terça-feira, 4 de dezembro de 2018

TERROR INCONSÚTIL

Para entender o que aconteceu na Noruega no verão de 2011, é melhor ver primeiro "22 de Julho". O filme do americano Paul Greengrass está disponível na Netflix há alguns meses, e narra em detalhes os dois atentados que sacudiram o país, assim como o julgamento do alucinado de extrema-direita responsável pela morte de quase uma centena de pessoas. É um thriller político bem ao estilo do diretor, tenso e consequente. Agora, quem quiser dar um passo adiante também pode ver "Utøya 22 de Julho", m cartaz em SP. Trata-se de uma produção 100% norueguesa que reconstrói em tempo real os 77 minutos do ataque do terrorista na ilha de Utøya, onde acontecia um acamapmento de jovens ligados a um partido político. A câmera acompanha uma única menina, em sua fuga desesperada enquanto o atirador vai ceifando seus colegas. O filme todo passa a sensação de ter sido feito em um único take (não é, graças às maravilhas da tecnologia) e escapa de todos os clichês dos filmes de horror. Não há sustos pontuais nem pegadinhas, muito menos um arco dramático tradicional. Sem falar nos tempos mortos, em que não acontece nada: a moça apenas se esconde, chora ou tenta consolar um amigo. O resultado é pra lá de incômodo, e passa ao largo do entretenimento. Mas "Utøya 22 de Julho" é quase uma instalação em realidade virtual, e avança o cinema em alguns centímetros. Também é o mais próximo que a maioria de nós vai chegar de uma experiência de terror absoluto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário