Tenho ido muito ao teatro, mas vejo pouco do que os autores brasileiros contemporâneos andam escrevendo. Minimizei esta falha por uma noite assistindo a "Refúgio", que está em cartaz no SESC Bom Retiro, aqui em São Paulo, até o final de julho. Com texto e direção de Alexandre Dal Farra, o espetáculo é inquietante do começo ao fim. Cinco personagens se afligem com um misterioso fenômeno que assola o mundo: o súbito desaparecimento de pessoas, sem mais nem por quê. Até que eles mesmos começam a sumir também, num jogo amplificado pelo engenhoso cenário de Marisa Bentivegna, com paredes móveis que se combinam em caixas, e pelo uso de câmeras que transmitem em preto e branco as expressões dos atores, fazendo cinema ao vivo. Aliás, que atores: é raro que um elenco seja ele todinho bom, como é o caso deste aqui, encabeçado pelos experientes Fabiana Gugli e Marat Descartes. Densa porém acessível, com um pezinho no experimentalismo, "Refúgio" expõe a angústia, exatamente ao contrário do que seu título sugere.
Tem visto as montagens do Teatro Núcleo Experimental, na Barra Funda? Um primor! Se ainda não conhece, vai adorar!
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