Eu nunca tinha ouvido falar no lutador venezuelano Edwin Valero, que venceu por nocaute as 27 lutas profissionais de que participou. O fato de não gostar de boxe ajudou, mas eu devia andar meio desligado em 2010 para não lembrar de seu fim trágico: Valero matou a mulher e se suicidou na prisão. Sua história é contada em "El Inca", em cartaz na Mostra de SP e escolhido pela Venezuela para representá-la no próximo Oscar. Sinto dizer que o filme não está à altura do argumento: é longo demais, com muitas cenas sobrando. Mas o ator Alexander Letterni está convincente no papel principal: além da semelhança física com Valero (que ganhou o apelido de "Inca" por ser parecido com um índio peruano), ele transmite bem a dubiedade do personagem. O cara tinha uma enorme força física, mas era fraco de caráter. Deixou-se contaminar por ciúmes doentios de sua bela esposa, apesar de traí-la, e acabou cortando-lhe a garganta durante uma briga. É impressionante a quantidade de homens que cometem esse tipo de barbaridade, especialmente na América Latina (o Brasil está cheio de casos semelhantes). Diz muito sobre a fragilidade psicológica da nossa cultura machista. Mas "El Inca" não investiga as causas dessa contradição. Fica aquém, assim, do grande filme que poderia ter sido.
Fala mal de masculinidade não senão a Aut-Right vem buscar seu escalpo!
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