domingo, 31 de janeiro de 2016

HOW DO YOU SOLVE A PROBLEM LIKE MARIA?

A Virgem Maria é uma invenção relativamente tardia do cristianismo. Os textos originais em aramaico usam uma palavra que pode ser traduzida como "jovem", não necessariamente uma virgem. Além disso, a Bíblia fala em irmãos de Jesus: quem seria o pai deles? A própria Maria é citada poucas vezes nos evangelhos, e provavelmente se espantaria de ter se tornado uma espécie de deusa. O monólogo "O Testamento de Maria" é uma tentativa do dramaturgo irlandês Colm Tóibin, criado como católico, de explorar a mulher comum que pode estar por baixo da santa. A peça causou um certo escândalo quando estreou em Londres e Nova York, além do mais porque levava um abutre vivo para o palco. O diretor Ron Daniels dispensa esse requinte na montagem brasileira, e o substitui por alguns equívocos. Criou marcas inúteis, pôs um músico ao vivo para competir com as falas da atriz, e ainda a vestiu num horrendo macaquinho, digno de dona-de-casa suburbana em dia de calor. Ainda bem que essa atriz é Denise Weinberg. Eu nunca tinha a visto em cena, e fiquei arrepiado. A mulher é um assombro. Dicção perfeita, presença magnética, entrega absoluta. Sua Maria primeiro se irrita com os seguidores do filho, uns "desajustados", depois se horroriza e desespera com o suplício por que ele passa. Agora, vivendo no exílio em Éfeso como uma espécie de prisioneira dos apóstolos, ela desabafa e faz uma confissão de fé, Que não deixa de ser em algo que ela mesma irá se tornar... Mais não conto, tem que ver. Mas é bom ir preparado. Na sessão a que eu fui teve um cara que levantou e foi embora.

10 comentários:

  1. Dá para perceber que você não é muito fã desse tal de Ron Daniels!
    rsrsrs

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    1. Eu nunca tinha visto uma peça dirigida por ele até a semana passada. Aí vi duas em seguida e começo a achar que ele não é isso tudo o que dizem.

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  2. O mio babbino caro
    Você não conta a confissão de fé mas o Adnet Spoiler conta rsrs

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  3. Você é um colunista de entretenimento e um roteirista de cinema, televisão e publicidade, por que dá tanta importância para os textos teatrais?

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    1. Porque o teatro é a base de tudo. Ninguém escreve bem para cinema ou TV se não conhecer pelo menos um pouco de teatro.

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  4. Te que dizer pro fulano que acima que teatro é a base da dramaturgia, uma coisa não vive sem a outra... E que cinema e telenovela são desdobramentos disso.

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  5. Quando sou informado de que pessoas deixaram, indignadas, o teatro ou o cinema, é aí msm que sei q a peça/filme vale a pena e minha vontade de conferir só aumenta

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  6. O texto começa com o colunista afirmando algo que pode não ser verdade, e causar desconforto diante da fé de quem é católico. Não seria mais prudente começar de modo diferente para não fomentar isso? É a opinião dele, claro, mas hoje em dia está todo mundo expondo "sua opinião" sobre tudo, e em alguns casos, de um modo desrespeitoso. Fica no mesmo nível de um radical religioso católico quando discorre sobre a homossexualidade, evocando mil teorias sem provas nem fundamentos; só hipóteses e leituras de caráter pessoal.

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  7. Achei muito chato. Vi ontem e o teatro é ruim. Não enxergava direito de onde estava e dentro da cabine falavam alto e perturbava. Ela é muito muito boa.

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  8. Desde Salve Geral, amo Denise Weinberg

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