sábado, 3 de outubro de 2015

CELTA DE BRINCADEIRA

O primeiro celta que todo mundo conhece é o Asterix. As aventuras dele são totalmente fantasiosas - nunca houve uma aldeia gaulesa que resistisse à dominação romana - mas muitos detalhes álbuns sempre foram considerados historicamente bem embasados. Bom, parece que nem tanto. O conceito moderno do que é ser celta surgiu em meados do século 18, quando irlandeses e escoceses queriam forjar uma identidade separada de seus senhores ingleses. Mas os antepassados desses povos não chamavam a si mesmos de celtas, nem compartilhavam uma mesma cultura. Isto é o que mostra a impressionante exposição "Celtas: Arte e Identidade", em carta no Museu Britânico até janeiro do ano que vem. A primeira parte é a reunião mais completa de objetos antigos da Europa não-mediterrânea. Entre eles há dezenas de "torcs", pesados colares que variavam de uma região para a outra, e o deslumbrante caldeirão de Gundestrup. Essa maravilha arqueológica tem imagens em relevo que contam uma história até hoje mal decifrada. Ninguém sabe, por exemplo, quem é esse sujeito com chifres da foto acima - o deus protetor dos gays, talvez? A segunda parte conta como supostos mitos celtas foram forjados na época do romantismo, com direito a quadros delirantes e lendas de araque. Mas se não é verdade, é bem achado: essa ficção teve importância política e ajudou a fixar nacionalidades por toda a Europa Ocidental. E ainda gerou a obra-prima que é o Asterix, por Tutatis!

5 comentários:

  1. Tony, o Deus da imagem é o Deus Cornifeiro.
    Ele representa a vida e o sexo.

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  2. Mais especificamente, este é o Deus Cernuno -https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Cernuno

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    1. Não há como ter certeza de que se trata de Cernuno. O próprio nome desse deus foi registrado uma única vez, no tal do Pilar do Barqueiros.

      Mas não importa: já invoquei sua proteção.

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  3. O titulo do post vale o post rs.

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