor homossexual. Caetano chegou a fazer uma ou outra musiquinha para suas paixonites surfísticas, mas um disco inteiro, de cabo a rabo e assumidíssimo, é um honra que cabe a Lulu Santos. O melhor de tudo é que Luís Maurício está em plena forma: nada como a felicidade sexo-conjugal para inspirar grandes canções. Ao mesmo tempo em que foram feitas para Clebson Teixeira, as faixas de "Pra Sempre" também servem para embalar qualquer outro relacionamento feliz, não importam gênero ou orientação. É pop brasileiro mainstream da mais alta qualidade, com melodias agradáveis e letras meladas porém não bobas. Felicidades aos pombinhos, e para quem souber apreciar este belo trabalho. Que também poderia se chamar "Pra Frente".

UMA DAMA DE QUINTA

Michelle Biroliro foi a estrela da posse de seu marido, e até eu acreditei que ela poderia se tornar uma espécie de estrela do novo governo. Mas, àquela altura, a reputação da primeira-dama já estava empanada pelo cheque de 24 mil reais que Fabrício Queiroz havia depositado na conta dela. Depois houve a revelação de que a avó de Micheque vivia esquecida pela neta em uma favela no Distrito Federal. Ontem foi preso um tio da esposa 03: nada menos que um miliciano, que fazia grilagem de terras em Brasília. Isso não prova nada contra ela, claro, mas não é impressionante como o nome da família Bozo aparece amiúde ao lado da palavra "miliciano"? São vizinhos, patrões, parentes e sabe-se lá mais o quê do pior tipo de bandido que existe.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

A FIOCRUZ E OS FIOSDAPUTA

Nesse estábulo que é o ministério Biroliro, até que Osmar Terra não era dos que zurram mais alto. Não era, até desacreditar uma pesquisa da Fiocruz que concluiu, depois de entrevistar milhares de pessoas, que não há epidemia de consumo de drogas no Brasil. O ministro da Cidadania deu uma volta por Copacabana à noite, achou que as ruas estavam vazias e concluiu que é por causa da falta de segurança, uma consequência da epidemia de consumo de drogas. Achismo em estado puro? Pior: ideologia nua e crua, à  prova de fatos. E assim funciona quase todo o governo Bozo. Quando a realidade não se adequa ao que eles pensam, dane-se a realidade. A Fiocruz é uma entidade séria, que sequer deveria estar em discussão. E se esses fiosdaputa querem achar droga, é só se olharem no espelho. 

terça-feira, 28 de maio de 2019

ALADDIN E A LÂMPADA MAIS OU MENOS


Esse novo Aladdin parece ter sido produzido pela Record, e eu digo isso sem querer ofender a emissora dos bispos. Quem merece o puxão de orelhas é a Disney. O desenho animado de 1992 é, talvez, o melhor que ela produziu nos últimos 30 anos, com visual psicodélico, ritmo alucinante e um gênio ainda mais alucinado, feito por Robin Williams. A versão em carne-e-osso-e-efeitos-digitais de Guy Richie, o ex da Madonna, não tem um quinto dessa magia. Os cenários parecem isso mesmo: cenários, que vão cair no chão se alguém encostar neles. A feia paleta de cores puxa para o bege, o rosa e o azul, sem o deslumbramento do original. E Will Smith se esforça, e muito, mas ele simplesmente não tem a metralhadora que Robin Williams tinha na boca. O pior de tudo é o ator que faz o malvado vizir Jafar, Marwan Kenzari: o cara pode até ter talento, mas é um miscast absoluto, com sua vozinha fina e seu jeito nada ameaçador. Sobram os números musicais influenciados por Bollywood, o que sempre soma pontos comigo. Mas o saldo final é negativo. Esses remakes todos são desnecessários, e segura porque esse ano ainda vai ter "O Rei Leão". Se a gente fizesse uma vaquinha, talvez a Disney desistisse?

ENCOMENDADO

Pelo terceiro ou quarto ano consecutivo - já perdi as contas - minha indicação como destaque em minha categoria profissional foi aceita, e eu posso receber uma homenagem e uma comenda em uma festa a se realizar em julho próximo, no elegantíssimo clube Sírio e Libanês. O que o e-mail não diz é quanto eu terei que desembolsar por tamanha honraria: em outros anos custava R$ 2.500, agora deve estar por volta de uns quatro. O valor "simbólico" é para custear os troféus e o jantar, para o qual eu teria direito a levar alguns convidados. O mais fascinante é que tem trouxa que cai nessa. O jornalista Paulo Sampaio esteve na festa do ano passado e entrevistou alguns agraciados: todos emocionadíssimos, sentindo que tinham ganho o Oscar. Poucas coisas soam mais antiquadas do que o título de "comendador", mas é óbvio que ainda tem quem esteja disposto a pagar por ele. A vaidade humana não tem limites, e esperto é quem sabe lucrar com ela.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

I NEVER ARGUE, I EXPLAIN

Pensei em escrever ainda hoje um post sobre as ambições de poder dos militares brasileiros. Mas aí teve a morte do Gabriel Diniz, e eu, que já estava de luto, falei como a Arya para o deus da morte: not today. Not today. A vida é um sopro e precisa ser celebrada o tempo todo. Por isto, quero terminar esse dia de aniversário do blog numa nota divertida: saiu o trailer de "Donwton Abbey", o filme! E dá para perceber que nossos heróis terão que lidar com o maior white people problem de todos os tempos: uma visita real. Também é impressionante ver que a condessa não só está viva, como continua soltando das suas. "Eu não discuto, eu explico" já é meu novo lema. Vou inscrever no brasão da família.

DOUZE POINTS!

Hoje meu blog completa 12 anos de existência. Quis o destino que a data caísse num período bem difícil para mim, por causa da morte súbita do meu cachorro, portanto não estou com muita vontade de comemorar. Mas a vontade de escrever não acaba nunca: foi graças ao blog que eu fui para a Folha, passei a assinar diversas colunas e estou em vias de conquistar o mundo. Para mim, escrever não é trabalho nem lazer. É o que eu faço, sejam posts, matérias de jornal, roteiros ou anúncios. Também é o que eu faço todos os dias da minha vida: não existe dia livre para quem escreve, nem a gente quer que tenha. Obrigado por me ler e me acompanhar esse tempo todo. Eu digo que escrevo só para mim, mas é claro que é mentira.

domingo, 26 de maio de 2019

A FOLIA DOS CUS PROLAPSADOS

Então vamos lá: as manifestações de hoje não foram avassaladoras, mas tampouco as ruas estiveram vazias. A minionzada (ou o que resta dela) está cantando vitória, enquanto a oposição diz que não foi lá essas coisas. Cada um faz a leitura que melhor lhe aprouver - faz parte. Na prática, não vai mudar nada: não foi um tsunami de gente suficiente para emparedar o Congresso, nem foi tão pouco para ser desconsiderado totalmente. A única coisa certa é que quem foi para a rua foi para defender miliciano, rachadinha, fuzil na mão de bandido,  apagão na educação, homofobia, orgulho da ignorância, desprezo pelo meio ambiente, Olavo de Carvalho, volta da ditadura, fechamento do STF e mais uma montanha de horrores. Não dá para separar essas pautas da aprovação da reforma da Previdência nem da moralização da política. São todos uns cuzões prolapsados mesmo, assim como todos que votaram no Mijari e ainda não se arrependeram.

