segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A PEÇA ERA MELHOR


O problema de gostar muito de uma peça e depois ver o filme é que a gente sempre se decepciona. Isto aconteceu comigo com "O Deus da Carnificina" e agora acontece de novo com "A Pele de Vênus". Os dois filmes foram dirigidos por Roman Polanski, que está se especializando no gênero (antes ele também já havia rodado outro marco do teatro contemporâneo, "A Morte e a Donzela"). E ambos me deixaram meio assim, apesar dos textos originais estarem lá, na íntegra. Mas não tem os atores em carne e osso, nem aquela sensação de perigo que o teatro ao vivo oferece. "A Pele de Vênus" foi montada no Brasil com um título mais próximo ao original (e ao livro de Sacher-Masoch), "A Vênus de Visom", dirigido por Hector Babenco e estrelado por Bárbara Paz. Vi no ano passado e adorei. O filme foi lançado no exterior há dois anos, e não sei porque demorou tanto para chegar ao Brasil. Quem não conhecia antes vai gostar. Toda a ação se passa dentro de um teatro, onde uma atriz vulgar e folgada vem fazer um teste para um diretor que já estava de saída. Durante o embate que se segue ela se revela espertíssima e ele cai feito uma mosca na teia de sedução armada pela moça. Os papéis da peça se misturam com os da vida real, e depois se invertem, num jogo de reflexos que lembra o espelho que Vênus costuma empunhar nas pinturas renascentistas. Mas eu achei chato em alguns momentos. Faltou a eletricidade do palco, com elenco em 3D.

2 comentários:

  1. A energia do palco é insubstituível, a peça acaba e você continua acesso e ligado à história. É mais arrebatador que o cinema.

    Polanski também fez uma versão de Macbeth em 1971. Acho a mulher dele péssima atriz, e ele insiste em escalar ela pra tudo que é filme.

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