quarta-feira, 7 de outubro de 2015

TV EM PRETO E BRAU

Em 1975, a novela "Pecado Capital" mostrou a primeira família negra de classe média da teledramaturgia brasileira. Até então, atores negros só faziam escravos, empregados e olhe lá. Mas os personagens daquele núcleo eram pouco importantes para a trama, e foram esquecidos rapidamente. Mesmo assim, é impressionante que, 40 ANOS DEPOIS, ainda estejamos discutindo a pouca presença dos negros na TV brasileira. Melhorou? Sim, um pouco. Mas claro que ainda falta muitíssimo. Este é o assunto da reportagem que jornalista inglês (radicado no Brasil) Bruce Douglas escreveu para o jornal "The Guardian". Eu fui um dos entrevistados: quem quiser ler o que eu falei, tá aqui o link para a matéria. Na verdade falei muito mais - cerca de meia hora diante das câmeras, para um vídeo que ainda não foi postado no site do jornal. Assim que sair eu aviso. E convido todo mundo para o debate: o que impede o negro estar bem representado não só na nossa TV, mas também no cinema e em todas as artes? Racismo de quem produz ou de quem assiste?

33 comentários:

  1. dos 2, o brasil é um país de supremacia branca.

    ResponderExcluir
  2. Não sei se eu concordo com a sua análise na matéria, Tony. Acho que você foi muito otimista.
    A maioria dos brasileiros tem tanto, mas tanto, mas tanto preconceito, que eles sequer conseguem se enxergar como negros ou pardos. E, por não se acharem negros, querem ver na Tv um reflexo da sua autoimagem(como se veem ou como gostariam de ser- autoimagem real, fictícia ou idealizada). Ou seja, querem ver brancos, loiros, etc.
    Negro é sujo, é ladrão, é escravo.
    quem quer ser mais do que isso, tem que se identificar com branco.
    Ainda tem que ser postos em posição de heróis aqueles que se veem como negros e como lindos. Que usam e abusam das características do corpo, sem esconder ou maquiar.
    O Brasil não quer ser negro.
    Não quer ser gay, não quer ser mulher.
    E isso não vai mudar tão cedo porque somos um país sem educação.

    ResponderExcluir
  3. O mio babbino caro
    Eu não falei que voche é phoda.
    Com certeza você conhece, Negação do Brasil do Joel Zito Araújo, o filme e o livro. Então, além de tudo aquilo, ainda tem o eterno adiamento do acerto de contas com a população negra, que para desespero doSS "The Fool", vai chegar. A moleza vai acabar. Todos aqueles filmes afro-americanos que não chegam aqui, ou quando chegam, chegam "blindados" para não atingir a população negra, serão vistos e ficarão mais tempo em cartaz que qualquer Ida ("Abordar o tema judeu e o Holocausto pode ter contribuído para que o filme tivesse mais reconhecimento") enfim, aguardemos os comentários elucubrantes que virão, e a estréia de Straight Outta Compton - A História do N.W.A., em quais salas, quando e quanto tempo ficará em cartaz, (se chegar).

    ResponderExcluir
  4. I Love Paraisopolis é atualmente o melhor exemplo disso, nem Hitler imaginou uma favela brasileira tão ariana igual essa retratada na novela.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Hahahahaaha!! Verdade! Favela mais fake impossível.

      Excluir
  5. É claro que a participação dos negros e mulatos na TV é baixíssima, deveria ser muito, mas muito maior.
    Mas você já observou também que quase não são vistos descendentes de japoneses na mídia? Aqui em São Paulo eles são vários, estão por todos os lados, menos nos comerciais, propagandas, novelas, filmes.

    Aparecem muito pouco, fazendo um esforço consegui me lembrar de um filme que se passa na Liberdade, e de uma atriz somente: Daniela Suzuki. Por que será essa falta de representatividade??

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, mas japoneses realmente são minoria no Brasil, portanto a representação seria menor, já negros e mestiços não são minoria em quantidade populacional.

      E o brasileiro é racista, incluindo os negros que não se identificam como tal, estes, seriam como os gays que trepam com pessoas do mesmo sexo mas não admitem que são gays.

      P.S Respeito o casal da foto, versão brasileira de Jay-Z e Beyoncé, que por sinal eles reproduzem na série.

      Excluir
  6. Tem raízes históricas. Mas a Globo é uma das responsáveis. Idealizaram o branco num país de pretos.
    Até hoje é assim. Muitos negros querem parecer brancos. Plasticas para reduzir os traços negroides e cabelo alisado. Algumas clareiam a pele, como Nicki Minaj.
    Mesmo atrizes como Camila Pitanga, Tais Araújo, etc...tem traços finos de misturas de negros com europeus.
    Apenas esquecem que o maior ator da história do Brasil foi um preto: Grande Otello.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A branca é livre para usar o penteado que quiser, mudar a cor da pele com bronzeamento, já a negra, se não carregar uma juba de 5 metros de altura na cabeça, é acusada de negar as origens. Não podendo escravizar os negros fisicamente, hoje os racistas os escravizam psicologicamente, através do penteado, por exemplo.