BEBER PARA ESQUECER


Este é um fim-de-semana de luto para mim, por causa da morte súbita do Nacho. Estou sem ânimo para nada além de me aninhar no edredom e assistir coisas levinhas na TV. Como "Entre Vinho e Vinagre", o primeiro longa-metragem dirigido pela comediante Amy Poehler. Ela também está no elenco, ao lado de suas ex-colegas do "Satruday Night Live": Tina Fey, Rachel Dracht, Maya Rudolph, Ana Gasteyer e umas outras duas que eu não conheço direito. O mote é bem básico: um grupo de amigas viajar à região vinícola da Califórnia para comemorar os 50 anos de uma delas. Quando essa turminha da pesada se junta sai muita confusão e gargalhada, e o resultado não surpreende nem decepciona. É um típico filme da Netflix, daqueles que não empolgariam muito no cinema, mas que dão mais que pro gasto para se ver em casa.E ajudou a me distrair nesse período tão difícil.

sábado, 25 de maio de 2019

A NOITE É ESCURA E CHEIA DE TERRORES

Ontem eu viajei o dia inteiro, voltando do México via Panamá. Foram voos de três e seis horas respectivamente, com uma hora em terra no meio. Aterrissei em São Paulo por volta da meia e noite e meia, e cheguei em casa exausto uma hora depois. Ventava muito: portas batiam, um abajur caiu três vezes. Parecia um presságio do que estava por vir. Meu cachorro Nacho, que fica sempre esfuziante quando me vê - ainda mais depois de uma ausência de quatro dias - estava apático, apesar de me reconhecer e abanar o rabinho. Enquanto eu desfazia a mala, meu marido e eu percebemos que ele arfava e tentava lamber o ar. Ficamos assustados, e ele levou o cachorro para o veterinário, às duas da madrugada. Nacho não voltou mais. Morreu por volta das cinco e meia da manhã, por veneno de rato - infelizmente, uma causa de morte comum entre cães de cidade grande. E eu explodi em prantos. Gritei com um travesseiro na boca, aparvalhado com essa dor repentina. Coincidência cósmica: um dos filmes que eu vi no avião falava de uma mulher que fingia matar o ex-marido com veneno de rato. Ainda não entendi direito o que aconteceu, e continuo ouvindo e vendo o Nacho pela casa. Foram quase cinco anos de um amor absoluto. Ele chegou com apenas 40 dias de idade, deu um trabalho do cão, roeu óculos e carregadores, e queria estar comigo em todos os lugares. Como todo cachorro que amou e foi amado, José Ignacio Mantiqueira Barreto Goes foi o melhor cachorro do mundo.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

UM BEIJO AO SUPREMO

Volto hoje ao Brasil, e vou chegar em um país onde a homofobia é crime. Já temos maioria a nosso favor no STF; não duvido nada que, no final, a corte decida por unanimidade, como foi no caso do casamento igualitário. O Senado e a bancada evangélica resolveram se mexer, para não serem atropelados mais uma vez, e é bom mesmo - assim ninguém pode acusar os juízes de ativismo. Mas claro que só uma lei não muda a mentalidade das pessoas. O Brasil ainda tem um caminho longuíssimo pela frente, haja vista o casamento do Carlinhos Maia. O cara faz uma festa de casamento (não-gay, só entre dois homens) que é assistida por três milhões de pessoas no Instagram e... se recusa a beijar o noivo, "por respeito aos convidados". Alguém ali não sabia que estava num casamento gay, aham, entre dois homens? Essa atitude é um retrato do nosso país: damos sempre dois passos para a frente, um para trás. Mas pelo menos avançamos um pouquinho.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

QUEM QUER VIRAR ADUBO?

Eu sempre quis ser cremado. A ideia de apodrecer aos poucos em um caixão, em um lugar lúgubre feito um cemitério, jamais me apeteceu (não que apeteça a muita gente). A cremação parece, sei lá, mais higiênica. Claro que depois sobra o problema do que fazer com as cinzas, e já me ocorreu pedir para elas serem aspergidas no Salão dos Espelhos do Palácio de Versailles, só para encher o saco de quem ficou. Ainda tem um complicador a mais: hoje sabemos que a cremação é pouco ecológica, pois gasta muita energia. Mas hoje eu mudei de ideia, ao ler no jornal aqui no México uma notícia que também deve estar repercutindo no Brasil: Washington é o primeiro estado americano a permitir que seus mortos se transformem em compostagem. Isso mesmo. Já existe uma empresa chamada Recompose, especializada em transformar cadáveres humanos em adubo em um período de três a sete semanas. As famílias podem visitar (!!) o ente querido nessa fase, e depois recebem um saquinho com um pozinho, para usar como quiserem. Plantar tomates? Eu bem que gostaria de me transformar num tomateiro. Adoro tomate.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

CDMX

Oito anos depois da minha última visita, é claro que a Cidade do México está mudada. Há novos arranha-céus, alguns de arquitetura impressionante, erguidos graças à tecnologia que permite que eles suportem terremotos. E agora também há um logo, CDMX, visível por toda parte. O curioso é que os chilangos (os nativos daqui) sempre chamaram a cidade por outra sigla, DF (de Distrito Federal). Mas o CDMX faz parte de um esforço de rebranding, e já adorna ônibus, táxis (que não são mais verdes, e sim rosas) e até tuk-tuks de design arrojado, vulgo ciclotaxis. Também não faltam patinetes, mas este já é um fenômeno global.

terça-feira, 21 de maio de 2019

ESTÁS ESTÁS REPITIENDO TANTO TANTO

Hoje eu chego a um dos meus lugares favoritos do planeta: a Cidade do México. Fui 17 vezes para lá entre 2001 e 2011, quando eu ainda trabalhava full time com propaganda. Depois de oito longos anos, fui convidado por um canal pago para o lançamento de um documentário e da nova temporada de um reality. Vão ser três dias intensos, e eu não sei se vou ter tempo de rever todos os meus antros queridos. Mas já venho entrando no clima há alguns dias, assistindo à quarta e última temporada da série "Club de Cuervos" da Netflix. A trilha é padríssima, e foi nela que descobri a pérola acima, desde já o tema oficial dessa viagem. Repítolo.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

FAKE MESSIAS

Biroliro e sua gangue não querem seguir a cartilha que Hugo Chávez, Recip Erdogan e Viktor Orbán aplicaram em seus respectivos países. O presidente brasileiro não tem saco nem talento para ir minando aos poucos as instituições, até derrubar a democracia por dentro e se tornar um ditadora. Ele quer a ditadura agora, juntos e shallow now. Esta ambição está cada vez mais clara: não é por outra razão que o Bozo compartilhou aquele texto absurdo em seus grupos no WhatsApp. Agora ele está convocando manifestaçãoes em seu apoio no próximo domingo, mas até o MBL, o Vem pra Rua e a Janaína avisaram que vão ficar em casa. É uma aposta arriscadíssima: se for pouca gente, meio que acabou o governo, com menos de seis meses de vida. E se for muita, o que acontece? Duvido, mas, como eu errei todas as previsões políticas nos últimos anos, vamos considerar a hipótese. As Forças Armadas se sentirão constrangidas a dar o golpe de estado com que Mijair tanto sonha? Aham, senta lá, Carluxo. Mas será que esse provável fiasco vai impedir Boçalnaro de se proclamar o messias apontado por Deus? Quantos vexames ainda virão?

