quarta-feira, 15 de junho de 2016

SANTALUZ NO FIM DO TÚNEL

Dois professores gays (não sei se eram um casal) foram mortos na sexta-feira passada na cidadezinha baiana de Santaluz. Os corpos foram achados no porta-malas do carro de um deles, tudo incinerado. Esse tipo de crime deve ser tão comum pelo Brasil afora que nem chegou a ser notícia em São Paulo. Mas a reação chegou às manchetes: na segunda-feira, uma passeata de protesto tomou as ruas de Santaluz, e isto é ótimo. Edivaldo Silva de Oliveira e Jeovan Bandeira foram reconhecidos como membros importantes da comunidade, que agora exige justiça. Estou admirado, ainda mais porque o lugar parecia se encaixar perfeitamente no clichê do grotão atrasado e homofóbico. O Brasil está mudando?

45 comentários:

  1. Está mudando. Tudo muda lentamente. Tão lentamente que dezenas de centenas de nós gays, lésbicas e trans ainda morreremos antes que tenhamos igualdade de respeito em relação os héteros.

    Tudo pela hierarquia fixa que nosso colega disse que "serve para manter a cultura, as crenças e as tradições que nos trouxeram vivos até aqui, ao longo de incontáveis gerações."

    Ou seja, a base que sustenta a sociedade é estabelecida com sangue de LGBTs, de pretos, de mulheres e pobres.

    A pergunta, de fato, é: precisa ser assim? É necessário que uma minoria política (que é maioria numérica) sirva de alicerce para que um punhado de homens brancos, ricos e héteros ditem o rumo de nossa incrível "civilização", enquanto disfrutam de confortável vida?

    Eu e muitos outros acham que não. Mas se você acha que sim e é gay, nem sei o que dizer do seu caráter.

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    1. Toda essa onda conservadora é uma primeira reação a internet. A internet derrubou a cortina das crenças, culturas e instituições brasileiras. Um crente que se sinta ameaçado pela verdade que a internet mostra, vai reagir negativamente de imediato. Mas a força do conhecimento é maior. Olhe a revolução que o país está passando no aspecto político. O cultural vem depois. Até lá seguimos lutando, com paciência, por mudanças.

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    2. Seja insubmisso. Seja um pedra no sapato de qualquer elite. Nada mais chato do que aceitar as coisas como elas são. Eu vim no mundo para incomodar.

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    3. Se prepare para a enxorrada de ataques, vc não aprendeu ainda que aqui não é lugar para falar esse tipo de coisa, sua recalcada.

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    4. A palavra que deixa elas nervosas é democracia. Elas perdem a cabeça. Ficam irritadas. Imagina viver num país democrático.

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  2. Quando li a notícia igualmente fiquei admirado. Existem Vários Edivaldos e Jeovans que são mortos Brasil afora quase que diariamente. Agora, se o Brasil está mudando ? De algum modo sim, muito lentamente, quase parando. Mas tudo dentro de nossas possibilidades limitadas enquanto povo. Santaluz é um exemplo a parte. Creio, eu. Seria bom um estudo minucioso para saber a quantas andas a opinião dos brasileiros acerca de valores morais e sociais para podermos ter a noção se Santaluz é um caso excepcional ou um avanço lento que começa a correr pelo Brasil.

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    1. Ou é somente um local que por aqueles motivos insondáveis ainda não caiu na malha dos evangélicos. Acontece.

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  3. Um primo de segundo grau foi morto na Chapda Diamantina num caso como o do atirador mal resolvido de Orlando. Ele pegou 7 anos. Isso foi em 2002.

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    1. Ele foi morto e ainda pegou 7 anos? Tenso.

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    2. Um primo meu tb foi assassinado uns 14 anos atrás. Nada foi dito pela mídia. A assassino está solto ainda fugitivo. Era um cara de classe média e estava na universidade na época. Não tenho dúvidas que há muitos outros casos.

