segunda-feira, 1 de maio de 2017

LERÊ, LERÊ

Vida de restaurante com nome equivocado é difícil, é difícil como quê. Que o diga o Senzala, instalado na Praça Panamericana, em São Paulo, desde o começo da década de 1970. É um restaurante de bairro, sem maiores pretensões e sem personalidade. Tem de um tudo, de churrasco a pizza, e um bufê caríssimo na hora do almoço. Morei ali perto alguns anos e depois trabalhei ali perto anos depois. É a única opção da região e fui lá inúmeras vezes. Faço o mea culpa: nesse tempo todo, não me ocorreu a violência embutida no nome, tão acostumado que eu estava com ele. Na época em que o Senzala foi fundado, o Brasil Colônia estava na moda: foi quando surgiu a arquitetura fake que imita os casarões de Paraty, e tudo o que remetesse a este período se revestia de uma certa dose de glamour "roots". Não havia a intenção de ofender ninguém ao se batizar um restaurante de Senzala (existem outros Brasil afora): o se queria era evocar uma cozinha artesanal, feita em fogão de lenha. Coisa, aliás, que o Senzala do Alto de Pinheiros jamais teve. Os tempos mudaram, e as sensibilidades também. Hoje é beyond inconcebível que um estabelecimento comercial seja conhecido por um nome que lembra sofrimento e dor. No ano passado, o Senzala serviu de placo para uma performance de atores negros, que andaram com correntes pelo salão. Não adiantou nada. Na sexta da greve, o lugar teve portas e janelas quebradas por black blocs. Longe de mim dizer "bem feito", porque essa turma só está em busca do mínimo pretexto para fazer arruaça (e também depredaram inocentes bancas de jornal). Mas já se passaram muitos anos da hora desse restaurante trocar seu nome estapafúrdio e extemporâneo por, sei lá, Dondoca de Pinheiros Bar & Grill.

32 comentários:

  1. Cuidado! Dondoca de Pinheiros pode tocar as sensíveis feministas e o seu blog pode ser depredado e hackeado e cyberbullinado a qq momentooooooooooo

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    1. Se alguém quiser abrir um restaurante na Alemanha com nome de Auschwitz, eu pago a sua passagem para lá. hahaha

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    2. O Brasil não é para amadores. Um restaurante com nome Senzala? é como se colocasse Dachau ou Auschwitz. A galera é estúpida ou mal caráter

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    3. Anônimo, pelo menos escreva direito. O contrário de bom é mau. Portanto, ninguém pode ser "mal" caráter, mas sim "mau" caráter. Entendeu? Ou preciso desenhar?...

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    4. Pronto, a normalista aposentada achou seu lugar no espaço, já estava com saudade de corrigir as provas de português. Velho. ()

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  2. Consta que os donos são portugueses.
    E amigos do Temer, o velho.

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  3. O restaurante foi atacado por que estava no caminho, assim como foram bancas de jornais, bancos, e outros estabelecimentos. Não acho Senzala um nome equivocado. Pode já ter significado algo que lembrava sofrimento e dor - hoje é o nome de um restaurante que recebe famílias em momentos de alegria. A língua é viva e evolui. Essa história de nome equivocado é lero-lero de gente descerebrada que sai na rua para atacar mulher branca usando turbante. A se embarcar nesta linha, o próximo passo seria assinar o abaixo-assinado (que já circula por aí) para se demolir o Coliseu.

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    1. partiu hotel auschwitz?

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    2. A língua está viva, evolui e também morre, queridum... Eu que não vou dar meus fintchy reais para quem não tem noção.

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    3. Luciano, é o caso da palavra 'mulata' hoje sempre associada a mulher bonita, charmosa, boa de samba, sexy etc. Consta que sua origem é 'mula', por ser resultado do cruzamento de dois desiguais.

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    4. Ai Ai que preguiça de pessoas prestes a perder suas zonas de conforto baratas. Caiam na real...

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  4. Abre um restaurante chamado Auschwitz então Tony.

    Nada mais apropriado. Os judeus sensíveis que se incomodarem que cresçam e aprendam a lidar com o nome.

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    1. Me perdoe, mas senzala não tem nada a ver com Auschwitz, é mesmo um oposto. Auschwitz eram casas da morte enquanto, dentro da barbaridade que é a escravatura, as senzalas eram onde os escravos se confortavam e geravam boa parte da cultura do Brasil.

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    2. Você já visitou uma senzala de verdade ou só viu as das novelas da globo? Os escravos dormiam nas pedras e cagavam no mesmo lugar que dormiam e comiam.

      Acho que agora nem que reabra as pessoas vão querer comer com essa imagem na cabeça.