      Excluir
    2. Concordo. Entendo a busca pela autoafirmação que se passa também pelo aspecto físico, mas penteados de cabelos são vários e as mulheres negras também são livres para experimentá-los. E não há nada mais lindo do que ver uma Camila Pitanga que poderia se passar por uma moreninha brasileira, se assumir como negra, isso é foda de legal! E viva aos diversos tipos de cabelo!

      Excluir
  7. A cena em que a personagem da Tais Araujo abre a porta para o candidato a mordomo na casa do Brau é autoexplicativa!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mas tinha outro componente na cena, ela vestia algo que parecia uma farda... Realmente é de se imaginar se ele faria a mesma dedução se fosse a Luana Piovani...

      Excluir
  8. Os EUA, com apenas 8% de negros em sua população e problemática racista agressiva histórica, tem hoje seu show business dominado por cantores, bailarinos, comediantes e atores negros de qualidade, e já também diretores e até diretoras.
    Não há explicação para o caso do Brasil. Racismo não pode ser, pois Grande Otelo fez muito sucesso nos anos 40, no sofisticado Cassino da Urca, frequentado por uma classe alta onde negros eram apenas serviçais. Cantores, crooners, compositores e músicos negros foram sempre reconhecidos. Escolas de samba são há muito tempo um must para socialites e classe média. As mulatas bonitas conseguem espaço e mesmo um feioso talentoso, como Lázaro Ramos, foi sempre bem recebido e prestigiado.
    E por que são tão poucos os atores negros? É inegável que a Globo tem procurado sempre encaixar atores negros nas novelas, e nem sempre são esses bons ou experientes.

    ResponderExcluir
  9. Tony,

    Meu primeiro impulso foi, respondendo à sua pergunta, dizer que o racismo está em quem produz. Então, pensei nos recordistas de visualização no Youtube brasileiro e percebi que, dentre aqueles que pude lembrar, quase todos são brancos.

    Então, fiquei tentado a reproduzir o discurso do Bruno (aqui dos comentários) e dizer que o brasileiro não se enxerga como preto ou pardo, mas os dados desmentem tal possibilidade, pois os negros (pretos + pardos, acho bastante complicada esta nova definição, mas vamos lá) aumentaram nos últimos anos e já são maioria no Brasil, pois as pessoas perderam o pudor de se autodeclararem pardas.

    Daí, lembrei-me dos dados que caracterizam a elite brasileira. No Brasil, não há grande diferença entre pretos, pardos e brancos quando analisamos os 95% que formam a base da pirâmide social brasileira. A educação básica e os trabalhos de menor remuneração estão razoavelmente bem divididos entre pretos, pardos e brancos. Isso explicaria porque não há conflitos raciais significativos no Brasil: na periferia, o "perrengue" é o mesmo independente da cor do indivíduo.

    Entretanto, há muito menos negros (particularmente pretos) no mundo acadêmico do que brancos. Também há, proporcionalmente, menos negros nos 5% mais ricos (renda familiar acima de R$ 7.475). A boa notícia é que o gráfico que inclui o tempo mostra uma clara inversão de tendência desta realidade.

    Portanto, quando a presença de negros nas classes mais altas atingir certa massa crítica, teremos mais formadores de opinião não brancos e os produtos culturais passarão a atender novas exigências estéticas. Caso eu esteja certo, há um lado um bom: não haverá nenhum choque social no processo. Apenas identificaremos o estabelecimento de dois mundos: de um lado, os negros ricos (formadores de opinião, empreendedores, consumidores e com alta qualidade de vida) e, do outro, os demais. Tal como já ocorre entre brancos ricos e pobres.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Haverá choque social sim, aliás já há. Esse processo de invisibilidade e estereotipo para o negro vai terminar bem pior e bem mais sangrento. Não há novidade, é a velha história dos dedos e dos anéis.

      Excluir
    2. Anônimo 13:46,

      Mostre qualquer indício real de uma 'revolta negra' no Brasil, além de um mero desejo fetichista por sangue, tão típico de militantes raivosos de esquerda, e poderei considerar a tese do choque social.

      Nosso povo é conservador e os últimos tempos têm mostrado o insucesso de vocês em arregimentá-lo. Nem mesmo quando dobram a meta da mortadela.

      Excluir
    3. Quer mastigadinho? Procure os indícios e encontrará.
      Sem muito tempo a perder com boçais.

      Excluir
    4. Anônimo 23:46,

      Tradução do seu comentário:

      (1) Não tem qualquer indício objetivo para apresentar no debate.
      (2) Joga para o outro o dever de justificar as próprias teses.
      (3) Finaliza com um xingamento.