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  4. Alguma lei mais forte ajudou a diminuir algum crime que envolva homicídio no Brasil? Pergunto isso porque não sei mesmo esse dado. A Maria da Penha reduziu morte de mulheres? Uma lei para crime de ódio a gays mudaria o número de mortes? Ou seria mais uma questão cultural no sentido de estabelecer algo mais claramente? Acho que essas e outras questões são levantadas pela sociedade e os defensores de lei para crime de ódio a gays não respondem com firmeza e deixam essa lacuna na mente das pessoas, que independente de serem a favor ou contra, passam a achar que é apenas lobby gay. Estou apenas expondo um lado da questão, não sendo contra ou demonizando.

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    1. Antes da Lei Maria da Penha, casos de violência doméstica mal eram contabilizados pela polícia ou Ministério da Justiça. Portanto seria difícil até mesmo responder sua pergunta. O que acontece de fato é que a violência contra a mulher e os homossexuais é tão naturalizada e justificada na nossa sociedade que isso não é comumente como um problema a ser mensurado ou sequer resolvido.

      A aprovação de uma lei que tipifica o crime de ódio a gays seria um passo na direção de mudar isso. Políticas públicas poderiam originar de um avanço legislativo como esse. Para ser sincero, duvido muito que na situação atual as Polícias Civis e Militar ou o MJ tenham dados sobre o número de vítimas fatais de homofobia no Brasil. Tanto é que para pesquisar isso, temos que recorrer ao site mal feito do Grupo Gay da Bahia, para vc ver o nível de descaso dessa questão toda.

      Em resumo, quando tivermos uma lei que criminalize a homofobia, talvez órgão públicos comecem a quantificar o número de ataques a gays, e depois de alguns anos, saberemos a resposta à sua pergunta.

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    2. Obrigado pela resposta, gostei muito. Acrescentaria que no Brasil assasinatos não são resolvidos, é tão pequena a porcentagem que nem merece mencionar. A realidade é que nossa sociedade não quer lei nem justiça.

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    3. Não diria o site mal feito, diria o site possível...

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  5. Tenho a impressão que estamos mudando, mas para pior, cada vez mais ódio exposto como feridas. Ou será que o ódio sempre esteve ai e, na verdade, há mais meios de externá-lo (redes sociais, sites interativos, etc.)???? O que realmente me surpreende é a comunidade externar AMOR e INDIGNAÇÃO, atitude que eu achava que ja estava em extinção. Tenho medo é da normatização da violência, essa sim um sintoma de decadência da nossa civilização.

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    1. Comunidade externou indignação provavelmente por serem professores queridos, se fossem duas travas ou drags ou afeninados sem emprego bonito e fervidas na noite passaria batido. Apenas acho. Sociedade não se solidariza com o que ela julga imoral.

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    2. Olha Marcelo, entre em alguns clubes gays no Rio e São Paulo que vc vai entender. A violência vc já encontra dentro da comunidade. Os espaços são literalmente delimitados. Travestis, trans, negros, pobres, gordos, afeminados, etc...tem acesso bloqueado a uma parte dos espaços ou, pelo menos, frequência evitada. Sempre houve ódio contra essa gente diferenciada. Não entendo pq as pessoas ficam assustadas por estarem sendo criticadas. As pessoas agem como não tivessem feito nada de ruim. É como chegar em casa, um lugar onde vc espera compreensão, e ter um banheiro separado para vc pq vc é diferente em algum aspecto da vida.

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    3. Transexual, travesti e afeminado são bem vindos em locais restritos para fazer show caricato e piada.

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    4. Não quero gente que não me agrada em meu círculo. Simples assim. Só hipócritas dizem o contrário. Desejo o melhor para todos, mas seguirei escolhendo a dedo quem cruza a minha porta, tal como faziam meus avós, tal como farão meus os sobrinhos.

      Certos discursos de inclusão são lindos. Dariam um belo filme da Disney com tigres e coelhos falantes que vivem em harmonia, mas a realidade é diversa da fantasia, colegas!

      Todavia, como dizem, o choro é livre.

