quinta-feira, 18 de abril de 2019

PODE SER A GOTA D'ÁGUA


Eu não tinha idade para ver a primeira montagem de “Gota d’Água”, um monumento da cultura brasileira na década de 70. Mas lembro de ler muito a respeito e ficar curioso: a peça de Paulo Pontes e Chico Buarque traz para a favela carioca o mito grego de Medeia, a mulher que trama contra o ex-marido a vingança mais terrível de todos os tempos. Bibi Ferreira, que já era uma atriz consagrada, galgou mais alguns degraus rumo à glória como Joana, a versão carioca da maior bitch da Antiguidade clássica. O impacto foi tão grande que, talvez por isto,  “Gota d’Água” tenha demorado tanto tempo para ser remontada. Mas finalmente foi, e de uma maneira que não compete com a memória do original. “Gota d’Água (a Seco)” é uma versão de câmara do primeiro espetáculo. Sumiram todos os coadjuvantes, restando só os dois protagonistas em cena: Joana (Laila Garin) e seu amado Jasão (Alejandro Claveaux), muitos anos mais novo do que ela e que acaba de trocá-la pela filha de um homem poderoso. O contraste entre eles seria mais nítido se a diferença de idade entre os atores fosse gritante, mas ambos dão mais do que conta do recado. Alejandro é lindo e canta direitinho, mas Laila é dona de uma das vozes mais potentes surgidas no Brasil recentemente. O diretor Rafael Gomes transformou a peça, que já tinha algumas músicas, em um musical para valer, enxertando canções que Chico Buarque compôs em outros contextos, mas que se encaixam na trama com perfeição. Há três anos em cartaz pelo país, “Gota d’Água (a Seco) acaba de reestrear em São Paulo para uma temporada de pouco mais de um mês no Teatro Porto Seguro. Quem nunca tinha visto esse marco – tipo eu – tem agora mais uma chance.

3 comentários:

  1. Ele é muito gato e da irmandade

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  2. O Mio Babbino Caro
    Teve recentemente uma montagem com Direcão de Jé Oliveira no Itaú Cultural, GOTA D'AGUA(PRETA) que além dos temas gênero e classe trouxe a questão racial.
    Montagem fantástica com Juçara Marçal fazendo uma Joana (Medeia) visceral.

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  3. Gosto da Garin mas achei ele limitado em tudo. Tb ñ gostei da cenografia , com eles subindo descendo saltando e saltando subindo descendo quase o tempo todo. Enfim nota 6.

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