A DONINHA DA HISTÓRIA


É incrível, mas fazia quase 10 anos que Juan José Campanella não lançava um longa com atores. Depois que ganhou o Oscar de filme estrangeiro com "O Segredo dos Seus Olhos", o grande diretor argentino voltou às séries americanas de TV, envolveu-se com animação para crianças e fez de um tudo - inclusive dar uma entrevista para mim, que saiu na Folha em agosto de 2017. Lá ele me contou que pensava em refilmar uma comédia de humor negro dos anos 70, "Los Muchachos de Antes no Usaban Arsénico". O resultado é "A Garade Dama do Cinema", que estreou esta semana na Argentina e no Brasil, ao mesmo tempo. É bem diferente dos trabalhos anteriores de Campanella, mas também é muito bom. A trama mistura "Sunset Boulevard" com "Arsênico e Alfazema": uma diva aposentada vive em uma mansão nos arredores de Buenos Aires com o marido, um diretor e um roteirista, todos bem entrados em anos. Todos vivem às turras, até que a desarmonia doméstica é interrompida por um par de corretores de imóveis, interessados em vender a casa. Mais não posso dizer. Só que os atores estão todos fabulosos, puxados pela divina Graciela Borges. A lamentar, só as legendas brasileiras, que traduzem "comadreja" - o nosso popular gambá - como doninha, um bicho que não tem na Argentina. Dá para perceber que o tradutor se baseou na versão em inglês (nos EUA o filme se chama "The Tale of the Weasels"). Incrível que não tenhamos um profissional gabaritado ao português para verter um filme diretamente do espanhol, ¿verdad?

domingo, 19 de maio de 2019

VISÃO DA PARADIS


O século 18 é um período interessantíssimo. Foi quando o Ocidente disparou na dianteira, deixando a China muito para trás, graças a revoluções políticas - a Francesa, a Americana - e tecnológicas - a Industrial. A religião começou a recuar com o avanço do Iluminismo, e muita gente transferiu parte de sua fé para a ciência. O que proporcionou o surgimento de um novo tipo de charlatão, que não precisava apelar para o além para justificar seus supostos poderes. O mais famoso foi Franz Anton Mesmer, cujo maior legado é a expressão "mesmerizado" presente em várias línguas. Talvez não se possa classificá-lo como um vigarista: Mesmer acreditava mesmo no "magnetismo animal", cujos fluidos invisíveis permeavam toda a natureza. Suas teorias e terapias fizeram enorme sucesso nas cortes europeias. E sua mais célebre cliente foi a pianista austríaca Maria Theresia Paradis, que perdera a visão por causa de uma doença degenerativa. O filme de Barbara Albert trata da relação entre os dois, que durou pouco mais de um ano. Eu adoro um drama de época, ainda mais dessa época, mas não consegui me encantar. Mas cenários e figurinos são de encher os olhos - menos o da protagonista cega, hahahahahaha.

TEL AO VIVO

Vamos logo ao que interessa: Madonna. Madonna. Madonna. A rainha da porra toda estragou um pouco o suspense por sua apresentação no Eurovision ao surgir, já maquiada e de trancinhas, no lounge dos candidatos, para uma entrevista boba com um dos apresentadores. Mas a performance em si não decepcionou. Começou com "Like a Prayer", cujo álbum do mesmo nome comemora 30 anos, numa ambientação solene muito parecida com o que Madge fez no Met Gala de 2018. Ela desafinou? Cantou num tom diferente do que estamos habituados? De qualquer forma, foi interessante. Já a estreia de "Future", lançada apenas na sexta-feira, foi melhor. O reggae pode se tornar um hit, pois tem refrão pegajoso. E a rainha provou mais uma vez que ninguém manda nela. Criticada por se apresentar em Israel, Madonna recebeu protestos de ativistas e afins. Instada pela produção do Eurovision a não se manifestar politicamente, ela não quis nem saber: colocou dois bailarinos de mãos dadas no final do número, com as bandeiras de Israel e Palestina nas costas (está na altura do 8:30). O canal do festival no YouTube não liberou até agora o vídeo de Madonna, e talvez nem libere, por causa de direitos. A melhor versão que eu achei é esta gravada pela TV da Irlanda, com comentários do locutor local. Enjoy.

Outro ponto alto da noite de ontem foi o "Switch Song", que poderia se tornar uma tradição local. O troca-troca começou com Conchita Wurst, mas não-binária do que nunca, cantando "Heroes", do sueco Måns Zemerlöw, que venceu o festival de 2015. Em seguida, Måns cantou "Fire", de Eleni Foureita, que quase deu a vitória a Chipre no ano passado. Eleni foi com "Dancing Lasha Tumbai" da bizarra Verka Seduchka, vice-campeã de 2007 pela Ucrânia. Verka então cantou "Toy", a vencedora do ano passado, e no final todos se juntaram com Gali Atari em "Hallellujah", que deu a vitória a Isarel no Eurovision de 1979. Kitsch no úrtimo.
E os candidatos em si? Teve Bilal Hassani, a Pabllo Vittar da França, que cantou com competência e emoção mas não ficou nem entre os dez primeiros. Désolé.
A viadagem, sabemos todos, abunda no Eurovision. Mas geralmente é sabor baunilha, inofensiva. Portanto, aplausos para a banda Hatari da Islândia, que encenou seu heavy metal eletrônico com clima de BDSM. Também foram os únicos candidatos de ontem a levantar faixas e bandeiras em prol da Palestina.
A apuração foi de tirar o fôlego. Os júris profissionais de cada país deram uma vitória folgada a "Proud", uma balada pró-empoderamento feminista da Macedônia do Norte (o país estreou seu novo nome!). Ontem achei sem graça. Hoje ouvi de novo e gostei mais. Já estava me confirmando com o festival em Skopje no ano que vem, quando notei que ainda faltavam os votos do júri popular.
Aí, mudou tudo. Quem estava por cima caiu, quem estava lá embaixo subiu. Por fim deu aquele que as casas de apostas já apontavam como vencedor: o holandês Duncan Laurence e sua "Arcade", que não precisou de truques para triunfar. Gostei médio, mas o festival de 2019 deve ser em Amsterdam. Bora?