      * * *

      Depois não entendem o porquê da ideologia de vocês estar cada vez mais desacreditada pela opinião pública.

      Excluir
    5. Vocês??????????????????????

      Excluir
    6. The Fool. Quer exemplo? O arrastão em Ipanema semana passada. Jovens negros se rebelando, foi o que vi.
      Vc considera rebelião como algo similar como uma guerra civil. Isso naoo temos no Brasil. Mas as invasões policiais nas favelas e até os "rolezinhos" são sinais de revolução. Se liga. Revoluções modernas não ocorrem como a queda da bastilha nunca mais. Ataques virtuais são sinais de revolução de forma contemporânea, por exemplo

      Excluir

    7. Anônimo 20:35

      Arrastão de Ipanema? Daquele tipo em que o rapaz detido no Arpoador disse ter agido "por prazer" (como noticiado por vários portais) e sua mãe ter declarado que não lhe "faltava nada"? Em que a "questão racial" sequer era uma questão para os próprios envolvidos?

      Os arrastões cariocas foram resultado da degeneração moral onipresente entre nossos jovens (de todas as classes!) e da ausência de uma segurança pública eficiente. Já os rolezinhos paulistanos foram um subproduto da "cultura" da ostentação associada à internet. Nunca houve qualquer questão racial orientando seus respectivos organizadores e/ou participantes.

      Enxergar motivação racista nos arrastões do Rio, ou nos rolezinhos de São Paulo, quando os responsáveis sequer mencionam tal demanda, é apenas fazer coro com certos formadores de opinião tarados, que tentam explicar o real através de um olhar viciado pela ideologia decadente que propagam.

      Excluir
  10. Com o nivel patético das ativistas blogueiras que tem por aí, as pessoas no máximo vão ter pena, nunca respeito.

    ResponderExcluir
  11. O mito da "democracia racial" (Gilberto Freyre) ainda ecoa e fecha o debate. Como se a coexistência que temos no Brasil fosse igualitária, pacífica, etc.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. João,

      A coexistência no Brasil não é "igualitária, pacífica, etc". Nem poderia ser. Tal estado de graça sequer ocorre entre os membros de uma mesma família.

      O fato é que temos uma coexistência racial muito mais harmoniosa que na maior parte mundo. Todos os dados disponíveis indicam isso.

      Excluir
    2. "O fato é que temos uma coexistência racial muito mais harmoniosa que na maior parte mundo. Todos os dados disponíveis indicam isso.": O preto se fodia e não revidava.

      Excluir
    3. Pq nós somos todos pardos The Fool. Quase todo mundo tem um pé na áfrica. Por favor, viaje pelo mundo para entender que coexistência pacífica depende muito mais de poder aquisitivo e educação do que a cor em si. Aqui todo mundo é misturado. Lógico que vamos coexistir muito bem nas estatísticas

      Excluir

    4. Anônimo 20:29

      (1) Você não tem ideia do quanto concordo com sua afirmação “somos todos pardos”. Sim, somo todos! Inclusive os de pele mais alva e olhos mais claros. :-)

      (2) Entretanto, dizer que “coexistência pacífica depende muito mais de poder aquisitivo e educação do que cor em si” não faz qualquer sentido.

      Recomendo que você inclua países como África do Sul (além dos resquícios da cultura bôer, o “fantasma do apartheid”), Rússia (principalmente fora dos grandes centros) e Japão (ou pergunte a qualquer não japonês que já tenha vivido no Japão) em seus roteiros de viagem.

      Isso sem contar certas regiões do EUA e para ficar apenas com os países que já visitei ;-)

      Excluir
    5. Gente. Esse the Fool é um genérico do Mono com um viés sócio-político direitoso cor-de-rosa. Inclusive ele não alcança exatamente o sentido do Blooooog e sai prolixiando amebas. Luzes!

      Excluir
  12. O racismo introjetado em uma (cada vez menor) parte da audiência, que se reflete no medo de quem produz, de que o produto não venda bem. Mas na Globo os avanços são visíveis e estão acontecendo rápido.

    ResponderExcluir
  13. Evidente que a audiência ajuda, mas há anos ela é doutrinada para isso...

    ...culpa maior é sim dos realizadores. E para exemplificar com uma só personagem em dois momentos distintos. Chica da Silva (o filme) enorme sucesso e tem relevância até hoje; Xica da Silva (a novela) sucesso brutal e era veiculado em canal outro que não a vênus platinada. Ou seja, preguiça, má vontade e comodismo de quem produz sim.

    ResponderExcluir
  14. em ambos, né? sou publicitário e cansei de refazer job porque o cliente pede para retirar a imagem. e se ele pede é porque o consumidor rejeita. a gente bem que tenta, but...

    ResponderExcluir