terça-feira, 27 de dezembro de 2016

MINHAS SÉRIES DE 2016

OK, o ano não foi tão ruim assim na TV - ou melhor, nas séries, porque acho que só a geração da minha mãe ainda diz que "vê TV". 2016 foi marcado pela chegada dos aplicativos dos grandes canais, embora só a Netflix já tenha um número considerável de assinantes. Mas, daqui a um ano. mais gente vai ter os apps da HBO, Fox e Amazon, além da já manjada Globo Play, e menos gente vai continuar pagando pelos exorbitantes pacotes da TV a cabo. O interessante é que não é só o jeito de consumir que está mudando. Novelas, variedades e realities estão em baixa. Séries continuam em alta. Por isto que, mais uma vez, minha lista só tem séries e minisséries. Em ordem alfabética:

THE AFFAIR (Netflix) - Ouvi falar muito bem quando a primeira temporada estreou nos Estados Unidos há dois anos, mas só consegui ver depois que chegou ao Netflix brasileiro. Era tudo verdade. "The Affair", ao contar o mesmo caso extraconjugal sob dois pontos de vista diferentes, inova ao praticamente transformar o "stroytelling" num de seus personagens. Já sei que, nas próximas temporadas, esses pontos de vista se multiplicarão. E ainda tem uma abertura sensacional, ao som da inquietante "Container" de Fiona Apple.

AMERICAN CRIME STORY: THE PEOPLE V. O.J. SIMPSON (FX) - Ninguém precisa ignorar o final da história para apreciar essa minissérie que fez um strike nos últimos Emmys. Os únicos elos fracos são Cuba Gooding Jr., que não tem um pingo do porte majestoso do verdadeiro O.J., e John Travolta, mais canastra do que nunca. Todo o resto é ótimo, e a reconstituição do crime mais célebre dos anos 90 - que terminou com a absolvição de um culpado mais do que óbvio - cabe feito uma luva na explicação desses dias que correm.


THE CROWN (Netflix) - "Downton Abbey"? O que é "Downton Abbey"? Qualquer lembrança da série britânica que marcou os últimos cinco anos se evaporou da minha cabeça depois que a coroa nela pousou. Com produção suntuosa, o roteirista Peter Morgan - o mesmo do filme "A Rainha"- consegue transformar em folhetim os primeiros anos de reinado da monarca mais discreta dos tempos modernos. Do elenco fabuloso, meus favoritos são Eileen Atkins (a apavorante rainha-avó, Mary) e Vanessa Kirby, uma sósia melhorada da infeliz princesa Margaret.

DIVORCE (HBO) - Sarah Jessica Parker não é uma atriz versátil. Sua personagem nesta comédia ácida lembra a Carrie de "Sex and the City" até nos trejeitos e nas respiradas. Inclusive dá para desconfiar que se trata de uma continuação: o que teria acontecido com a colunista mais hip de Nova York, se ela tivesse se casado com o oposto do Mr. Big? Um desastre, como o título da série já entrega. "Divorce" foi malhadíssima pela crítica americana, mas tem exatamente o tipo de humor que eu queria estar escrevendo. Pra você ver como eu sou mau.

JUSTIÇA (Globo) - A maior emissora do Brasil nunca investiu tanto em séries e minisséries, consciente que está do ocaso das telenovelas. Quase tudo foi bom, mas "Justiça" atingiu o status de obra-prima. Cada dia da semana focava num protagonista diferente, e as ligações entre eles fizeram perdoar os furos do roteiro. Com interpretações antológicas (Débora Bloch nunca esteve melhor) e direção primorosa, já é um marco da TV brasileira. E a Globo ainda marcou outro golaço com a pioneira trepada gay de "Liberdade, Liberdade".
MARSEILLE (Netflix) - A primeira produção francesa do Netflix decepcionou quem esperava uma trama intrincada à la "House of Cards". O controverso prefeito de Marselha que se vê ameaçado por seu próprio pupilo, interpretado pelo onipresente Gérard Depardieu, não é páreo para as maldades de Frank Underwood. Mas as paisagens bonitas da Côte dÁzur e as mulheres fatais garantiram que a série tivesse sabor próprio. Também amei o tema de abertura, cantado em árabe. Só não sei se o meu interesse é suficiente para uma segunda temporada.
#ME CHAMA DE BRUNA (Fox) - Perdão, "3%", mas é assim que se gasta direito um orçamento. A mais nova encarnação de Bruna Surfistinha teve tudo o que o badalado seriado brasileiro de ficção científica não teve: roteiro, elenco, direção, qualidade técnica e artística. Saiu bem mais realista do que o filme baseado nas memórias da prostitua mais famosa do Brasil. Dá quase que para sentir o cheiro de mofo y otras cositas más do "privê" onde se passa a maior parte da ação. E como é que Carla Ribas ainda não ganhou um papel de destaque na Globo?

THE NIGHT OF (HBO) - Poucos set-ups são mais batidos do que o da pessoa que acorda com um cadáver ensanguentado ao seu lado. A graça dessa minissérie era que o protagonista - um taxista de Nova York de origem paquistanesa - realmente tinha dúvidas se ele era mesmo o assassino. Além disso, o sujeito era muçulmano - uma camada a mais de complicações políticas num caso já bastante escabroso. Cereja do bolo: John Turturro, que a essa altura deveria ser muito mais premiado do que de fato é, faz um advogado pouco convencional.

STRANGER THINGS (Netflix) - Entre o final de julho e o começo de agosto, pareceu que o planeta inteiro estava vendo o mesmo programa. "Stranger Things" juntou a humanidade diante da TV porque tocou diretamente no nosso DNA emocional coletivo. Dramaticamente, a série não trazia grandes inovações. Esteticamente, menos ainda: era um pastiche dos anos 80, especialmente do que lembramos da década por causa dos filmes de Steven Spielberg. Mas aí é que estava sua graça. E o nariz sangrando da Eleven ainda se tornou meme.

