sexta-feira, 8 de julho de 2016

TORTILLA EM FOGO BRANDO


Virou moda falar mal do Almodóvar. A cada filme novo dele, meio mundo cai de pau, dizendo que os antigos é que eram bons. Aí eu acredito, vou para o cinema esperando uma bomba e acabo gostando. Melhor assim, não? O padrão acaba de se repetir com "Julieta", que quase foi vaiado em Cannes e tem recebido críticas de medianas para baixo. Pois eu achei que está acima da média: não é nenhuma obra-prima, mas é melhor do que 95% do que passa por aí. Mais uma vez o diretor espanhol pegou uma história que não era sua e torceu-a até que ela ficasse. Ou melhor, pegou três  contos separados da escritora canadense recém-nobelizada Alice Munro e misturou numa tortilla. Talvez por isto mesmo, "Julieta" pareça meio desconjuntado. Na verdade, é praticamente uma telenovela mexicana requentada em fogo brando. Apesar das mortes e separações, não há um momento de grande emoção, nem uma única cena engraçada. Mas há um elenco afinado como sempre, especialmente Rossy de Palma. A Picasso-humana faz uma criada fofoqueira sem resvalar para a caricatura, um papel pequeno que, no entanto, é crucial para a trama. "Julieta" é o 20o. longa de Pedro Almodóvar e não vai ficar nem entre seus 10 melhores. Mas ainda é um Almodóvar, coño.

5 comentários:

  1. http://www.m.guiagaysalvador.com.br/5/n--ser-homossexual-e-escolha-diz-mara-maravilha--06-07-2016--2856.htm

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  2. Falem o que quiserem, tirando o trecho dispensável do telefonema pra moça que quer se matar, eu adorei o execrado Os Amantes Passageiros.

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  3. Nunca dá pra entender um filme do Almodóvar só pelo trailer

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  4. A medida que Pedro Almodóvar foi amadurecendo como autor , seu filmes foram se tornando mais técnico e cerebral, perdendo o frescor e espontaneidade que caracterizou sua primeira época . Talvez seja por isso que ele tentou voltar com o seu trabalho anterior, Amantes Passageiros, ao humor que tinha deixado atrás nas últimas duas décadas. Mas a tentativa falhou, principalmente porque os anos oitenta faz muito tempo que ficou atrás e seu humor e as situações pareciam de uma outra época, deixando claro que seus filmes precisava de outra mudança de rumo. E assim chegamos ao presente, com o diretor retornado a esses melodramas que caracterizam mulheres que se tornaram sua marca registrada e quase um gênero em si mesmo , o drama almodovariano.

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