domingo, 7 de janeiro de 2018

AGIR PARA CIMA


Estive na parada gay de Nova York de 1989, ano em que o Act Up veio com tudo, e tenho até hoje a camiseta "Silence = Death" que comprei naquela viagem. O mais barulhento grupo ativista da época braba da AIDS é responsável por milhões de vidas, que continuaram graças à pressão que ele fez sobre governos e laboratórios há mais de 20 anos. Mas só agora ganhou um filme à altura, "120 Batimentos por Minuto", que venceu o Grand Prix do último Festival de Cannes e foi selecionado pela França para tentar uma indicação ao Oscar (mas não ficou entre os nove selecionados). O diretor é Robin Campillo, que fez o excelente "Eastern Boys". Gostei tanto daquele filme que minha expectativa para este subiu demais. Achei a narrativa um teco convencional, e só a última cena me convenceu de que eu estava diante de uma obra de arte. Claro que o filme tem momentos emocionantes, porque boa parte daquela garotada já está doente e nem todos chegarão até o final. Mas o roteiro evita o grande problema da AIDS como assunto para a dramaturgia, porque até os anos 2000 só havia um desfecho possível para as histórias. Campillo capta a raiva e a angústia de uma geração ceifada assim que começou a transar. Eu faço parte dela, e só não morri por duas razões: 1) eu era travado e transava pouco; e 2) eu tive uma puta duma sorte, porque transei e até namorei com caras que não estão mais entre nós. De qualquer maneira, "120 Batimentos por Minuto" é obrigatório, principalmente para as novinhas que acham que a lacração começou com elas e que o mundo sempre foi um imenso aplicativo de pegação. Para que elas hoje vendam saúde, muita gente agiu e deu a cara a tapa e morreu. Respect.

20 comentários:

  1. Eu tb posso dizer que tive muita sorte!!!! Vivemos situações identicas Tony! Foi muita sorte mm!!!
    Na época estavamos completamente engajados na luta contra AIDS, quantas e quantas passeatas, demonstrações, piquetes organizados e direcionados a políticos, organizações e etc..., festas para angariar fundos, reuniões, enfim, you name it!, la estavamos nos na batalha!!!
    Hoje em dia quando topo com as cruacas que vem aqui e comentam as merdas de direita, sinto que de certa forma perdemos nosso precioso tempo pra abrir e tornar mais fácil o caminho pra essas cruacas novas, que desânimo! Enfim a gente bem sabe que esses monstros que votam na direita nao mereciam estar vivos!
    Outrage!!!

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    1. 3:58 Quanto amor! Essaê as "cruacas" liberais e conservadoras "não mereciam estar vivas". Tô tão orgulhoso da senhora...

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    2. Eu amo as "sobreviventes" que se acham revolucionárias e heróicas. Não deve ter feito nada pra melhorar o atendimento aos pacientes, e se fez, quanta vergonha de não ter aprendido o mínimo de humildade.
      Mas não, o que importa é obviamente se botar como alguém iluminado por ser de esquerda, como se alguém de direita fosse obrigatoriamente assassino and merecedor da morte.
      Bem, eu sou dessa geração que trata o filme e não pretendo nunca mais votar na esquerda e nem por isso me tornei essa pessoa medíocre, infeliz e monstruosa que deseja a morte dos outros gays, como o colega acima.
      Que ele melhore um dia, é o que desejo.

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    3. Cruaca 10:30, dispenso seu pobre e desonesto (tipical) orgulho!
      Just think se hoje a cruaca está viva e saltitante deve a nos!
      Morre monstro!

      cruaca matusquela 17:35, dispenso seu "amor" (vc é incapaz disso!)
      Acredito que de uma forma ou outra ajudei e muito na melhoria do atendimento! Quanto a humildade, de fato não disponho de nenhuma!, principalmente em relação a gentalha do seu nível !
      Bye and fuck off freak

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    4. Mon Dieu, a esquerdista deixa um comentário com discurso de ódio, é criticada pelos pares, mas não se emenda. Voltou para deixar bem claro sua perturbação. Não morreu da maldita, mas ficou sequelada, coitada.

