O Chile é um lugar curioso. A ditadura militar deles matou muito mais gente, proporcionalmente à população do país, do que a nossa. A influência da Igreja Católica é ainda maior do que no resto da América Latina, e o divórcio só foi aprovado por lá em 2004. Mesmo assim, o governo Pinochet nunca reprimiu os homossexuais - consta até que tinha ministros gays, porém "discretos e fora do meio". Essa hipocrisia é o pano de fundo de "Uma Mulher Fantástica", o provável indicado chileno para o próximo Oscar de filme em língua estrangeira. Marina é uma mulher trans que já vive com um homem muito mais velho do que ela há pelo menos um ano. Quando o sujeito morre de repente, a família dele até que não a expulsa imediatamente do apartamento onde viviam, mas tampouco a recebe de braços abertos. Ela é tratada o tempo todo como uma aberração, ainda que, na maioria das vezes, um véu de respeito disfarce o preconceito. Mesmo assim, Marina não se submete - a meu ver, ela até torna as coisas mais difíceis para si mesma. Mas é a interpretação de Daniela Vega (que é trans na vida real) realmente é digna de prêmios. Ela transmite a força da personagem, que fala pouco, só com o olhar. Sem a pieguice da "superação", "Uma Mulher Fantástica" mostra que uma boa parte do Chile está no século 21.
"(...) consta até que tinha ministros gays, porém "discretos e fora do meio'", aqui até hoje ainda tem, no governo atual são 2 ou 3? ai gente, me perdi no cálculo, kkk. Alguém ajuda. "Sem a pieguice da "superação'", precisava da palavra pieguice?! Pra muitos de nós su-pe-ra-ção ainda é a palavra de ordem, acho que você na sua condição de gay bem de vida não sabe o que significa superação pra muitos de nossos semelhantes que vivem em condições sociais precárias. Fiquei com uma baita vontade de assistir ao filme. O Chile é um país no estilo de mudança conservadora, aos poucos, sem grandes sobressaltos. E é assim que o país vai caminhando.
ResponderExcluirPrecisava, porque o filme não é piegas - e tenho visto muita pieguice quando o assunto é transexualidade.
ExcluirMas se você curte uma pieguice, então não vá ver.
De resto, reparou que estamos falando a mesma coisa?
Enquanto isso no Brasil xucros do MBL que apoiam Dória para presidente, mandam fechar exposição, definem o que é arte e decidem que eu não tenho livre escolha nem poder de decisão para entrar num centro cultural. Triste tempos esses do Brasilzistão! Parabéns a quem deu voz a esses acéfalos!
ResponderExcluirNinguém "dá voz" a esses acéfalos. Isto é compactuar da mesma ideia de que se pode calar quem não concorda conosco.
ExcluirO MBL finalmente se revelou em toda sua podridão com esse episódio de Porto Alegre. Vou subir um post ainda hoje, sem dó nem piedade.
A Folha publicou uma matéria sobre o assunto e os comentários são de chorar de tristeza. Mais de 80% são a favor da censura e de apoio ao fechamento da exposição. Se isso não é "dar voz" ao MBL não sei o que seria!
ExcluirMas então, o que você sugere? Que a Folha não noticie o fechamento da exposição?
ExcluirOu que proíba os comentários em suas matérias? Te garanto que este é um debate constante dentro do jornal - mesmo não sendo funcionário de lá, eu já participei de um deles.
Muito pelo contrário! A Folha e todos os jornais tem mais é que publicar matérias sobre o assunto e seus desdobramentos. E os comentários necessários, numa democracia, mesmo que seja para termos noção do grau de imbecilidade que chegamos, onde a maioria festeja o fechamento de uma exposição por não concordar com seu conteúdo! E só para registro, o site do jornal Gazeta do Povo,de Curitiba e principal jornal do Paraná, deu como manchete: Santander cancela exposição que fazia apologia a pedofilia e zoofilia. Ou seja...tristes tempos!
Excluir00:14, tem gay nesse governo? Eu pensei que só tinha feladaputa!!!?
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