terça-feira, 15 de setembro de 2015

ESQUENTA

"Que Horas Ela Volta" estreou relativamente mal. Mesmo com críticas favoráveis, o filme de Anna Muylaert fez apenas 66 mil espectadores nas duas primeiras semanas em cartaz. É muito pouco para um título da Globo Filmes, com direito a comerciais no horário nobre da maior emissora do país. O descompasso entre expectativa e realidade foi tão grande que o crítico Inácio Araújo escreveu um artigo comentando o esforço de marketing (ou a falta de) que envolveu este lançamento. Minha opinião pessoal: para começar, o título brasileiro é ruim. Além de conter um errinho de português (o certo seria "a que horas...", mas vá lá), ele não quer dizer nada. Muito melhor é o nome internacional, "A Segunda Mãe" (que ficaria mais sutil e intrigante como "A Outra Mãe). Parece bobagem, mas um título fraco pode arruinar a carreira de qualquer obra. Mas mais importante é a maneira como os patrões são retratados na tela. Os personagens são inconsistentes, beirando o caricato, e os atores foram muito mal escolhidos. Conheço muita gente que se sentiu incomodada com o que viu, pois parece que aqueles dois idiotas representam todos os patrões do país. O mesmo Inácio Araújo voltou ao assunto em mais uma coluna, e eu concordo em tudo com ele. Os produtores parecem ter esquecido que quem compra ingresso de cinema no Brasil é da classe média pra cima... Mas alguém deve ter se tocado, porque uma matéria sobre o filme exibida pelo "Fantástico" de domingo passado só mostrava casos de amor entre patroas e empregada da vida reals. Uma óbvia tentativa de esquentar as bilheterias, mas nem precisava: conforme o esperado, "Que Horas Ela Volta" foi o escolhido para disputar pelo Brasil uma indicação ao Oscar de melhor filme em língua estrangeira. A reação foi imediata: o filme aumentou sua renda em 68% na terceira semana de exibição, algo raríssimo de acontecer, e entrou pela primeira vez na lista do dez mais vistos do país. No momento, aproxima-se dos 150 mil espectadores. Ainda é pouco, mas pode melhorar muito. Principalmente se a saga de Val ficar entre os cinco finalistas da Academia. Estou torcendo, é claro, apesar de só ter gostado (e não adorado) o filme. Mas nessas horas me baixa o patriota e eu visto a camiseta amarela. Vai que é tuuuua, Muylaert.

19 comentários:

  1. A matéria do Fantástico era vergonhosa, Tony! Não disseram, por exemplo, se a garota criada pela patroa entrou no inventário depois da morte da senhorinha. A matéria dourava a pílula e enfraquecia o que o filme tem de melhor: mostrar conflitos de classe sem esquecer que eles são mediados por intimidade, afetividade...sei não essa sua reclamação de que os patrões são caricatos tá cheirando a espírito de classe. E daí que a classe média é quem paga ingresso? Um autor tem que fazer cafuné na classe média, sempre?

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  2. A Regina Casé pode ter feito um bom trabalho no filme. Mas acho lastimável tudo mais que ela apresenta na televisão. Ela não convence nem o povão nem a classe média. O Esquenta é deprimente e a audiência não vai bem.
    Será que essa é a prova de que a Globo consegue destruir grandes talentos atrás de lucros? Os bons artistas são colocados no mesmo nível daqueles que vc vê claramente estão ali pela beleza e boa aparência. Na tv só tem gente bonita e na rua só vejo gente feia.

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  3. O filme é péssimo!
    Mal escrito, mal dirigido, mal interpretado. Um tédio!
    O texto vai do nada ao lugar nenhum. Pegaram um tema que poderia ser tão explosivo quanto os usados em Tropa de Elite e Cidade de Deus, mas fizeram um roteiro sem sal, sem tempero, sem paixões... Lamentável o roteiro, um desperdício sem tamanho!
    A única decisão acertada foi a de focar o filme na Regina Casé, que é uma atriz maravilhosa, sem dúvida!
    Só que nem mesmo uma atriz fantástica como ela consegue segurar um roteiro terrível como aquele. Eu saí mesmo indignado do cinema...
    Quem não assistiu ainda, poupe-se!
    Suspeito que qualquer capítulo de qualquer novela da Record, que eu sequer assisto, seja melhor que esse filme.

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  4. Achei excelente o filme e adorei cada um dos personagens. Percepção antagônica. Acho que faltou uma boa fotografia no filme. Também fez falta uma trilha boa. Mas concordo que o título não é bom.

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  5. Eu acho que todo mundo que não gostou do filme se vê nos patrões. Magoa de cabocla terceiro mundista que não aprendeu a limpar o próprio vaso.

    Corram que ainda dá tempo.

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    1. Cadê o botão de curtir? Kkkkkkkkk!!! Desenterrou a mágoa de cabocla láaaa do orkut, hein???

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  6. Quando tiver torrent eu assisto, porque essa Casé não vê meus falidos reais nem que ganhasse um Oscar. Nem pra limpar meu banheiro eu ia querer, prefiro chamar esses comentaristas daqui que juram que lavam suas latrinas.

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  7. Lavar banheiro ainda é o denominador comum para mentes estreitas, provincianas e, claro, preconceituosas. To pra ver audiência mais caretinha, tradição, família e propriedade que a sua, Tony.

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    1. Eu discordo. Esse blog nao tem vinculo com anunciantes, propaganda, clubes, jornais ou negócios. Os comentários aqui são os melhores q vc acha na net. Sem puxa sacos

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  8. Você viu que vão adaptar o roteiro de assasin's creed pro cinema com o Michael Fassbender no papel principal? que achou disso? Acho comoplicado roteirizarem mais de 100 horas de game play em um filme de 2.
    Caso você não tenha jogado, assasin's creed aborda religião, ficção científica e períodos históricos reais (como a Itália na renascença e a revolução francesa). Na trama, os dejavus são lembranças de nossos ancestrais que carregamos no nosso DNA. Um aparato tecnológico é criado para reviver essas lembranças. O protagonista então descobre que é de uma linhagem de uma liga de assassinos muçulmanos que luta contra os cavaleiros templários na busca de um artefato que explicaria o surgimento da espécie humana na terra.

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    1. Tomara que saia um filme bom.

      Eu não manjo nada de videogames.

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  9. Mas como roteirista vc aceitaria um desafio desses? Roteirizar mais de cem horas de jogo em um filme de 2 horas? Não tem risco de ficar uma história ruim? Toda vez que tentaram fazer isso não dá muito certo: resident evil era jogo de terror e virou filme de ação, tom rader era igual indiana Jones e ficou filme de sessão da tarde, enfim, não há experiências muito boas nessas adaptações.

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    1. Como roteirista, claro que aceitaria. Teria que mergulhar nesse universo e jogar muito, mas o argumento é interessante. Por outro lado, é verdade que nunca saiu um filme bom baseado num game.

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    2. Por outro lado há filmes incríveis como ExistenZ do David Cronenberg que conseguem falar sobre o universo dos jogos (sem adaptar um) de forma instigante e inovadora.

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  10. Oh mio babbino caro
    E se Jessica fosse negra?

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  11. Tem gente que nào consegue transcender a própria classe...

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