WESTWORLD (HBO) - A HBO precisa encontrar logo uma substituta para "Game of Thrones", que só vai ter mais duas mini-temporadas. Mas será que é "Westworld", que consegue ser ainda mais cara? A saga futurista dos robôs ultraperfeitos que se revoltam contra seus criadores ganha relevância quando pensamos que é uma metáfora sobre o empoderamento feminino (os dois personagens principais são mulheres). Mas, apesar da boa audiência, "Westworld" não rendeu bochicho. O canal demorou para bater o martelo, e a série só volta em 2018.

25 comentários:

  1. Otimas,todas.Mas e a espetacular, maravilhosa,"heavy metal",intensa,"Mr Robot"?

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    1. Que vergonha, ainda não vi! Mas agora tenho Amazon Prime Video e a primeira temporada está lá. Vou cobrir essa lacuna no meu currículo.

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    2. Mr Robô é ridículo de ruim, tanto que a 2a temporada flopou.

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  2. Tony discordo de vc sobre Westworld. A serie n tevê repercussão aqui, mas nos EUA foi em uma crescente e no fim ja estavam comparando com Lost. Minha dúvida é mais se a historia se sustenta por muitas temporadas sem virar uma salada.

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  3. E o moço espancado por defender uma travesti hein? Que horror!

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    1. Está espantando por que? Por acaso não sabias que existem grupos organizados que saem por aí para espancar e matar gays, trans? Pois fique sabendo. Acesse os chans, se tiver estômago desça ainda mais para o fundo desse submundo. Nós gays brasileiros somos muito desinformados ou bobinhos mesmo. Existem aos montes, infelizmente, notícias de gays, trans mortos, acontece que os gays deste país não acompanham coisas relacionadas as suas próprias condições de existência.

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    2. Seu deputado em vez de ficar dando showzinho no congresso, devia estar trabalhando por isso, e trabalhando leia-se articulando, trocando ideias, convencendo pessoas, e não cuspindo e berrando que nem uma gralha.

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    3. Isso é uma PUTA injustiça com o Jean Wyllys. Ninguém defende mais os gays do que ele no Congresso. Eu também não concordo com tudo o que ele diz, mas jogar a culpa desse crime bárbaro nas costas do Jean é o cúmulo da escrotice.

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  4. 2 temporada de american crime >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> infinito>>>>>>>>> american crime story

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  5. Divorce é apenas pra gay antigo que idolatrava Carry Bradshaw e brincava com as amigas de quem é quem em Sex in the City. Bem coisa de quem era trintão na década passada.

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    1. Eu era trintão na década passada, não brinquei de quem é quem em SATC, e detestei essa Divorce, nem tanto pela apatia da Sarah Jane, mas pela apatia do ritmo da série, uma paumolecência que nem Viagra levanta, e esse humor que Tony ressaltou, aos meus olhos inexiste, é xôxo, nem é sutil nem fino, apenas sem sabor, num enredo que poderia dar samba, e só deu sono. Sarah Jane provando o que já sabíamos, ela é péssima.

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    2. Tenho 24
      Sou a Samantha

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    3. "Vc é a Carrie, Samantha, Miranda ou Charlotte?"

      Brincadeira chata que rolava no camarote uns 15 anos atrás. Só as retardadas mesmo.

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    4. Sou Carrie com ascendente em Miranda e Lua em Samantha.

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    5. Nossa Tony, bem que falaram que eram só as retardadas;

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  6. eu curti black mirror tb me julguem

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    1. Nem merece ser julgado mas ignorado.

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    2. "Black Mirror" entrou na minha lista do ano passado. Eu esperava mais dessa nova temporada...

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  7. Joice Hasselmann recebeu um presente dos reaças. Um animal morto no Natal. Sim, foram os reaças, doentes da mesmo trupe da Joice que enviaram esse animal morto. E ela sabe disso. Mas fica se fazendo de desentendida. Parece que foi um gato. Lá no Dogolachan os doentes vem falando disso quase que diariamente. E eles já sabem quem foi que enviou o animal morto para a Joice. Esta moça, que tanto propaga ódio, recebeu a típica ação doentia que praticam os reaças, criaturas essas que são do mesmo grupo da Joice. É como diz aquele ditado, a Joice colheu o que plantou. E não adianta isso ou aquilo, porque a Joice é mulher e reaças masculinos odeiam mulher e pronto. A reaça suprema da Rachel Sheherazade foi chamada, por reaças masculinos, de puta por ter se separado e está namorando. Mulheres reaças no fim acabam sempre recebendo a misoginia dos seus pares masculinos.

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  8. Tony, vc viu "This is us"? O que achou?

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  9. Sim, os pontos de vista de The Affair se multiplicam, mas perdem um pouco esse rigor do início. Mr. Robot anda em círculos na 2, tô fazendo m esforço pra acaber de ver. Na minha lista entre algumas das suas entraria tb O jovem papa e Gomorra 2.

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  10. Novamente vou te perdoar por não citar as séries da Marvel/Netflix e as séries trens (mas só faço isso pela sua fofura)

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  11. "The Affair" é sensacional. Admito, fiquei ao lado da Alison na história das versões. O que me chamou atenção foi o fato deles exporem tanto o relacionamento naquela pequena cidade, na verdade uma comunidade, praticamente uma vila, e não terem sido notados. Muito estranho isso. Tanto eles se arriscarem inúmeras vezes, quanto ninguém ter notado por tanto tempo que o Noah e a Alison estavam tendo um caso.

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