quarta-feira, 12 de agosto de 2015

ORIENTE PEQUENO

"O Árabe do Futuro" é a nova sensação dos quadrinhos políticos. Tem alguma semelhança com o já clássico "Persépolis" de Marjane Satrapi, pois conta - também em preto-e-branco e em quatro volumes - uma infância em lugares conturbados do Oriente Médio. Riad Sattouf é filho de um sírio com uma francesa e, quando pequeno, morou na Líbia de Kaddafi e na Síria de Assad (o pai do atual ditador). Os dois países eram, na virada dos anos 70 para os 80, as vitrines do "socialismo árabe". A Líbia, inclusive, atraía profissionais de todo o mundo árabe, como foi o caso do pai de Sattouf. Mas por baixo dos discursos retumbantes e das promessas de paraíso na terra havia miséria, corrupção e brutalidade. MUITA brutalidade, entranhada nas culturas locais. Sattouf com certeza seria chamado de racista e agente do imperialismo se não fosse, ele mesmo, o árabe do título de seus livros. Chega a ser engraçado saber que as casas líbias não eram propriedade privada e podiam ser tomadas por qualquer um. Mas, se uma família saísse junta para um passeio, corria o risco de encontrar outra família em seu lugar quando voltasse, e todos seus pertences jogados no meio da rua. A Síria é ainda pior, com crianças violentíssimas (há uma cena com um cachorrinho que vai me apavorar pelo resto da vida) e muito ódio irracional aos israelenses e às minorias étnicas. Com humor adulto e assombro infantil, Sattouf espalha pistas das razões pelas quais o Oriente Médio continua uma bagunça. Uma região onde a primavera não vinga, os direitos humanos são considerados exotismos ocidentais e o progresso material só se sustenta com petróleo ou ajuda externa. Claro que não há só horrores: também surgem figuras simpáticas como as avós, ou mesmo intrigantes como o pai, que se pretende moderno e secular mas no fundo é tão preconceituoso quanto os anciãos de sua aldeia. Por enquanto só saíram dois volumes em francês (o primeiro já foi traduzido no Brasil). Os próximos dois saem em 2016 e 2016, respectivamente. Essa infância fascinante, riquíssima em detalhes de que eu jamais conseguiria me lembrar com tão pouca idade, ainda tem alguns anos pela frente. Leitura obrigatória e divertidíssima.

16 comentários:

  1. Kkkk...eu ri! Vc sabe q os franceses acertaram com um míssil um avião Italiano tentando acertar o Kadaffi nos anos 80. Bee ACORDA! Miséria e opressão tem nos EUA metanfetamina, trailer parks, olha o q aconteceu com cidade de DETROIT! Pare de colaborar com o sistema de exploração.

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    1. Pois é... acho que quanto mais riqueza natural um país tem, mais desigualdade e mais tragédia acontece. Até com a perfeita Noruega depois que acharam petróleo no Mar Nórdico a desigualdade social tem aumentado bastante lá. Enfim, claro q não é uma Argélia de uma hora pra outra e nem vai ser, mas que mudou mudou.

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    2. Claro, EUA é igual a Líbia e Síria...Tem cada um que aparece por aqui...Tinha que jogar uma dessas bees equivocadas em uma periferia qualquer do OM, quem sabe assim caísse a ficha dessas tontas...

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    3. Dani, se dê o respeito e argumente com fatos e não com julgamentos. Do contrário vc se prova uma bicha amarga.

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    4. Que fatos você precisa para se convencer de que os EUA, com todos os defeitos que têm, são melhores que Líbia e Síria, duas ex-ditaduras sangrentas agora engolfadas por guerra civis?

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    5. Primeiro que ninguém falou que EUA = Líbia ou Síria. Isso a Dani e o Toni concluíram para nem sequer precisarem entender os nuances dos argumentos apresentados antes em relação à existência de miséria e desigualdade social tanto nos EUA quanto na Noruega, dois países que muitos consideram perfeitos, completamente justos. Mas pior ainda, os EUA amplificam injustiças em países já muito problemáticos ao aderir à tese do intervencionismo e cedendo aos interesses das grandes empresas petroleiras e fábricas de armamentos. Guerra dá mais lucro que diplomacia. Um exemplo? O Obama suou para conseguir um acordo para frear diplomáticamente o desenvolvimento de energia nuclear no Irã, mas já tem uma frente parlamentar no Senado dos EUA para rasgar o acordo e eventualmente bombardear e destruir mais um país.

      Viu como é possível achar argumentos e evidências para defender uma idéia sem precisar torcer as palavras dos outros ou recorrer a julgamentos superficiais?

      Beijas mores

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    6. Achar que é possível uma sociedade "perfeita" ou "completamente justa" é coisa de adolescente. Eu nunca diria uma coisa dessas.

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    7. Vou ler essas revistinhas, EUA é muito bom na east coast e west coast. No meio é uma bosta. Califa rules.

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    8. Mas reduziu meu comentario a "EUA = Líbia". Aceita sua falácia lógica que doi menos.

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    9. Seu comentário já era bem ruinzinho. Não precisei reduzi-lo.

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    10. "Nuances dos argumentos"?? Que argumentos?? Esse monte de baboseira saída de um DCE de faculdade de humanas circa 1982? Só rindo da monga...

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  2. https://en.m.wikipedia.org/wiki/Aerolinee_Itavia_Flight_870

    É tudo por petróleo;) o q está acontecendo no Brasil tbm

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  3. Parece que descreveu o bairro onde vivo, aqui nos Emirados. Depois te conto historinhas de criancinhas que jogam gatinhos da janela dos carroes do papai por pura diversao. E de um senhor paquistanes que quase me bateu porque eu estava de vestido.

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  4. Esse blog anda muito parado. Cadê política? polêmicas? mágoas, ovnis, maçonaria e iluminatis? Quero ver fogo nos coments...

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    1. Povo quer bagunça mas não se dá o trabalho de criá-la.

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  5. Tony, nao vai falar sobre o artigo q ta bombando no whats app? As bixas
    tao revoltadas. Qual o limite da aparencia para os gays?
    http://www.revistaforum.com.br/osentendidos/2015/08/12/querido-gay-bonito-ta-feio/

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