sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

AS MÚSICAS DE 2018

No ano passado, anunciei na minha retrospectiva que eu não estava mais comprando álbuns. Como todo o resto da raça humana, agora eu baixo dos serviços de streaming. Este ano acontece algo ainda mais grave: eu quase não ouço mais álbuns. Quer dizer, ouço quando baixo, escolho uma ou duas faixas (eu monto as minhas próprias playlists) e meio que esqueço do resto. Por isto, não consegui chegar a uma lista dos dez melhores álbuns do ano. E não teria chegado a cinco se, nos últimos dias de 2018, não tivesse surgido...

El Mal Querer, Rosalía
Conheci a moça graças a uma capa da Ilustrada; olhaí mais um motivo para vocês assinarem a Folha. É uma catalã de 25 anos (mas que parecem 15) que moderniza um gênero musical que não é o da sua terra: o flamenco vem da Andaluzia, muitas léguas mais ao sul. Talvez por isto ela não tenha tido pruridos em adicionar teclados eletrônicos e cordas clássicas em "El Mal Querer", seu segundo álbum. Un embrujo.
Chris, Christine and the Queens
Heloïse Letissier lançou o segundo álbum de seu alter ego e sua banda imaginária em formato duplo: as mesmas músicas se repetem, mas em francês e em inglês. Ela já faz algum sucesso no outre-manche, mas falta conquistar os EUA. Se nem a Anira tá conseguindo, acho ainda mais improvável que uma caminhoneira fashion chegue lá. Mas "Chris" é uma festa em qualquer língua. Quem que não curte uma empoderada?

Deus É Mulher, Elza Soares
Este ano eu ouvi mais música brasileira do que de costume, mas só um álbum me jogou ao chão: essa continuação do incrível "A Mulher do Fim do Mundo" de 2015, que ressignificou Elza Soares para as novas gerações. Eu sou da velha, mas fico embasbacado com essa mistura explosiva de repertório engajado + arranjos futuristas + uma mulher imortal, cantando como nunca aos 88 anos. Que sorte do Brasil em tê-la.

Désobeissance, Mylène Farmer
Há 30 anos que eu acompanho a carreira da Madonna francesa, e ela não me surpreende mais. Tampouco desaponta: seu 11o álbum é mais do mesmo, mas este mesmo é muito bom. Ah, sim, há uma surpresinha - a faixa "N'Oublie Pas", um dueto com a americana LP, que tem um timbre curioso e um enorme talento musical. De resto, Mylène segue sendo Mylène, com suas letras mórbidas e suas texturas sintéticas.

Songbook, Benjamin Biolay & Melvil Poupaud
Os únicos rapazes dessa lista femicêntrica são franceses, como outras duas selecionadas - o que não dá, de maneira alguma, noção da variedade de povos e nações que eu escuto o ano inteiro. Mas o encontro desses dois semideuses produziu um show (que eu não vi) e um disco (que eu não paro de ouvir) reunindo o crème de la crème do repertório do Biolay com clássicos do Hexágono. OK, eu me rendo.


Claro que tem muito mais coisa entre os meus fones de ouvido. Tem novos franceses, como os cantores Lomepal, Chaton e a banda Feu! Chaterton. Tem o tributo de Cher ao Abba, o disco mais viado do ano. Tem as bandas argentinas Bandalos Chinos e 1915, além dos veteranos Miranda! E Troye Sivan, Silva com ou sem Anitta, a dupla eletrônica Sofi Tukker, a banda americana Loma...

Minhas Top 10 do Ano, em ordem alfabética:
<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<< Bécane, Lomepal
Damn, dis-moi, Christine and the Queens
Dialeto, Diogo Piçarra
Envolvimento, MC Loma
Eva, MinaCelentano
N'Oublie Pas, Mylène Farmer & LP
Sorcerez, Gorillaz
Stavo Pensando a Te, Fabri Fibra feat Tiziano Ferro
Vámonos de Viaje, Bandalos Chinos

...e uma chinesa que eu não sei dizer o nome - 我在洗澡的時候我唱著情歌, que tal? - de um cantor chamado de Hong Kong chamado Lao Ci Hong.

9 comentários:

  1. O pessoal só conhece o Envolvimento. Rs!

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  2. Aproveitando que falou na LP, já ouviu o novo álbum dela?

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    1. Procurei há uns meses e ainda não havia saído. Hoje fui buscar depois que você comentou e já baixei! Ouvirei amanhã.

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  3. Alguém sabe a tradução da letra da "Eu cantei uma canção de amor enquanto estava tomando banho."?
    Queria entender se a música é sobre o rapaz declarando seu amor proibido ao outro rapaz ou ele se desculpando/lamentando por fazer a moça sofrer por ter que viver com um rapaz que gosta de outro rapaz.

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  4. Meu marido voltou no tempo e para ela a melhor música do ano é a pré-histórica Ievan Polkka. O besta põe isso sempre para tocar quando eu estou no carro e fica se insinuando...

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  5. Mas tá bom. Um tempo atrás ele tava mais no passado ainda e o top 1 das mais tocadas era a Funkytown.

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  6. tonyah - fique mais pop em 19 ok? mais lacrativa. pisando menos. mais madonnanleirigagan

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