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  2. Achei um grande filme. Extremamente bem realizado, corajoso e ainda urgente. Grandes e marcantes cenas e, em especial, a da masturbação , prazer e gozo , na cama do hospital, alívio prá tanta dor. Impossível não lembrar de queridos amigos, que suportaram momentos de tanto sofrimento e estão ao lado de Deus. Oro sempre por todos e , por mistérios da vida, posso dispor de Boa saúde e tb ser um sobrevivente.

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  3. O Mio Babbino Caro
    Eu lembro exatamente desse período.Foi uma mudança de rumo, deixou-se as manifestações "sócio-política" para se formar grupos de apoios às vítimas e de combates ao "câncer gay". Quanto horror, dor,tristeza e amor.
    Na linguagem iconoclasta de Condesssa (Nostro Mondo): "agora tínhamos uma doença só para nós".
    Não, era para "todos".
    De certa forma vencemos... para ver hoje, esse grau de desfaçatez e desrespeito para com essa história e a quem sobreviveu a ela.
    I Survived.
    R-E-S-P-E-C-T

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    1. Sério, eu queria entender essa mágoa que babino tem de tudo e todos que não pertencem ao quadradinho da vida que ele ocupa. Lutou mesmo pela cura da aids? Conta aí, amigo. Conta onde vê tanta desfaçatez e desrespeito.

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    2. 17:39 Nesse seu próprio comentário meu irmão Viado rssss mas não fiquei amargo igual à você, aliás quem você é rs

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  4. Que Deus abençoe o capitalismo e a indústria farmacêutica com sua fome por lucratividade, ou estaríamos morrendo até hoje. A não ser, é claro, que o pensamento mágico reinante acredite que gritar na rua (ou no tuíter) seja condição sinequanon para o desenvolvimento de um antirretroviral. A questão foi a seguinte, pessoas: a demanda ficou gigantesca, e ofertar uma solução tornou-se viável. Period. Ok, a realidade não é um bom material para dramas e romances, mas não podemos perdê-la de vista, ok?

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    1. Quem mostrou pa alta demanda para a indústria farmacêutica foram os gritos na rua. Antes disso, essa doença não "existia" era (como a comunidade gay) varrida para debaixo do tapete. Ninguém, em nenhuma família, tinha um parente que morria de Aids. Da mesma forma que ninguém, em nenhuma família, era
      gay.

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    2. 18:14 Os gritos nas ruas deram visibilidade, talvez tenham adiantado em um ou dois anos a disponibilidade do coquetel, mas foram os números frios da epidemia que estimularam o investimento de bilhões de dólares em pesquisas. Uma Gilead da vida, entre outras, só salvou vidas porque lucrou como nunca. Mas sempre há quem prefira uma narrativa romântica e heróica.

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    3. Cara, um ou dois anos é tempo pacas para quem está doente. Ter adiantado o lançamento de um remédio em dois anos é uma façanha épica.

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    4. Os números frios da epidemia não eram de conhecimento público. Gays não existiam, muito menos gays mortos por uma doença que só "afetava" gays. Foram os gritos nas ruas e na mídia que tornaram a epidemia conhecida.

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  5. Essa geração está vendendo saúde? Pode ser. Mas eu vejo uma geração muito desinformada sobre AIDS/HIV. Ou uma geração que não liga de correr o risco de ter que tomar remédio para o resto da vida.

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    1. 11:23 Vendendo saúde? O nível de contaminação entre as beees novinhas do nosso Brasil varonil já atingiu um estágio alarmante, my dear.

      Entretanto sejamos práticos: Tomar um mísero comprimido por dia com pouquíssimas reações adversas, totalmente financiado pelo papai Estado, para lacrar numa 'Chem Fest' da vida, praticando bareback numa gangbang com direito a creampie, soa bastante razoável para um monte de gente.

      Enquanto isso, o canto melodioso de Pablo Vittar embala a histeria militante por mais liberdade sexual.

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    2. Assino embaixo, a militância pra ser um nada é forte.

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  6. Até hoje tem gente ~dando sorte. Até o dia que não der mais.

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  7. parabéns tonya, a senhora tem melhorado nos posts

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