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    5. *os meus sobrinhos

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    6. Afeminados só garçons de vôo, estilistas e balconista do Mcdonalds.
      No resto da maioria das profissões e empregos, tem que ser machinho.
      Há exceções? Há. E só confirmam a regra.

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    7. 01:26 Impossível. A maioria dos gays sao afeminados e estão em todo tipo de atividade. Mas ninguem quer se enxergar como um afeminado.
      É o que todo mundo já sabe. Os gays se sentem inseguros de fazerem parte de ums minoria, de perderem oportunidades ou serem rejeitados. Ele tem preconceitos com ele mesmo. Se iludem que são masculinos mas a gente reconhece de longe a feminilidade no jeito de andar, nas roupas, na gesticulaçao, nas escolhas e na voz.

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    8. 00:59 Vc disse bem, "no seu círculo" ou na sua casa. Em locais aberto ao público, restringir qualquer espaço é preconceito. As pessoas tb não querem pobres e negros no aeroporto mas a ética e o bom senso não impedem o acesso deles ao local. O mesmo em shoppings. Escolher as pessoas a dedo não resolve o problema da sua limitação intelectual como vc pode ver. Como de costume, muitos gays quanto mais burros mais criam uma ilusão de riqueza e superioridade que não tem. Vc pode não querer, mas a segregação está ficando cada dia mais restrita e mais óbvia pra sociedade. Se vc não quer fazee papel de babaca, fica a dica.

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    9. 08:18. Não liga muito pra isso. A 01:26 e a 00:59 provavelmente são afeminados de classe média que acham que são elite. Se querem tanto estar bem rodeados e se são tão ricos pra isso. O que fazem no Brasil ainda? Quem quer exclusividade e pode bancar isso já foi pros EUA ou pra Europa. Se não foram ainda, lamenro informar mas as duas são de classe média como a maioria da populaçao brasileira.

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    10. Ressentida das 10:20 - Que mané EUA ou Europa. Há, em nosso amado país, um mundo exclusivo que revista Caras não mostra, mon chéri. Quem se manda em busca de "segurança" é justamente a classe média. Sendo assim, continue pagando juros para consumir e batendo o relógio de ponto, ok? Meus privilégios concedidos pelo bondoso Deus contam com isso.

      Ah, e mesmo com um pied a terre no sudoeste da ilha (entendedores entenderão), não troco minha bolha paulistana por nada.

      quaquá das 8:04 - "feminilidade no jeito de andar, nas roupas, na gesticulaçao, nas escolhas e na voz." Credo, fale por você, recebi boa educação e sei me comportar.

      ADORO quando tipos como você dizem "mas você nem parece". Pois é, vem de berço.

      Beijos.

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    11. 8:18, Você claramemte confunde (ou desconhece a diferença entre) locais semiprivados/semipúblicos e espaços públicos. Ninguém impede você de ir sentir o cheiro do povo numa praça da sua cidade. Quanto a mim, prefiro pagar para não correr o risco de ouvir o seu discurso militante ao vivo.

      Já havia área para os vips no Coliseu, e haverá nas cidades espaciais do futuro. Pare de chorar e aceite de uma vez.

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    12. Alguém interne essa bichas com mania de riqueza. Cada vez que leio um comentário dessa doente eu imagino o Lemann tirando uns minutinhos do dia dele pra vir bater boca com anônimos no blog do Tony. Kkkkk

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    13. Iludida das 12:09. Esse país exclusivo que a Caras não cobre não possui pessoas que dizem QUE MANÉ e muito menos pessoas que perdem tempo de escrever em blog anônimo. Aliás, o seu pied-a-terre em NYC (que duvido que tenha já que todo gay em são paulo surta que é rico, fino, exclusivo e milhonário), típico da nova classe média brasileira, poderia ser trocado por uma bela townhouse em NYC ou London. Nesse momento a gente começa a conversar sobre o quão exclusivo vc é. Mas eu já percebi que vc não tem dinheiro pra isso. Tenho visto filho de quatrocentão trabalhando para poder sobreviver. Então fofa, ilhonário de instagram celebrando aniversário com permuta tá cheio. Le prochain svp!

