segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

MEUS DISCOS DE 2016

E aqui deslancha minha retrospectiva desse ano "horrívis". Achei por bem começar pela música, talvez a área mais atingida por essa louca despirocada que foi a morte em 2016. David Bowie, Prince, Billy Paul, Cauby Peixoto, Lidoka (das Frenéticas), Keith Emerson, Greg Lake, Leonard Cohen, George Michael e tantos outros se foram, muitos deles de repente. Daqui a uns tempos, talvez a gente perceba que este foi um ano de transição. Velhas estéticas estão definhando, mas uma nova onda ainda não se ergueu. Enquanto isto, é de se admirar o esforço de artistas consagrados em se reciclar. E todo mundo teve que se adaptar à nova realidade do "streaming". Inclusive eu, que cometi a proeza de comprar apenas 14 CDs físicos ao longo dos últimos 12 meses. Entre eles, todos os meus dez álbuns favoritos de 2016:

RECTO VERSO, Paradis - Graças ao Apple Music, nunca ouvi tanta música francesa quanto neste ano, mesmo sem ter posto os pés fora do Brasil. E a mais grata descoberta no gênero foi a dupla Paradis, que faz uma eletrônica suave, com lindas melodias. É em seu álbum de estreia que também está a minha canção predileta de 2016, a chiquérrima "Toi et Moi". Simon Mény e Pierre Rousseau parecem uma versão gaulesa dos Pet Shop Boys, meus eternos queridinhos. 

PALERMO HOLLYWOOD, Benjamin Biolay - Outro queridinho que se eterniza nas minhas listas de final de ano é meu noivo secreto Benjamin Biolay. Seu novo disco, quase todo gravado em Buenos Aires, por pouco não ocupou o topo desse meu hit parade pessoal. O sucessor de Gainsbourg se deixou impregnar pela sonoridade da capital argentina, mas continua sendo o mesmo Biolay de sempre: intenso, confessional, cheirando a Gitanes.

ANTI, Rihanna - 2016 foi o ano em que algumas divas dance resolveram surpreender seus públicos com trabalhos radicais, diferentes das babas costumeiras (a exceção desonrosa foi Britney Spears, boboca as usual). Nenhuma se arriscou mais do que Rihanna, que até na capa do álbum abriu mão da imagem de piranha gostosona. Mesmo assim, emplacou um hit global com "Work", apesar de ninguém entender sobre o que era a letra (era sobre sexo, dãã).

#1, Jaloo - Vivo reclamando da falta de novidades na música brasileira. Aí, quando surge alguém bacanérrimo como o paraense Jaloo, eu só percebo quase um ano depois do cara ter lançado seu primeiro disco. Ao contrário de Liniker, que de exuberante só tem a aparência, Jaloo combina looks futuristas com música moderna de verdade. Para mim, ele é de longe o melhor desse arco-íris transtudo que brilha hoje nos céus da MPB. Que venha logo o #2.

LEMONADE, Beyoncé - A bem da verdade, a sra. Carter já havia abandonado o Vale dos Homossexuais à própria sorte em seu álbum anterior, desprovido de chicletes sonoros. Mas agora foi além, e se expôs como nunca. Quem diria que o casamento mais poderoso do pop não era perfeito? E quem será a tal da "Becky with the good hair"? Beiônça se jogou até na música country, e ainda soltou uma pedrada antirracista com "Formation". Agora precisa levar o Grammy.

&, Julien Doré - Este terceiro francês a entrar na lista foi revelado pela versão local do "The Voice", e já é um astro estabelecido há alguns anos. Mas eu só fui apresentado ao rapaz por uma lista do Apple Music, e foi um coup de foudre. Doré canta naquele estilo sussurrado das cantoras francesas sem voz, apesar de ser bem dotado na garganta. E suas canções são escapistas: a bela "Le Lac" funcionou como as férias que eu não consegui tirar este ano.

BLUE NEIGHBORHOOD, Troye Sivan - O que também não falta nessa minha seleção é veado. O mais jovem de todos é um efebo sul-africano radicado na Austrália, que causou impacto no mundo inteiro com seu álbum de estreia, marcado por ótimas composições e letras confessionais. O ano pode ter sido pavoroso, mas é incrível vivermos num tempo em que um popstar pode se assumir gay desde o primeiro dia e fazer ainda mais sucesso por causa disso.

SUPER, Pet Shop Boys - E por falar em veado, olha aqui os vovôs dessa bicharada que hoje nano tem medo de por a cara no sol. Com 30 anos de carreira nas costas, Neil Tennant e Chris Lowe continuam no auge de seus superpoderes. Dessa vez, não fizeram um álbum temático: não estão contemplando o fim como em "Elysium", nem celebrando a putaria como em "Electric". Só lançaram mais um disco divertido, como se eles ainda frequentassem boates (o que eu duvido).

JOANNE, Lady Gaga - A Germanotta entra na lista mais pelo esforço do que pelos resultados. Depois do relativo fracasso de "Artpop", a moça passou os últimos três anos se reinventando. Cantou com Tony Bennett e em todas as cerimônias de premiação, até esquecermos da maluca que se vestia com carne. Suas novas músicas também não são para dançar, e a única que eu realmente amei foi "Hey Girl", o dueto com Florence Welch (a Lady Gaga britânica).

BLACKSTAR, David Bowie - Para terminar, o incontornável álbum-testamento de David Bowie. Difícil de ouvir quase até o fim, quando "I Can't Give Everything Away" recupera o pop acessível num último suspiro antes da estrela negra cair na Terra. Uma obra de arte à altura do maior artista do rock de todos os tempos, que só atingiu sua real transcendência três dias depois do lançamento, no fatídico 10 de janeiro. Pelo menos Bowie teve tempo de se despedir...

8 comentários:

  1. Poxa, quase que a Gaga não entrava na lista. Acho o álbum dela melhor que o da Rihanna.

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  2. Gosto não se discute e aqui vai a minha listinha para nada comercial:
    1. Jamie Cullum- Inglaterra
    2. Esbjörn Svensson Trio- Suecia
    3. Branford Marsalis- E.U.A.
    4. Avishai Cohen- Israel
    5. Antonio Sánchez -Mexico
    6. Richard Bona-Camerun
    7. Till Brönner-Alemanha
    8. Nils Petter Molvær-Noruega
    9. Andreas Vollenveider-Suiça
    10. Carlos del Junco- Cuba

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    1. Tu é muito chique , eu gosto mesmo é de musica comercial que agarra o povão do camarotão _ Rhiana, justin bibier, gaga, byonze, Ivetão,Anitão, sertanejão, funkão

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    2. 15:00 aproveite bastante o camarote. Quem realmente importa não bota mais os pés lá. Nada mais brega do que cena gay.

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  3. brigado, tonyah a senhora tem um bom gosto de doer em analgésico 1g

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  4. Faltou A Moon Shaped Pool da Radiohead

    Brinks!

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