sábado, 18 de maio de 2019

O ZÊNITE DA DEUSA


Eu queria muito ter visto "Sunset Boulevard" com Glenn Close, minha atriz americana favorita. Tive a manha de estar em Los Angeles quando a peça estava em Nova York e em Nova York quando a peça estava em Los Angeles. Quis o destino que eu finalmente assistisse ao melhor musical de Andrew Lloyd Weber com minha atriz brasileira favorita, Marisa Orth. Mas fui para o teatro com palpitação: e se eu não gostar? E se eu achar que Marisa é jovem demais para o papel de Norma Desmond, ou que não alcança as notas necessárias, ou que a poltrona é desconfortável? Bobagem. Adorei milhões. Marisa está divina, totalmente diferente de Glenn ou Gloria Swanson. E também de si mesma: esta performance não tem nada a ver com Magda, Morticia e todas suas outras personagens. É outro andar de outro prédio em outro quarteirão. O resto do elenco não fica atrás, com Daniel Boaventura explorando as profundezas de seu vozeirão e Julio Assad fazendo o score dficílimo parecer fácil. O cenário, com palco giratório e tudo, funciona que é uma beleza, e os fugurinos de Fause Haten mereciam sua própria exposição. Essa versão brasileira do "Crepúsculo dos Deuses" é uma epifania. Ajoelhem-se.

PROBLEMAS DE RAPAZ BRANCO


Quando eu tinha 22 anos, passei dois meses e meio zanzando pela Europa, gastando meu Eurailpass e ficando em casas de amigos. Quando tinha 28, levei um pé na bunda de um namorado e fui chorar as pitangas em Nova York, na casa de um outro amigo. Por tudo isto, super me identifiquei com "45 Dias Sem Você". O longa de estreia de Rafael Gomes, que vem de uma ilustre carreira como diretor de teatro, parece ter sido inspirado pela minha vida fascinante. O protagonista Rafael (Rafael De Bona - há um padrão aí) tomou um fora do boy e, devastado por uma dor de cotovelo avassaladora, vai espairecer em Londres, Coimbra e Buenos Aires. Ele se hospeda nas casas reais de amigos reais do cineasta, todos usando seus próprios nomes. Não para de falar um segundo do ex, apesar de catar um bofe aqui e ali. Ponto. Só isto. Mais nada. "White boy problems", como se diz por aí - nem o dinheiro é uma questão, dada a facilidade com que Rafael cruza continentes e oceanos. O ator principal me pareceu um pouco cru, mas até aí zuzo bem - o personagem também é. Mas o filme em si é agradável com paisagens bonitas, situações críveis (eu vivi várias) e sequências inteiras gravadas com iPhone. Se fosse americano, todo mundo ia achar fofo. Como é brasileiro, sentimos falta de comentário social, críticas ao governo, #LulaLivre, essas coisas. Então vamos relaxar e despachar a bagagem. "45 Dias Sem Você" foi lançado em pouquíssimos cinemas e horários ingratos, mas pode ser alugado nas boas plataformas do ramo. Vale a pena embarcar.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

CRAZY GAY ASIANS

Viadagem é o que não falta no leste da Ásia. Tem os lady boys da Tailiandia, os mangás de BL (boy love) do Japão, os viadinhos de cabelo colorido do K-pop. Só que, em meio a arranha-céus futuristas e outras modernidades, falta uma coisinha básica: direitos para os LGBT. Hoje a região mais populosa do planeta deu um passo à frente, com a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo em Taiwan. E não foi por decisão do Supremo nem decreto presidencial: foi por votação no Parlamento, que é pra minion não ficar de mimimi. E assim aumenta a lista de países civilizados do mundo. Uma lista da qual o Brasil talvez nem mais faça parte...

BEND THE KNEE

Meu marido leu um spoiler do final de "Game of Thrones" no Twitter e está doidinho para me contar. Eu já avisei que isso dá justa causa, mas ele insiste que é um desfecho que faz sentido sem deixar de ser surpreendente e LALALALA EU NÃO ESTOU OUVINDO NADA. Antes que ele consiga estragar tudo e provocar nosso inevitável divórcio, vou compartilhar com vocês a minha teoria. Bran Stark vai usar seus poderes de "warg" para penetrar na mente do dragão que sobrou. O bicho então torrará Daenerys, ou então se jogará de um penhasco e desaparecerá no mar. Sem nenhum filho para chamar de seu, Dany levará uns tabefes e será posta de castigo. E aí, quem vai para o Trono de Ferro? Se o Trono tiver sobrevivido à destruição da Fortaleza Vermelha, claro. Os personagens sobreviventes se reunem e oferecem para Jon Snow. Que recusa: ele prefere viver no Norte, talvez atrás da Muralha, sem maiores preocupações do que caçar um coelho para o almoço. Oferecem para Tyrion, que também não quer. Chega de intrigas, o anão agora só quer se esparramar num puteiro. Sansa, que daria uma boa rainha, não arreda pé de Winterfell. Arya só pensa em dar uns rolés por todo Westeros. Grey Worm não pode ter filhos... Sobrou quem? Uma personagem que pouco tem aparecido, o que só aumenta a surpresa quando ela aparece para ser coroada. Sim, ela mesma: Yara Greyjoy, senhora das Ilhas de Ferro, guerreira, ambiciosa, leal, sapatona, sem papas na língua nem paciência com quem está começando. Todo mundo contente, inclusive os 500 mil que assinaram um petição para a HBO refazer essa temporada? Então anote aí: Yara Greyjoy. Você leu aqui primeiro.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

É PRA ISTO QUE EU PAGO O EUROVISION

O Eurovision deste ano não produziu nenhuma música para entrar para os anais (ui). Mas quem é que vê Eurovision por causa da música, não é mesmo? A grande final, como sempre, será transmitida para o Brasil no sábado à tarde pela Televisión Española, mas dá para ver as semifinais e tudo mais no YouTube. Foi de lá que eu tirei esta fabulosa montagem dos mais de 60 anos de concurso.

Todo ano, mas todo ano MESMO tem pelo menos uma canção concorrente que mistura pop com canto lírico. A de 2019 veio, of all places, da Austrália, aquele pequeno principado encravado no coração da Europa. Mas o melhor mesmo é a performance com essas varas flexíveis que eu não sei como se chamam.
Outra coisa que tem todo ano é algum país da Europa do Leste se apresentando em trajes típicos. Dessa vez foi a Polônia, e até que a música não é das piores.

