Não, "La La Land" não é o filme mais divisivo desta temporada de prêmios. A honra dúbia deve ir para a comédia alemã "Toni Erdemann", uma contradição em termos: a Alemanha não é exatamente conhecida por seu humor contagiante. A bem da verdade, o favorito ao Oscar de filme em língua estrangeira passa longe do que a maioria das pessoas acham engraçado. Para começar, é longuíssimo: tem quase três horas de duração, e ficaria mais potente com meia hora a menos. Também tem muitas cenas sérias que pouco acrescentam à história - inclusive uma trepada bizarra envolvendo um canapé. O estilo da diretora Maren Ade faz lembrar "Aquarius" de vez em quando, tantos são os detalhes do dia-a-dia que ela não consegue deixar de fora. Mas a trama principal é boa: um pai fanfarrão tenta reconquistar a filha workaholic, e acha uma ótima ideia ir importuná-la quando ela está atendendo um cliente importante em Bucareste. Quando este approach não dá muito certo, ele tenta algo ainda pior. Veste uma peruca horrenda e uma dentadura falsa, e se apresenta a todo mundo como Toni Erdmann: às vezes o embaixador alemão, às vezes o coach pessoal da própria filha, sempre um constrangimento. O ritmo esquisito afugentou amigos meus, que talvez gostem mais do futuro remake americano estrelado por Jack Nicholson e Kristen Wiig. Mas quem ficar até o fim vai ser premiado com uma sequência de festa que beira o surrealismo de Buñuel, cômica e emocionante ao mesmo tempo. Mais não posso contar... Portanto, aguente firme: "Toni Erdemann" vale a pena.
Que isso Tony,o humor dos filmes alemães que mais gosto.Adoro o cinismo e até um pouco de escatologia.Até em filmes sérios como Hanna Arendt tem um pouco de humor cínico.Dos filmes europeus gosto mais dos alemães até. então.
ResponderExcluirNão concordo em nada com a sua crítica. O filme é longo, mas todas as cenas são importantes para construir a personagem. Importante lembrar que trata-se de uma mulher que, mesmo na liberal Alemanha, ainda precisa provar o seu valor o tempo todo. Inclusive a cena do canapé que você achou bizarra mostra exatamente isso: após ouvir comentário do colega (e peguete) que a colocava em desvantagem profissionalmente ela o humilha sexualmente para mostrar que é ela que manda. Achei essa cena genial. E também não concordo que o filme divide opiniões, como comprova a nota no rottentomatoes (92% da crítica e 81% do publico deram nota máxima, se isso não é consenso não sei o que é https://www.rottentomatoes.com/m/toni_erdmann/).
ResponderExcluir"Não é surpresa nenhuma: afinal, eles também já premiaram a insignificante Taylor Swift duas vezes com o troféu máximo"
ResponderExcluirinsignificante? acho que o povo prefere a Taylor Swift, já que ela vende MUITO mais que a Beyoncé. Muito mais mesmo.
Insignificante artisticamente.
ExcluirEntão, filme alemão(da cinematografia européia é a que menos me atrai) quase três horas de duração, fui ao cinema com os dois pés atrás e "preparado" para desgostar, mas sabe como é o amor, o namorado queria assistir, então fomos.
ResponderExcluirResumo da ópera: o filme é ótimo, as quase três horas passaram voando e o que pensei que seria sacrifício acabou se tornando um prazer. Toni Erdermann vale, e muito, a pena!