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    14. 8:18 HAHAHAHAHA. Pagar? A gente sabe que vc não paga. Pede vip ou lista. Ou membership card. Vcs não tem dinheiro. kkkkkkkk

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    15. 13:58 KKKKK chama-se ócio dos privilegiados, baby.

      14:09 "milhonário"... Sem mais.

      O vitimismo histérico das ressentidas é a cereja cômica do blogue. ADORO.

      Ainda bem que só preciso interagir anonimamente com tipos assim, pois sempre bloqueio - no Instagam - essa gente que não tem reboco tanto na parede de casa quanto na aparência da alma.

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    16. A Pobre de Espírito falando de reboco na aparência da alma é uma piada pronta. #voltaMono, a loucura da Pobre não tem a mesma graça!

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    17. 18:34 e vc achando que era a única que sabia o que era um pied-a-terre em New York. Adoro a nova classe média gay brasileira que decora todos os termos que encontram na Casa Vogue mas paga o financiamento do "novo empreendimento" Gafisa na Bela Vista e ainda sai em coluna social de interior.

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    18. 19:34,

      Depois do google, qualquer um pode saber sobre qualquer coisa, my dear.

      Ter a experiência é que são elas...

      A bientot!

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    19. Oque é isso?
      Baixou novamente a doença mental das Ryca se afirmando em nada.
      Xô! caboclinhas abduzidas.

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    20. 20:58 pois é amiga. agora até pied-a-terre em NY elas tem. Mas eu só vejo gente empregada, mão-de-obra operária, vendendo a força de trabalho para um verdadeiro empresário qualquer.

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  6. vivemos numa mistura de sec 19 com idade da pedra

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  7. Que horror que barbaridade, sem palavras!

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  8. O mio babbino caro
    Já mudou, e inevitavelmente vem a reação. Sob o impacto de alguns casos, pode acontecer excepcionalmente uma manifestação como esta, que contribua para a consolidação do respeito à comunidade. E a lição de casa, nós próprios fazemos? Veja só quanto ódio destilado, muitas vezes diante de comentários que poderiam ser apenas, comentários discordantes.

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  9. Mudou nada. Se esse crime fosse 10, 20 anos atrás, na mesma cidade, envolvendo esses dois professores, ainda assim a população iria pras ruas pedir justiça. Se fosse um padre afeminado e querido, as pessoas também iriam pras ruas.

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    1. 22:03,
      Obrigado por trazer um pouco de sanidade ao debate.

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    2. Consternação teria invariavelmente. Mas sair às ruas em uma cidade pequena? Duvido. Acho que vocês estão viajando, ou nasceram depois de 2013.

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    3. Tavam movidos pela comoção de Orlando.

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  10. Desde quando o interior do Nordeste aparece na mídia "nacional" por outro motivo que não a seca? Acredito que o único veículo de grande alcance a tratar do assunto foi a BBC Brasil. Os outros apenas republicaram ou foram obrigados a prestar atenção.

    Estão muito preocupados em consolidar clichês sobre os "grotões", como se não existisse vida fora dos grandes centros ou como se não houvesse gays recebendo lampadadas na cabeça no coração de São Paulo.

    Nossa imprensa é tão ridícula que a BBC e o El País precisaram vir da Europa para mostrar como se faz jornalismo. E dão um banho, consideradas as limitações. Não é raro clicar em alguma coisa interessante ou consistente publicada em portais brasileiros só para descobrir que trata-se de uma republicação de conteúdo da BBC. Como a matéria que você apontou.

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  11. Não mudou em nada, apenas as coisas estão mais claras: o Brasil não é tão diferente assim, de norte a sul! Só que o preconceito maquiava as coisas, porém vivemos um tempo em que as máscaras estão caindo, o sul não é essa maravilha toda, o nordeste segue a sua evolução. O país como um todo ainda é muito hipócrita e atrasado, vai levar décadas para evoluir de verdade.

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