domingo, 3 de dezembro de 2017

QUE A VIDA É TREM-BALA, PARCEIRO


Comecei a frequentar filmes para adultos aos 13 anos de idade, com a ajuda da minha altura e de uma carteirinha falsificada. Um dos primeiros "proibidos para menores de 18 anos" que eu vi (como era ridícula a censura dos tempos da ditadura!) foi o suntuoso "Assassinato no Expresso do Oriente" de Sidney Lumet, que o diretor dizia ser uma metáfora para o escândalo de Watergate, então a pleno vapor. Desde então, o mais glamouroso dos livros de Agatha Christie ganhou várias outras versões para o cinema e a TV - inclusive uma minissérie japonesa. A última tenta resgatar o luxo e o elenco de prestígio do longa de 1974. Kenneth Branagh assume a direção e também o papel de Hercule Poirot, o detetive belga que prefere estudar as motivações do que procurar pistas físicas, à la Sherlock Holmes. Branagh se joga com gosto no ridículo, do espantoso bigode-suíça ao sotaque francês digno de Pepe Le Pew. Também calca a mão na fofura aristocrática, um vício também presente em "Victoria & Abdul" e outros do gênero. O roteiro toma várias liberdades: agora Poirot tem uma paixão do passado, e o final ganha tons melodramáticos que a escritora talvez não aprovasse. O filme de 1974 deu o Oscar de atriz coadjuvante para Ingrid Bergman; seu papel de missionária cristã agora coube a Penélope Cruz, e foi bastante encurtado. Quem brilha dessa vez é Michelle Pfeiffer, no personagem que foi de Lauren Bacall. Mas o fato é que não há tempo para cada grande ator presente fazer um solo. Pior: desconfio que quem não souber quem é o assassino vai matar a charada lá pela metade.

14 comentários:

  1. queremos figurinos! F-I-G-U-R-I-N-O-S ...!

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  2. Por que quem já leu/viu uma das adaptações anteriores deveria ir ver este filme?
    PS.: amei as adaptações do Kenneth pra Shakespeare, mas a solução do mistério aqui é tão a cereja do bolo que sinto 0 vontade de sair de casa e ir dar dinheiro pra cinema.

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  3. 18 e 24 - vá ver - apesar de ser basicamente a mesma coisa, NÃO é basicamente a mesma coisa! haha

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  4. Tony, vide entrevista do Henrique Meirelles, hj na Folha , a questão: o Brasil está preparado pra ter seu primeiro presidente gay?

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    1. Acho que o debate não chegará a este ponto, porque duvido que a economia se recupere tanto de modo que um candidato governo se torne viável.

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    2. Ele é gay? Tem meu voto

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    3. Brasil já teve presidente gay (ou bi).

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  5. Pelo menos 2, Itamar e Dilma.

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  6. Carteirinha falsificada, seu Tony? Foi assim que o Eduardo Cunha, Aecim, Temer, Geddel e outros larápios famosos começaram a carreira... Depois vc mesmo reclama de gente dessa espécie. São os mesmo que dizem que, no Primeiro Mundo, o trânsito é tão civilizado, devia ser assim no Brasil. Mas é só pegar o volante pra passar por cima do primeiro zé-ruela que atravessa o caminho, né? E outras cositas mas... Sei!

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