sexta-feira, 17 de agosto de 2018

FESTIVAL NACIONAL


Perdi muitos longas brasileiros nos últimos tempos. "As Boas Maneiras", "Canastra Suja" e "Berenice Procura" não ficaram em cartaz tempo suficiente para que eu os visse no cinema. Como ato de contrição, esta semana vi nada menos do que quatro filmes pátrios. O primeiro foi "O Candidato Honesto 2", que só estreia no dia 30. Não vi o anterior, mas não tenho nada contra essas comédias de apoio popular. E acabei gostando mais do que esperava, porque o roteiro mexe com quase toda a política brasileira recente: Lula, Boçalnaro, Dilma, a Lava-Jato, o impeachment. E nada é mais engraçado do que o vice-presidente Ivan Pires ("vampires", entendeu? entendeu?), que não é refletido pelos espelhos. O maior trunfo do filme também é o seu problema: Leandro Hassum, ator de um personagem só, seja ele gordo ou magro. Hassum costuma enveredar por improvisos galopantes, que cansam quando passam da dose. O final também podia ser menos piegas...


A pieguice passa ao largo de "Uma Quase Dupla", que mantém a acidez do começo ao fim. Tatá Werneck está fantástica como sempre ("eu fui diagnosticada como feia aos 12 anos de idade" - aposto que foi ea própria quem escreveu essa fala para si mesma). A surpresa fica a cargo de Cauã Reymond, com quem ela forma uma dupla de policiais de estilos opostos que investiga um serial killer em uma pacata cidade do interior. Sem ser naturalmente engraçado, Cauã faz a lição de casa direitinho e consegue ter química com Tatá, que não o engole em cena. Com muito timing na direção e um bom elenco de apoio, desse eu até veria uma continuação.


Também tem muitos crimes em "O Nome da Morte", mas em chave totalmente distinta. Baseado na história real de um pistoleiro de aluguel, o roteiro de George Moura cria suspense a cada assassinato, mesmo com a gente sabendo o que vai acontecer. Marco Pigossi mostra que fez bem em sair da Globo: livre da obrigação de ser galã, ele faz um sujeito complexo, carregado de culpa e crueldade ao mesmo tempo. Fabíula Nascimento também está ótima, com um peronsagem pequeno porém melhor do que ela costuma encarar nas novelas. O diretor Henrique Goldman, que fez o mediano "Jean Charles", mostra que é um nome a se prestar atenção no cinema nacional.


Já "O Animal Cordial" é um filme-problema. Rodado com baixo orçamento em um único cenário, o longa de estreia de Gabriela Amaral não tem nada do que se espera de um "filme de mulher" - só uma forte protagonista feminina. No papel, Luciana Paes revela dois dotes desconhecidos para mim, que só a tinha em comédias: um baita talento dramático e um corpão da porra. Mas a história não tem muito pé nem cabeça: um assalto a um restaurante dá horrivelmente errado, quando o dono do lugar (Murilo Benício) resol ve que vai matar todo mundo. Qual é a motivação dele? Ou é uma metáfora do capitalismo? Enfim, gostei mais de ter visto do que do filme em si.

7 comentários:

  1. Desisti de filmes nacionais a muito...

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  2. O Mio Babbino Caro
    O problema do cinema Nacional é a representação do Nacional.

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  3. Que tanto filme de polícia, tiroteio, assassinato. Brasileiro ama violência.

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  4. O segundo e terceiro me pareceram interessantes.

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  5. “Entendeu? Entendeu”
    Nos áureos tempos deste blogue, haveria um link pro gif da mãozinha no blogue d’A Libanesa.

    Entendedores entenderão. Entendeu?

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  6. Naturalmente engraçado ele até não é, mas ele tá só retornando pra papel da época de Malhação... quando modelo se destacou fazendo comédia.

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