domingo, 14 de maio de 2017

LA SCIMMIA NUDA BALLA

O macaco nu dança. Este verso da letra da ótima "Occidentali's Karma", até sexta a favorita do Eurovision 2017, ganhou um novo significado com o resultado do festival. A vitória de Portugal deixou a concorrência não só comendo poeira como desnudou a indigência musical da maioria. "Amar pelos Dois" é uma música linda, mais nada. Seu único truque é Salvador Sobral, de voz cristalina e linguagem corporal esquisita. Já falei dele num post de ontem à noite e na minha coluna de hoje no F5. Agora não resisto a comentar o resto do que rolou na grande final. Teve até um engraçadinho que subiu no palco durante o número da cantora Jamala, vencedora do ano passado, e baixou as calças diante das câmeras. Apesar de enrolado na bandeira australiana, o sujeito é da Ucrânia, o país-sede deste ano.
Como a porra da organização do festival ainda não liberou os vídeos das performances de ontem, quem quiser ver o que eu vou citar vai ter que catar no vídeo acima. Teve uma biba gorda da Croácia fazendo dueto consigo mesma, em voz normal (em inglês) e voz de tenor de ópera (em italiano). A candidata da Romênia era um yodel, aquele estilo de canto alpino (yoleriiiitiii) típico da Suíça e da Áustria... só que não da Romênia. Mas também teve coisa boa: a música da Moldova, por exemplo, era bem animada, e seu saxofonista bofão inspirou esta montagem de DEZ HORAS disponível no YouTube. A da Bélgica parecia o single de uma banda indie bem dark, mas achei a cantora Blanche (de voz tão grave que eu pensei que fosse trans) muito morta no palco. E a Suécia mandou um número típico de boy band, com direito a esteiras rolantes chupadas do OK Go!.
A Ucrânia em si foi bastante comedida e não aproveitou o festival para fazer um grande infomercial de si mesma, como fez o Azerbaijão em 2012. Mas trouxe uma cantora interessante no intervalo para votação, Onuka, que tocou sua música eletrônica com uma orquestra folclórica do país. Teve até uma parente da cuíca.
Mas claro que nada superou o encerramento, com Salvador Sobral e sua irmã Luisa, a compositora de "Amar pelos Dois", dividindo os vocais da canção campeã. Já estão surgindo versões em inglês, como esta de Alexander Rybak, o violinista-gato da Noruega que venceu o Eurovision de 2009. E não duvido nada que este futuro clássico do cancioneiro em português entre para o repertório do próximo show de Caetano Veloso, que declarou seu amor pela música na internet.

3 comentários:

  1. Yodel me lembra A Noviça Rebelde...

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  2. Adorei a da Bélgica também! Mas Portugal merecia ganhar, e acabar com todas essas teorias da conspiração que só os fatores geo-políticos são necessários para ganhar o Eurovision (vizinho votando em vizinho).
    Países longínquos deram 12 pontos a Portugal, por uma razão muito simples: a música tuga era muito melhor que as demais.
    Vitória merecida!
    Uma lição para a Espanha, que levou um cantor anódino, que desafinou no final, e acabou em último lugar.
    Ano que vem quero ver todas as bichas ibéricas em Lisboa!!

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  3. Cara eu ouvia muito na adolescencia new metal, coincidentemente essa semana voltei a ouvir as coisas novas. ta tocando Chevelle no radio Eu amo essa banda e não tenho ngm pra compartilhar meu amor por ela, NGM CONHECE ESSA BOSTA

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