segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

METADE POR METADE

"Medida por Medida" é a mais escrachada das comédias escritas por Shakespeare. Tem puta, viado, bandido, bêbado, cafetão: é praticamente uma chanchada. Mas o diretor Ron Daniels não enxerga a peça assim. Sua montagem em cartaz em São Paulo desperdiça dezenas das piadas que já vem prontas no texto. Ele também não conseguiu limpar totalmente o vício recorrente dos atores brasileiros quando interpretam o bardo: a fala empolada, grandiloquente, como se as palavras fossem esculpidas em ouro. Mesmo assim metade do elenco está muito bem, como Luiza Thiré (bastante parecida com a avó Tônia Carrero), Silvio Zilber, Felipe Martins e uma irreconhecível Giulia Gam, hilária como a prostituta Bem-Passada. Mas os pontos altos são ofuscados não só pela direção frouxa como por, literalmente, luzes de neon que ficam acesas no palco durante boa parte do espetáculo. Essa "Medida" é boa só pela metade.

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