Venho defendendo que, a princípio, qualquer ator pode fazer qualquer papel. Não tem cabimento achar que só trans pode interpretar trans, ou que uma obra que se passe na Europa medieval precise ter o elenco todo branco. Miriam Mehler e Renato Borghi são da mesma opinião: os dois estão em cartaz em SP com "Romeu e Julieta 80", justamente como os adolescentes amantes de Verona. Miriam não precisa de maquiagem nem figurino para convencer que é uma menina; Borghi traz intacta a impetuosidade de um rapazinho. Teatro é isso, galera, não uma ação entre amigos para dar representatividade a sei lá quem. O espectador que não conhecer o texto de Shakespeare talvez não entenda direito a luta de espadas entre Romeu e Tebaldo, travada com facas em cima de uma mesa, e o desfecho surpreendente - digamos que é aquele com que os produtores sempre sonharam - revela a sem-cerimônia que só os íntimos da arte cênica podem ter. Os protagonistas, amigos na vida real há mais de 50 anos, se divertem nesse jogo teatral e arrastam a plateia junto. Com eles, o novo final faz todo sentido.
O Mio Babbino Caro
ResponderExcluir"This is it"...desde que valha realmente para todos.
Maravilhoso, Tony! Liberdade sempre. Só não esqueça disso quando resolver defender algum coletivismo da esquerda totalitária. Ou muito bem se defende o indivíduo, ou se aceita a política que invade o âmbito das decisões privadas.
ResponderExcluirArtista bom consegue interpretar convencetemente um recém nascido mesmo tendo 90 anos. Artista ruim sempre interpreta si mesmo...
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