domingo, 22 de julho de 2018

APROPRIACÃO CULTURAL


Wes Anderson invade duas culturas distintas em "Ilha dos Cachorros", sem a menor cerimônia: a japonesa e a canina. Seu novo longa (o segundo em animação) se passa no Japão e todos os personagens humanos não só são japoneses, como falam japonês. Já os cães, apesar da origem nipônica, falam inlgês e têm nomes ocidentais como Rex, King e Spots. Mas não consta que haja reclamações de nenhuma das partes, pois a abordagem do diretor é tão respeitosa que a gente sai do cinema com ainda mais vontade de conhecer o Japão e abraçar um totó. Feito em "stop motion" com uma bela ajuda da computação gráfica, "Ilha dos Cachorros" é uma feérie visual, até para o padrão andersoniano. Como em seus outros filmes, porém, também a história peca por uma certa falta de clareza e profundidade. Num futuro próximo, todos os cães do Japão são infectados por um vírus e exilados em uma ilha onde funcionava um gigantesco depósito de lixo. As muitas reviravoltas parecem desculpas para mais truques de encher os olhos. O que não chega a ser um problema: muitas das imagens são surpreendentes e impactantes. Além disso, é divertido tentar adivinhar qual estrela de Hollywood está dublando qual personagem. Só Yoko Ono teve o privilégio de fazer a voz de uma cientista chamada... Yoko Ono.

2 comentários:

  1. Esse eu devo ver!
    Foi coincidência você ter resolvido falar desse filme justo no final de semana em que está ocorrendo o 21° Festival do Japão em São Paulo??

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    1. Acho que o filme demorou para estrear no Brasil (saiu em março nos EUA) para coincidir com o 21o. Festival do Japão.

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