segunda-feira, 10 de setembro de 2018

NAVALHA NA ALMA

Consegui a façanha de chegar à idade que tenho sem nunca ter visto "Navalha na Carne", talvez a peça brasileira mais montada de todos os tempos. Essa lacuna no meu currículo foi preenchida ontem, graças à encenação de Gustavo Wabner esterlada por Luisa Thiré. A atriz homenageia sua avó, Tonia Carrero, que deu uma guinada na carreira ao interpretar, em 1968, a prostituta Neusa Sueli, sem nada do glamour que a tornou famosa. O texto tem mais de 50 anos, mas continua atualíssimo: em um quarto de bordel, uma puta, seu cafetão e a bicha que faz a faxina brigam por dinheiro e por amor. E o espetáculo faz jus à importância de seus antepassados: cenário, figurinos, iluminação, elenco, tudo funciona direitinho, com momentos de tirar o fôlego e outros de partir o coração. Como uma criança que tapa os ouvidos quando vê um canhão entrar em cena, eu passei o tempo todo ansioso, à espera do momento em que uma navalhada rasgaria a pele de um dos personagens. Mal sabia eu que esse ferimento seria ainda mais profundo do que sugere o título da peça.

3 comentários:

  1. O Mio Babbino Caro
    Plinio Marcos Meu Amor!!!

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  2. Veja o filme com a Vera Fisher.

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  3. Vi várias Navalhas . É um texto q me fascina. Vou ver esta. A Neusa Sueli que mais me impactou foi a Mestra Denise Weinberg . Divina!

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