domingo, 31 de janeiro de 2016

NOME NA LISTA


É incrível pensar que os Estados Unidos, onde impera uma liberdade de expressão absoluta, perseguiram gente por causa de suas ideias há pouco mais de meio século. O estrago foi bastante visível em Hollywood: dezenas de atores, roteiristas e técnicos tiveram suas carreiras arruinadas. Um dos casos mais famosos é o de Dalton Trumbo, que chegou a ir em cana só por ser filiado ao partido Comunista. Quando saiu, ele e seus colegas de lista negra não conseguiam mais trabalho. Essa história é contada no filme "Trumbo" de maneira bem quadrada. Bruan Cranston foi indicado ao Oscar, mas faz um pouco de careta demais no esforço para se desvencilhar de Walter White. E Helen Mirren quase o foi, por transformar a colunista de fofocas Hedda Hopper numa versão florida da Bruxa Malvada do Oeste. Dalton Trumbo foi um roteirista genial, que ganhou dois Oscars (sob pseudônimos) e escreveu clássicos como o "Spartacus" de Stanley Kubrick. Ele provavelmente ficaria bem puto com o roteiro caretinha que sua cinebiografia ganhou.

10 comentários:

  1. Liberdade de expressão, onde quer que seja e mesmo nos EUA, é apenas liberdade para se dizer aquilo com o qual o Estado e a oligarquia que o controlam já concordam. Podem não silenciar todos ou o tempo todo, mas silenciam mais do que um Estado que permite a "liberdade de expressão" silenciaria.

    Os EUA perseguiram pessoas que o governo achava que eram "comunistas" durante guerra fria. Dá um google em McCarthy e veja.

    Liberdade de expressão é apenas uma palavra bonitinha que os poderosos usam para dar a impressão de que podemos falar o que queremos. Aliás, podemos, desde que apenas poucos nos escutem.

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    1. Não preciso googlar: o filme "Trumbo" é exatamente sobre a perseguição a esquerdistas durante a chamada "era McCarthy".

      Agora, você é que precisa googlar sobre a liberdade de expressão nos EUA. Por lá, é praticamente um valor absoluto. Tanto que grupos de ódio como o Ku Klux Klan são tolerados. Pregações racistas, nazistas e antissemitas que dariam cadeia em muitos lugares do mundo são perfeitamente legais por lá. Por isto que a Suprema Corte, entre outras decisões, declarou ser constitucional que a revoltante Igreja Batista de Westboro faça suas manifestações em enterros de veteranos de guerra, por exemplo.

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    2. Exatamente queridinho!! Os poderosos dos EUA que controlam o governo não têm problema nenhum em deixar que racistas dos Ku Klux Klan disseminem ódio contra negros e que os insanos da Igreja de Westboro faça o mesmo contra os homossexuais.

      O que eles não toleram é alguém fale que o livre mercado e capitalismo com base no clientelismo vigente nos EUA sejam prejudiciais à sociedade. Daí a perseguição aos esquerdistas na "era McCarthy".

      Você não percebe, mas você tentou refutar meu post com argumentos que o comprovam.

      Liberdade de expressão é um unicórnio. Lindo, majestoso, utópico.

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    3. Eu usei exemplos de manifestações que seriam censuradas em muitos lugares do mundo, inclusive no Brasil. Nos EUA são toleradas, e não só elas. Lá existem partidos de todas as tendências, da esquerda à direita e para cima e para baixo. Nenhum é reprimido.

      Aliás, o que não falta na sociedade americana são críticas a ela mesma. Foi lá que surgiu a contracultura, lembra? E movimentos importantes, como o feminismo e a luta pelos direitos LGBT. Poucas sociedades são mais abertas que os EUA.

      Isto não quer dizer que eu ache que o país seja o suprassumo ou que a humanidade deva se submeter a ele. Os EUA têm uma tonelada de defeitos. Mas censura e perseguição políticas não estão mais entre eles.

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    4. Se vc prestar atenção, minha crítica não é aos EUA (ou não principalmente aos EUA), mas à tendência de vários países de dizer que são tolerantes para posar de cool, mas só permitir a expressão de valores ou ideias que eles já concordam.

      Isso inclui o Brasil, os EUA e muitos muitos outros. Meu ponto : liberdade de expressão só existe para o que não incomoda quem manda na porra toda.

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    5. Eu acho que a discussão deveria ser outra: será que a liberdade de expressnao é mesmo um valor absoluto? Por exemplo, a Grã-Bretanha demorou muito a reprimir a pregação de mulás extremistas em algumas mesquitas. Se tivesse reprimido antes, teria talvez coibido o terrorismo. E aí, qual seria o mais correto a fazer?

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    6. Sim, essa é uma pergunta interessante. A linha entre liberdade de expressão e discurso de ódio é muito tênue em alguns aspectos, e pregações extremistas quase sempre andam bem nesse limite entre os dois.

      Mas pra responder a sua pergunta, acho que liberdade de expressão não deve ser absoluta. Não existe liberdade absoluta para nada, pois ela esbarra inevitavelmente em outras liberdades. Falar em liberdade absoluta de expressão é como falar que temos direito a praticar o terrorismo pois devemos ter direitos políticos amplos numa democracia. Por razões óbvias, esse direito político absoluto não existe. Uma pena que muita gente não percebe o mesmo em relação à liberdade de expressão e quer ser racista/homofóbico sem precisar ter vergonha na cara...

      A questão é que é extremamente lamentável que a liberdade de expressão normalmente só é controlada quando ela ameaça a liberdade dos ricos e poderosos de guiar o as discussões políticas de uma nação.

      Mas me paga um café que a gnt bate um papo :)

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  2. Só eu que fico pensando que esse nome rima com Dumbo, aquela animação antiga da Disney?

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  3. Interessante, isso acontece até hj, de forma covert. Vc conhece algum roteirista comunista? Mais um filme pra lista.

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