Há mais de uma década que São Paulo não recebia uma Bienal tão boa quanto esta, que sai de cartaz na semana que vem. Claro que nem tudo é bom: ainda abundam as instalações que parecem ter sido feitas pelos alunos da Tia Cleide com tudo que havia no armário de limpeza. E ainda há o problema eterno do pavilhão desenhado por Niemeyer, que obriga o visitante a percorrer léguas por uma rota que nunca é racional. Mas a ideia das subcuradorias - o curador espanhol Gabriel Pérez-Barreiro chamou artistas do mundo inteiro para fazerem suas próprias seleções - funciona bastante bem. E não é que essas várias mostrazinhas conversam bem entre si, justificando o tema "Afinidades Afetivas"? Mas nenhuma é melhor que a da pintora sueca Mamma Andersson, de quem eu nunca havia ouvido falar. Ela escolheu diversas obras suas e de conterrâneos seus, além de ícones russos do século 16, móveis modificados e até uma peça exclusivamente sonora. Também me encantei com o paraguaio Feliciano Centurión e o guatemalteco Aníbal López, ambos já mortos mas autores de trabalhos fortíssimos. Ainda tem a série completa "Césio 137", pintada há mais de 30 anos por Siron Franco como comentário/denúncia do grave acidente atômico que abalou Goiânia. Para variar, eu devia ter ido antes: agora não vou ter tempo para uma segunda visita à Bienal.
Confesso que a Bienal não me emocionou nem um pouco...
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