O português Conan Osíris trouxe a música mais esquisita do festival, e também a minha favorita. Mas seu desempenho em Tel Aviv não agradou à audiência: "Telemóveis" foi desclassificada. Ninguém entende nada de porra nenhuma.
Só para eu provar o que acabei de dizer: a candidata de San Marino passou para a grande final, mesmo com esse velho sem fôlego parecendo que ia morrer em cena. Só tem uma epxlicação. San Marino deve ter colocado toda sua gigantesca população de treze bilhões de pessoas para congestionar as linhas do Eurovision.
Mais ou menos uns 120% da plateia do Eurovision é composta por homossexuais. Para agradar a esta parcela do público, o festival sempre arranja uns moços bonitos para fingir que sabem cantar. Na semifinal desta quinta teve vários, e o meu destaque vai para Luca Hänni, da Suíça, e Chingiz, do Azerbaijão. A música do primeiro é atroz, a do segundo é melhorzinha. Ambos se classificaram. Ah, e atenção: bicha que não assistir à final vai ter a carteirinha revogada, porque Madonna vai se apresentar durante a contagem de votos. Vocês foram avisados.

BOZO DOES DALLAS

Que vergonha essa viagem do Biroliro ao Texas. Que desperdício de dinheiro público. Sem culhão para encarar uns protestos em Nova York, o chefão da familícia achou que seria recebido com loas em um estado famoso pelo conservadorismo. Só que o Texas não é homogêneo: as grandes cidades, como Houston e Dallas, são governadas pelos democratas - tanto que o prefeito desta última seguiu Bill De Blasio e se recusou a receber o não-convidado. Quem também não convidou Mijair foi George W. Bush, destronado há pouco tempo do título de pior presidente americano de todos os tempos. As bestas do Itamaraty esqueceram, ou nunca souberam, que Bush Filho é crítico contumaz de Trump, que não vai achar muita graça nessa foto aí em cima. Enfim, diplomacia não é mesmo o forte desse Itamaraty que está aí. Esperemos que por não muito tempo mais.

(O título desse post se refere a "Debbie Does Dallas". Entendedores entenderão.)

quarta-feira, 15 de maio de 2019

BALBÚRDIA

Com menos de cinco meses de existência, o governo Mijair conseguiu sua primeira grande manifestação contrária, e a nível nacional. Universidades e escolas pararam em todo o Brasil, manifestantes foram às ruas e até um boneco inflável do Bozo deu as caras na Avenida Paulista (Jairzeco?). Lá em Dallas, onde achou que seria recebido com loas mas não foi, Biroliro disse que os estudantes são todos uns idiotas úteis, em contraste com o idiota inútil que ele é. Mas a tática de confronto absoluto do governo vai se esgarçando: Boçalnaro parece fazer questão de conquistar novos inimigos, e não de manter os fãs que ganhou há pouco tempo. O plano nada secreto de instalar um regime autoritário com amplo apoio popular está desmoronando feito a Fortaleza Vermelha. Dracarys neles!

MIMIMINIONS

A minionzada adora chamar de mimimi todas as reclamações contra o racismo, a homofobia e as barbaridades em geral. Chamam tanto que acabaram mostrando que são eles os verdadeiros mimizentos. Uma reles piadinha contra o Biroliro já os deixa em pé de guerra. O mínimo desvio da norma branca, heterossexual e cisgênero provoca choro descontrolado, gritos de "quem lacra, não lucra" e ameaças de processo. Uma campanha como essa da Natura, então, faz com que eles precisem respirar dentro de um saco de papel. Esses burraldos também não aprenderam ainda que os boicotes convocados contra empresas pró-diversidade SEMPRE dão errado. O hashtag #BoicotaNatura já deu: foi encampado pelos defensores da marca de cosmésticos, em mais uma demonstração que minion não grita mais nem na internet. Mais um motivo para esses bocós espernearem.

terça-feira, 14 de maio de 2019

VIVA MARIA, VIVA VICTORIA, AFRODITA

Está ficando impossível acompanhar o Eurovision. Agora tem tanto ensaio, entrevista, bastidores e o escambau, que só mesmo fazendo como aqueles fanáticos que tiram férias para ver tudo na Mostra de SP. Agora há pouco terminou a primeira semi-final (Portugal ficou de fora...), lá em Tel Aviv, e eu me esqueci de que já estava rolando. Anteontem rolou uma novidade: uma cerimônia de abertura com QUATRO HORAS de duração. O ponto alto foi a performance de Dana International, a penúltima vencedora israelense, que faturou o festival de 1998 com "Diva" - a primeira produção de um tal de Offer Nissim, sabia? Vinte anos atrás, Dana abriu caminho para outras divas não-binárias, como Conchita Wurst e Pabllo Vittar. Agora é homenageada quando o Eurovision volta a Israel - que, ao contrário do que imaginam os burrominions, é um país pra lá de gayzista.

O TSUNAMI LARANJA

Será que o tsunami a que o Bozo se referiu na semana passada era a quebra de sigilo bancário do 01 e seu entorno? Duvido, mas é certo que a investigação sobre as travessuras do filho mais velho pode causar um estrago e tanto nos planos autoritários do clã. Não é por outra razão que o Queiroz está em "local incerto" - um eufemismo para não dizer que o faz-tudo FUGIU. A essa hora, o laranja-mor deve estar se alaranjando ainda mais sob o sol do Caribe. E assim os milhões de brasileiros que votaram no Mijair para tirar o PT começam a perceber que não só colocaram um incompetente no poder, não só o testa-de-ferro de um projeto de ditadura, como o líder de uma... familía, vá lá.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

GONGA LA CONGA

O comunismo das antigas era homofóbico. Os gays eram considerados um sintoma da decadência capitalista, e muitos foram mandados para o paredão nos primeiros anos da Revolução Cubana. Mais tarde, uma filha de Fidel,  Mariela, se tornou - por assim dizer - a maior ativista dos direitos LGBT da ilha. Ela dirige o Centro Nacional de Educação Sexual, que promove todos os anos uma Jornada Contra a Homofobia e a Transfobia. Um dos pontos altos era a "conga gay", a equivalente cubana das nossas Paradas do Orgulho. Mas este ano, o govrno está ainda mais pobre. A Venezuela, que patrocinava Cuba com gasolina e outros mimos, está indo à matroca, e a torneira já fechou. Mas não dá para dar uma festa pras guei e depois tirar. Ontem cerca de 100 manifestantes promoveram uma conga espontânea, que logo foi desbaratada pela polícia. Há algumas camadas nessa repressão: tem homofobia pura e simples, claro, mas também tem o pânico do Partido Comunista das passeatas organizadas pela soicedade. Pois é: no fundo, as ditaduras são todas parecidas.

R.I.P. VEEP


O final de "Game of Thrones", a melhor série dramática da atualidade, ofuscou o final da melhor série cômica da atualidade, também da HBO. O último episódio de "Veep" foi ao ar ontem, e já entrou para a história. Em sua sede irracional pelo poder, a candidata Selina Meyer deu uma de Daenerys Targaryen: destruiu tudo o que estava em seu caminho para o Trono de Ferro, quer dizer, a Casa Branca. Não com fogo, é claro, mas com traições a torto e a direito. Ideais, ela nunca teve - Selina se notabilizou por dizer sempre o que ela acha que seu interlocutor quer ouvir. Portanto, suas vítimas foram mais concretas: a filha lésbica, o povo do Tibete, o povo americano e, na punhalada mais dolorida, Gary, seu submisso puxa-saco. A punição veio em duas doses. Primeiro, Selina se viu só no Salão Oval, sem sua equipe habitual nem sua família, mas esse desconforto passou logo. Corta para 25 anos depois: numa escolha ousada dos roteiristas, vemos o funeral da personagem. A filha Catherine assiste pela TV e comemora com margaritas. Gary, saído da cadeia, vai homenageá-la em pessoa, mas não esconde o ressentimento. E a cobertura jornalística é interrompida por uma notícia mais importante: a morte de Tom Hanks, aos 88 anos. Uma citação ao primeiríssimo episódio da série. E assim, "Veep" fecha seu ciclo sem ter derrapado uma única vez. Não há episódio ruim nas sete temporadas. E olha que as três últimas tiveram um novo showrunner, David Mandel, que soube manter o altíssimo nível estabelecido pelo criador Armando Ianucci. O sétimo Emmy consecutivo de  atriz de comédia para Julia Louis-Dreyfus já está no papo.

domingo, 12 de maio de 2019

DAMARES TARGARYEN

Volta e meia desencavam um vídeo antigo da Damares Alves falando merda. No desta semana, a ministra investe contra uma perigosíssima inimiga da sociedade, a princesa do "Frôze" (sic). Damares não sabe que ela se chama Elsa e sequer deve ter visto o filme, pois lá não há nenhuma menção à homossexualidade da personagem. Este é um papo que surgiu mais tarde, na internet: uma campanha para que, num eventual "Frozen 2", Elsa se assumisse como a primeira princesa lésbica da Disney. Mas faz parte da estratégia dos teocráticos inventar perigos e mentir na cara dura. Damares lembra mesmo sua quase xará de "Game of Thrones". Até porque cavalga três dragões: a Ignorância, o Mau-Caratismo e a Loucura. Sim, porque tal como a pretendente ao Trono de Ferro, Damy parece que já perdeu a razão. Tem que ser muito doida para ser abusada por um pastor quando criança e depois, quando adulta, ingressar nas hostes do inimigo.

sábado, 11 de maio de 2019

SANS TEMPS, FRÈRE


Todo mundo fala muito em "Vidas Duplas", e muito depressa. Essa é uma característica tipicamente francesa: eles adoram o som do próprio idioma, e se esmeram em proferir frases mirabolantes. Mas, no novo filme de Olivier Assayas, os personagens são todos da elite intelectual - um editor, um escritor, uma atriz, uma ativista política - então a loquacidade chega às raias do esnobismo. As coisas se complicam porque um está comendo o conje do outro, e todos lutam para manter a relevância num mundo onde ninguém mais lê e só se veem séries bobas de TV. Não é um trabalho dos mais profundos, nem desperta maiores emoções. Mas funciona como reflexão sobre o passar do tempo.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

ÀS VEZES EU SOU BIPOLAR, ÀS VEZES NÃO

Esse papo do Carluxo ter sido diagnosticado com uma doença psiquiátrica lembra a saída do armário do Diego Hyppolito: todo mundo meio que já sabia. Alguns militares andam espalhando que se trataria de bipolaridade. Eu não entendo picas desse distúrbio, mas tenho a impressão de que o 02 tem um único estado de espírito. Está sempre furioso, indignado, tuitando longas frases com a pontuação, no lugar errado e sem fazer muito nexo porque as verbas são felpudas e ele está literalmente se matando. Meu fã!

ERAM OS DEUSES SUPER-HERÓIS?


Mais uma vez, fui dobrado pelo hype. Não estava no meu radar assistir a "Vingadores: Ultimato", porque eu não suporto filme de super-herói etc. etc. Mas aí o troço se tornou um fenômeno ainda maior do que o esperado, com uma bilheteria global que já superou a de "Titanic". Percebi que, se eu quero continuar sendo o árbitro definitivo da cultura pop, precisava encarar o filme. Para tanto, fiz a lição de casa: vi "Guerra Infinita" no streaming, já sabendo que metade dos personagens morre no final. Também fui para o cinema ciente de todos os spoilers, porque, né? Foda-se. E acabei tendo uma experiência menos desagradável do que imaginava. Agora que um ou outro Vingador pode mesmo bater as botas, os finais ficaram menos previsíveis. Fingi que eu estava vendo um filme sobre deuses contemporâneos, o que os heróis da Marvel de fato são. E cochilei gostosamente na sequência da batalha final. Prefiro as piadas e os diálogos - que, infelizmente, não são dos melhores da categoria. Agora sinto que a missão foi cumprida, e vou pular "Homem-Aranha: Longe de Casa", sem culpa.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

A MADONA GAY

Não, não aquela. Essa outra: a Madona Negra, ou Nossa Senhora de Częstochowa, padroeira da Polônia. A ativista LGBT Elżbieta Podleśna passou duas semanas presa por causa desse poster aí ao lado, que enfeita os halos da Virgem e seu filho com as cores do arco-íris. Segundo as autoridades, ela profanou uma imagem religiosa; para mim, ela a embelezou e a ressignigficou. A Polônia, assim como a vizinha Hungria, vive um acelerado processo de desdemocratização, depois que um partido de extrema-direita chegou ao poder. Tanto lá como aqui, esses neofascistas não são unanimidade. Os setores mais modernos da sociedade vêm entrando em atrito constante com os hômi, sem falar na União Europeia. Nos próximos dias, o chanceler-que-zurra Ernesto Araújo visitará esses dois países, com quem o Brasil tem poucas afinidades culturais ou econômicas. O que será que ele vai fazer por lá, hein?

O MECANISMO REAGE

Amanhã estreia a segunda temporada de "O Mecanismo" na Netflix. A trama agora vai até o impeachment, e a última cena tem cara de final de série. Ninguém confirma se ela volta no ano que vem, mas pelo jeito não vai faltar assunto. Não só porque a Lava-Jato não terminou, como vem sendo bombardeada por todos os lados. Botar o Coaf no Ministério da Economia, por exemplo, é abrir as pernas para o Centrão, sem a menor garantia de que essa turma irá ajudar na reforma da Previdência. O STF também faz sua parte para atrapalhar a luta contra a corrupção. A decisão de ontem, que permite às Assembleias estaduais suspender os processos contra seus membros, é um sinal claro de que o mecanismo da vida real está reagindo. Culpa do Toffoli, que mudou de ideia e votou com a turma dos abre-celas. E culpa de Covárden Lúcia: foi ela quem livrou a cara do Aécio no final de 2017, pavimentando o caminho para que nenhum parlamentar mais vá em cana nesse paiseco de merda.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