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    3. A insanidade não tem limite. " as senzalas eram onde os escravos se CONFORTAVAM e geravam boa parte da cultura do Brasil."Sugestão: Reconstrua uma e mude para lá.

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    4. Querido Anônimo, só lembrando que Holocausto também perseguiu gays, ciganos, deficientes físicos, adversários políticos, etc. Tony tem consciência disso, até porque um restaurante com esse nome o afetaria.

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  5. Pessoas são seletivas. Restaurante chamado senzala é represado pois representa dor.
    Cruz onde pessoas eram crucificados impiedosamente é o símbolo-mor da igreja mais cruel dos tempos e todo mundo acha lindo e todo mundo tem uma e ainda reza com ela nas mãos.
    Vai entender.

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  6. Pela primeira vez tenho que discordar de você Tony, ninguém é perfeito... O mais infelize e desnecessários texto que já li no seu blog, além de atacar um estabelecimento tradicional que funciona a mais de 40 anos, vc ataca moradores e moradoras da região de pinheiros, com um adjetivo desrespeitoso, que culpa eles têm?

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    1. Deixa eu ver se entendi: os moradores do Alto de Pinheiros podem se ofender com o nome "Dondoca", mas os negros têm que levar numa boa um restaurante que se chama "Casa dos Escravos"?

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    2. Tony Tony parece que você não conhece essa parcela dos seus leitores. Eles acreditam que você é a última fronteira de suas convicções "coloniais" e estão preocupados em privilégios não em razão. quem sabe eles ainda venham aprender que viver em um mundo de respeito ao outro, é melhor que a ilusão "burguesa". Aprendendo ou não a moleza tá em cheque.

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    3. Eu super ri com sugestão do Tony, que sabe criar títulos como ninguém. É a cara da classe média próoospera que compra apartamento com varanda gourmet em mais 10% de juros a.a e adora um bar and grill na Flórida. Respect.

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  7. Eu acho que eu não preciso fazer a socióloga para dizer que normalmente este tipo de violência é uma reação de quem está cansado da opressão. São pessoas que têm pouco a perder.

    Não sei onde fica a inteligência de quem fica horrizado com protestos violentos dizendo que é vandalismo e só. Fácil é não ter empatia por quem sofre todos os dias discriminação (como nois todas aqui). É dano colateral da exclusão e ponto. Como um amigo húngaro, que mesmo tendo nascido depois da abertura do país me disse que o medo, o sentimento de opressão, a insegurança está marcado no DNA do povo. Vá a países com fortes clivagens entre a população: mesmo os inocentes sofrem o efeito, infelizmente. França, Rússia, que o digam também.

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  8. O mio babbino caro

    O Brasil, é uma casa de ENFORCADO que INSISTE em falar de CORDA!

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  9. Depredar é crime, e esse restaurante foi um de muitos estabelecimentos depredados. Senzala foi também um lugar de cultura afro-brasileira, onde se originou a feijoada, o samba e a capoeira, e celebrar a importância cultural das senzalas também não deveria ofender. Mais estudo, mais trabalho e menos moralismo barato por favor.

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    1. Pois é, eu pensei a mesma coisa. Vamos então banir a palavra porque ela tem conotação negativa, e jogar fora o resto da história toda também?

      Eu pessoalmente acho o nome de mau gosto, mas pela mesma lógica daria para dizer que ele serve justamente para que ninguém esqueça os horrores da escravidão etc. Ou seja: "senzala" pode servir tanto a favor coomo contra a causa, e é totalmente arbitrário escolher um significado (até porque ninguem sabe o que se passou na cabeça de quem escolheu o termo infeliz).

      Tony, sua intenção é boa, mas esse post está parecendo o caso do Michel Teló quando pintou a cara.

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    2. passam tanto pano no Br pra esse período tenebroso q foi a escravidão q mtus nem se ligam q é igual um restaurante chama Auschwitz em Israel

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    3. seguindo o raciocínio estúpido, que tal uma filial de culinária judaica chamada Holocausto!?

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    4. Pessoal, toma vergonha na cara!

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  10. Sério que alguém acha que os revoltadinhos que não forram as próprias camas sequer leram o nome do restaurante? Podia se chamar VIVA O PROLETARIADO e servir refeições a preços camaradas que, estando no caminho, teria sido vandalizado do mesmíssimo jeito.

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  11. Ainda bem que me mudo de país em breve.

    Inacreditável a ignorância da esquerda e da direita aqui da Banânia...

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  12. Enquanto isso, outra senzala resolveu mudar de nome. https://glo.bo/2qBhpAP

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