segunda-feira, 13 de junho de 2016

ME LIGUEI NO CHOCOLATE


O que é mais difícil: ser gay ou ser negro? A homossexualidade, pelo menos, de vez em quando dá para disfarçar. Já um negro vivendo num mundo dominado por brancos está exposto o tempo todo, por mais que alise o cabelo. Se a barra está pesada até hoje, imagine como era cem anos atrás. Esse é o tema de "Chocolat", que está passando no Festival Varilux do Cinema Francês e entra em cartaz no Brasil em 21 de julho. O filme conta a história do primeiro palhaço negro a fazer sucesso em Paris, em plena Belle Époque. Mas metade da graça que achavam em Chocolat era o fato dele ser chutado, espancado e vilipendiado o tempo todo por seu parceiro Footit. Os dois foram eternizados em telas de Toulouse-Lautrec, mas caíram no esquecimento depois da 1a. Guerra Mundial. Esse longa bem ao estilo cinemão - roteiro quadradinho, produção requintada, atores fenomenais - resgata a história, que me fez pensar se alguma coisa de fato mudou. Lembrei do Mussum, que, mesmo tendo vivido mais de meio século depois, também teve uma carreira acossada pelo racismo de seu público. Omar Sy, que já encantou o planeta com sua performance em "Intocáveis", encontra aqui mais um papel à altura de seu enorme talento. Mas quem me surpreendeu mesmo foi James Thierée, que faz seu parceiro de cena. Tão flexível e expressivo que confirma sua ascendência: o cara é neto de Charles Chaplin.

10 comentários:

  1. Bicha, preto e pobre deve ser difícil. Nem os gays aceitam.
    Já os cafuçu, todas querem.
    Questão de gosto, diriam.

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  2. E ser mulher brasileira amigo

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  3. Adoro quando o Tony segue direitinho a cartilha que "ninguém" escreveu.

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  4. Eu sou os dois: negro e gay.
    Estamos todos sensibilizados com a violência perpetrada no fim de semana contra os gays, mas quando no Grindr vem escrito: Não curto negros! Preconceito? Não, imagina... Preferência. A mesma preferência em não querer ver dois homens se beijando a luz do sol... É só preferência.

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    1. Ja vi negro gay que não curte sexo com branco. E agora?

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    2. Preconceito disfarçado de preferência. Uma enormidade de latinos rejeitam os negros. Acredito que muitos negros adotam o discurso da preferência para minimizar o constrangimento do preconceito. Muitos gays rejeitam o discurso de homofobia pq não aceitam o fato de serem parte de uma minoria. As pessoas vendem a alma para se sentirem dentro da parte "aceita" da população. Esse fator enfraquece demais o movimento negro e o movimento gay. Por isso muitos gays e negros odeiam fazer parte de movimentos sociais. Eles tem medo de serem associados aos rejeitados mesmo já sendo parte deles.

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  5. O mio babbino caro
    Nem precisaríamos ir tão longe, a cinebiografia de Benjamin de Oliveira somente aguarda seu momento. Ser negro e ser gay são coisas distintas, muito distintas, é a velha diferença das semelhanças e as semelhanças das diferenças (M). Destá que existir, disfarçando algo tão poderoso quanto a sexualidade, mesmo que somente de vez em quando, não é nada confortável.
    Lastimável mesmo, é viver esperando aceitação, que somente vem quando se despreza o pretenso. A sabedoria auxilia a viver mais forte se a barra é pesada.

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  6. querido Tony detesto anônimos...
    ps. Carinho respeito e abraço.

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    1. Jair, é fato, de 9 comentários, 8 são anônimos, confira qualquer outro post é nessa proporção. Resumo, sem os anônimos sobra muito pouco, quase nada, para não dizer outra coisa. O histórico de animosidade é tal entre aqueles que comentam, que se tornou uma questão de segurança. Veja oque rolou no auge dos tais coxinhas x mortadela. Foram ameaças explicitas de violência e insanidade. Está aí, se quiser, é só rever.

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