SALTO SEM REDE

Quem frequentou a noite gay carioca no final da década passada ou no começo desta certamente cruzou com o Diego Hypolito. Ele às vezes se disfarçava com um boné, mas todo mundo sabia quem era. Hoje, finalmente, o maior nome masculino da nossa ginástica olímpica se assumiu gay. Em um longo depoimento ao UOL, Diego conta como foi a descoberta da própria sexualidade e porque ficou no armário tanto tempo. Acho totalmente justificável: o Brasil trata mal seus homssexuais, mesmo que eles sejam campeões. Diego poderia perder patrocínios e atrair a ira das torcidas, ainda mais nesses tempos de selvageria na internet. Mas que bom que ele mudou de ideia, e que sirva de exemplo para as bichinhas assustadas de todo o país. Elas estão crescendo num ambiente mais repressivo do que a maioria de nós, e precisam de muito apoio para enfrentar esse salto carpado que é a vida.

terça-feira, 7 de maio de 2019

MET PROFUNDO

As definições de tapete vermelho foram atualizadas com sucesso. Lady Gaga levou DEZESSEIS minutos para subir a escadaria do Metropolitan Museum. Foi um #tbt da época em que ela não cantava country rock vestida de jeans e camiseta, ai que saudade. Mais divertido ainda foi ver gente who should know better confundindo camp com camping. É para isto que serve o Met Gala: além de ser a maior ação de marketing da indústria da moda, também é cultura.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

PANELAÇO TURCO

Convém prestar atenção ao que se passa neste momento na Turquia. No mês passado, o partido do proto-ditador Recep Erdogan perdeu as eleições para prefeito nas três maiores cidades do país: Istambul, Ancara e Izmir. Houve recontagem dos votos, e o resultado permaneceu o mesmo. Agora Erdogan chutou o proto para longe e se tornou 100% ditador, ao cancelar a eleição de Istambul por miudezas técnicas. Foi convocado um novo pleito para o dia 23 de junho, mas os protestos já começaram. E agora, fazer o quê? Boicotar, como a oposiçnao fazia na Venezuela, entregando tudo de mão beijada aos facínoras? Ou partir pro mano a mano? Erdogan está seguindo direitinho a cartilha inaugurada por Hugo Chávez e aperfeiçoada por Viktor Orbán na Hungria. Esses caras tentam manter o maior tempo possível a ficção de que são sempre democraticamente reeleitos, mesmo com a economia indo à matroca. Ainda estamos longe de uma situação parecida, mas é bom ficar esperto. Olavo e seus discípulos estão doidinhos para fazer algo parecido aqui no Brasil.

O STALKER DE BUDAPESTE


Talvez devamos reconsiderar László Nemes. O diretor húngaro causou um estrondo com seu primeiro filme, "Filho de Saul", que venceu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes de 2015 e o Oscar de filme em língua estrangeira no ano seguinte. Parecia que estávamos testemunhando o nascimento de um grande cineasta, tão pronto quanto Vênus saindo do mar. Só que não. Em seu segundo longa, Nemes joga fora uma história interessante em prol de seus maneirismos de câmera. O "Entardecer" do título se refere ao declínio do Império Austro-Húngaro: quase toda a ação se passa em 1913, um ano antes da eclosão da Primeira Guerra Mundial. A trama deslancha como um folhetim. Uma linda moça vai procurar emprego na mais chique chapelaria de Budapeste; logo ficamos sabendo que a loja pertencia a seus pais, que morreram em um incêndio criminoso quando ela era bebê. O novo dono concorda em contratar a órfã, que também busca por seu desaparecido irmão. Mas tudo isso é contado de maneira confusa. Nemes, na verdade, repete o estilo que fez de "Saul" um filme definitivo sobre o Holocausto: ele cola a câmera em sua atriz, para que o espectador sinta e veja o mesmo que ela. O resultado é que, na maior parte do tempo, a tela é ocupada pela nuca de Juli Jakab, sem que se saiba o que ela está fazendo ou onde está indo. Feito um stalker, o diretor segue sua personagem de muito perto, e dane-se a bela direção de arte, os figurinos elaborados, a compreensão do roteiro. Durante quase duas horas e meia... Por tudo isso, "Entardecer" só é recomendado para malucos feito eu, que querem ver o maior número possível de inscritos ao Oscar de filme estrangeiro. Os sãos podem assistir "Vingadores".

domingo, 5 de maio de 2019

DANCIN' DAYS ARE HERE AGAIN


"Dancin' Days" nasceu como a faixa de abertura do disco "Houses do the Holy" do Led Zeppelin, você sabia? Essa música de 1973 não tem nada a ver com sua homônima brasileira, lançada cinco anos mais tarde como tema de abertura de novela. No meio do caminho houve uma boate carioca, a primeira discoteca pra valer do Brasil. Durou apenas quatro meses, no segundo semestre de 1976, mas seu impacto foi tão grande que é sentido até hoje. Depois de render as Frenéticas e uma trama de Gilberto Braga, o empreendimento que marcou a vida de Nelson Motta é adaptado por ele mesmo no musical "O Frenético Dancin' Days", que voltou ao cartaz em São Paulo. A história é um fiapo - cobre apenas a curta vida da boate, e deixa de fora muitos causos cabeludos que aconteceram lá dentro. O resultado é uma dramaturgia tão tênue que o assunto meio que acaba no começo do segundo ato, quando rola um tributo a musicais da Broadway. Os hits também não têm precisão histórica: muito do que se canta e dança no palco só saiu DEPOIS do fim do Dancin' Days, como "You Make Me Feel", "Le Freak" e a própria canção-título, que encerra o espetáculo de maneira apoteótica. Claro que ninguém está ligando: musical em formato "jukebox" (que junta músicas diversas, que não foram compostas para a peça) é para isto mesmo. Para o público lembrar de quando era jovem e bater palma junto. Eu lembrei: tive a sorte de começar minhas incursões pela vida noturna justo em 1976, e vivi intensamente os anos da disco music. Meu marido teve mais sorte ainda: foi várias vezes ao Dancin' Days no Shopping da Gávea, e confirma que foi mesmo o lugar mais legal de todos os tempos. O musical também é bacanérrimo, com um elenco sensacional, coreografia e direção de Deborah Colker e muita meia de lurex. Abra suas asas.

sábado, 4 de maio de 2019

CHEIO DE MAHA

Quem vai à Tailiandia não tem como escapar. Mais onipresente do que Ataturk na Turquia, a imagem do rei está em posters imensos nos parques, adornando uma espécie de altar, e até na fachada dos shoppings. Quando estive lá no ano passado, o rei Bhumipol, morto em 2016, ainda aparecia bastante. Mas agora ele vai sumir, porque finalmente foi coroado seu filho e herdeiro Maha Vajiralongkorn Bodindradebayavarangkun (Maha IV para os íntimos). O novo monarca aproveitou a efeméride para se casar pela quarta vez, com a chefe de sua segurança. Agora a Tailândia tem uma rainha que foi aeromoça, e ai de quem se atrever a falar mal dela. O país tem leis duríssimas, e qualquer crítica à família real pode dar anos de cadeia. Mas melhorou um pouco: no século 18, uma princesa que participava de um cortejo de barcos caiu no rio Chao Praya e não pôde ser resgatada. Ninguém estava autorizado a tocar na pele de um membro da realeza. A pobre morreu afogada.

