terça-feira, 4 de setembro de 2018

DONDE ESTÁS AHORA, CUÑATAÍ


"As Herdeiras" se passa no Paraguai, o que pode até passar desapercebido. O filme tem poucas externas, e os personagens pouco falam do país em que vivem. A única referência mais explícita acontece nos créditos finais, que rolam ao som de "Recuerdo de Ipacaraí". É um pouco como tocar "Aquarela do Brasil" no fim de um longa brasileiro, mas a letra da mais célebre das guarânias têm mesmo a ver com a história. Duas mulheres de meia idade vivem juntas em uma mansão antiga; nada fica muito explicitado, mas elas estão juntas há 30 anos. Também sem muita explicação, uma vai em cana, acusada de fraude, enquanto a outra põe móveis e objetos para vender e trabalha como motorista particular para outras senhoras endinheiradas. Quase que só há mulheres em cena: o único homem com falas é o atendente de uma barraca de cachorro-quente. E assim, sem trilha sonora e com cenas aparentemente banais, vai-se construindo o retrato de uma senhora tímida, que aos poucos desperta para a vida. Quem, afinal, é a verdadeira prisioneira? A que está atrás das grades, ou a que ficou em casa tomando conta de tudo? Pena que esse dilema interessante se dilua na letargia.

4 comentários:

  1. Esse filme fez barulho no festival de Berlim esse ano. Além do fator diversidade, filmes paraguaios são tão raros que despertaram a curiosidade do público. Sessões entupidas e Urso de Prata de melhor atriz para a Ana Brun! Merecido!

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  2. Nossa! Estou tentando lembrar, mas não consigo. Acho que não assisti um filme paraguaio nos últimos anos...

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    1. O Paraguai não tem indústria cinematográfica. Produzem um ou dois filmes por ano e olhe lá (às vezes, nenhum). O próprio "As Herdeiras" é uma coprodução com muitos países, inclusive o Brasil.

      Procure um filme recente de lá (acho que de 2013) chamado
      "7 Caixas": muito bom.

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    2. Tá anotada no meu "wish list", a sugestão!

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