QUEM LACRA, LUCRA

Passei da idade de gostar de hamburger de rede de fast-food, mas vou dar um pulo num Burger King para dar uma força. A empresa está de parabéns: chuchou o Mijair com vara curta, mesmo correndo o risco de atrair a ira do governo contra si. Também entrou para a lista de comunistas, que cresce mais do que um tumor agressivo. Os minions já estão clamando por um boicote, assim como também querem boicotar a cidade inteira de Nova York. Pois eu já prefiro pedir refill.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

O PÁRIA

Em mais uma demonstração de bravura, o capitão reformado que gosta de fazer arminha com as mãos cancelou a viagem que faria a Nova York no dia 14. Lá ele receberia homenagens, mas também uma avalanche de protestos. Como Mijair não lida bem com o contraditório, achou por bem ficar em casa, como eu genialmente previ no post de ontem. E agora, o Banco do Brasil e o Consulado do Brasil vão receber de volta o dinheiro que gastaram pelas mesas, para cobrir o rombo deixado pelos patrocinadores que desistiram? É dinheiro público, minionzada. Tudo bem desperdiçar? Aliás, é mister já ir se acostumando: o mito de você é um pária internacional, que será mal recebido em todo o circuito Elizabeth Arden. Um pária cheio de paúra.

PETE É O MAYOR

Uma das coisas que me ajudam a suportar esses tempos de boçalidade é a emergência de jovens líderes progressistas, no Brasil e no exterior. Um dos mais interessantes é Pete Buttigieg, o primeiro pré-candidato à presidência dos EUA abertamente gay. O cara tem 37 anos e um currículo de arregalar os olhos: formou-se em Harvard, lutou no Afeganistão, fala sete línguas (inclusive árabe, dari e maltês). Está apenas no segundo mandato de prefeito de uma cidade do interior do estado de Indiana, mas vem atraindo a atenção da mídia e dinheiro de doadores. Esta semana, ele e seu marido Chasten adornam a capa da revista Time (ou Times, como dizem os minions). Tanto sucesso já começa a produzir uma contrarreação. Um ativista de extrema -direita contratou um sujeito para denunciar Buttigieg por abuso sexual; a farsa já foi desmontada, mas pode vir mais por aí. Mais graves são as fissuras dentro do movimento LGBT. Há quem diga que Buttigieg (ou Mayor Pete, já que seu sobrenome é impronunciável) não é gay o suficiente. Ou que suas ideias até que são OK, mas o que estraga é ele não ser uma lésbica negra obesa. É curioso como tem gente que parte para o tudo ou nada, e se recusa a pensar em termos estratégicos. Mayor Pete é um cavalo de Troia, que tem todas as qualidades prezadas pelos conservadores - bom aluno, patriota, homem de família, responsável - mas também um marido, que ele faz questão de beijar em público. Sei que ainda falta muito tempo para a indicação do partido Democrata e que o ex-vice-presidente Joe Biden é o favorito para consegui-la (também será o candidato mais facilmente mastigado por Trump). Mas, de repente, Buttigieg consegue um lugar de vice na chapa - como, aliás, era o plano do Obama antes de sua popularidade crescer e atropelar Hillary, em 2008. Agora, imagina a cara do Mijair se ele for eleito. O imbecil do nosso presidente ontem exortou os argentinos a não votarem em Cristina Kirchner. Deveria ser óbvio que o mandatário de uma nação não pode torcer abertamente nas eleições de outra nação. Como ficam nossas relações com a Argentina se Cristina for reeleita? E como ficam com os EUA, se tiver uma bicha na Casa Branca?

quinta-feira, 2 de maio de 2019

BOZO CANCELADO

O Financial Times cancelou seu patrocínio ao jantar da Câmara de Comércio Brasil-EUA em homenagem ao Biroliro. Vamos repetir devagar, saboreando bem as palavras: O. Financial. Times. Antes desse pasquim de quinta categoria, conhecido pela defesa intransigente do Livro Vermelho de Mao Tsé-Tung, já haviam pulado fora a Delta Airlines e a consultoria Bain. Porque, nos países civilizados, a defesa do meio ambiente e da diversidade não são mimimi de esquerdopata: são senso comum, são bons para os negócios. Mas a gente sabe que o negócio do Mijair é bem outro. Temos um presidente obcecado pelas partes pudendas, que proíbe propaganda moderninha quando deveria estar gerando emprego. Não duvido que esse banquete em Nova York acabe sendo adiado para sempre. Se rolar, vai ter protesto na porta, e se tem uma coisa que faz Mr. Arminha se borrar de medo é gente que não tem medo de berrar que não concorda com ele. Vai ficar em casa chorando, pedindo para alguém dar uma bitoca no seu nariz.

GAYSPER

É inacreditável a desfaçatez da extrema-direita. Os bostas nem se dão ao trabalho de fingir que não são machistas, racistas, homofóbicos, machistas e autoritários. O partido Vox da Espanha chegou a tuitar uma imagem em que um cavaleiro medieval investe contra inimigos como a foice e o martelo, os símbolos feminista e anarquista, a bandeira da Catalunha, o logo do jornal El País e até um fantasminha com as cores do arco-íris que jamais tinha sido usado por nenhuma entidade LGBT. Tarde demais: o espectro caiu no gosto das bibas espanholas e foi imediatamente batizado de Gaysper (citando Casper, o nome original do Gasparzinho). Gaysper já virou ícone e tem até conta no Twitter.

Esse meme do Vox é muito revelador. Mostra o medo que os neofascistas sentem da diversidade, da livre informação e até de inimigos imaginários (no que são iguaizinhos aos que temos por aqui). Agora eles se ferraram: Gaysper não só irá assombrá-los, como derrotá-los facilmente. Afinal, quem está segurando a lança no meme não é nenhuma garota fodona tipo a Arya Stark. Buuuuuuuu.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

REIWA

Feliz era nova. Para mim já é a terceira: nasci na era Showa. O significado do nome, "harmonia brilhante", é irônico. O longo reinado do imperador Hirohito, que começou em 1926, foi marcado pelas agressões japonesas a todas as nações do Extremo Oriente e pela derrota do país na 2a. Guerra. A era Heisei ("conquistando a paz") deslanchou em 1989, com a coroação de Akihito. Quando ainda era príncipe, ele visitou o Brasil junto com a sua mulher, a princesa Michiko, cujo nome me fazia rir muito. Akihito deu uma de Bento 16 e renunciou em prol de seu filho Naruhito. Hoje se inicia a era Reiwa, cuja tradução é algo como "a cultura nasce e cresce à medida em que as pessoas lindamente conhecem umas as outras". Contem comigo.