Em 2011, quando eu estive em Johannesburgo, na África do Sul, reparei que muitas ruas tinham nomes de antigos políticos africâneres. Ou seja: todos apoiadores do odioso regime do apartheid, extinto em 1994 quando Mandela assumiu a presidência Perguntei porque mantinham essa homenagem aos algozes, e me responderam que eles fazem parte da história do país. Uma maneira bonita de dizer que essa manutenção deve ter feito parte do acordo que permtiu a transição para a democracia. Agora a prefeitura de São Paulo quer mudar o nome de todos os logradouros batizados com figuras ligadas de alguma maneira à ditadura militar. Estão no mesmo saco personagens relativamente benignos como o marechal Castelo Branco (também nome de rodovia), que acabou com a inflação e pretendia devolver logo o poder aos civis, como vilões consumados como Henning Boilesen e Sergio Fleury. O projeto "Ruas de Memória" prevê que sejam instaladas placas com os nomes antigos, explicando o porquê da mudança. Por um lado acho bacana; por outro, me cheira a um certo revanchismo. Quem está no poder gosta de rebatizar tudo: São Petersburgo virou Leningrado e depois virou São Petersburgo novamente, o que mostra que nada é para sempre. Mas também é legal que o monstruoso elevado Costa e Silva, que ninguém jamais chamou desse jeito, seja oficialmente Minhocão, antes de vir ao chão de uma vez por todas. Pelo menos em São Paulo não se faz o que é comum em outras parte do Brasil, onde se usam nomes de políticos ainda vivos e até de seus filhos pequenos para batizar lugares.
O mio babbino caro
ResponderExcluir"É como se o livro dos tempos pudesse
Ser lido trás pra frente, frente pra trás
Vem a História, escreve um capítulo
Cujo título pode ser "Nunca Mais"
Vem o tempo e elege outra história, que escreve
Outra parte, que se chama "Nunca É Demais"
"Nunca Mais", "Nunca É Demais", "Nunca Mais"
"Nunca É Demais", e assim por diante, tanto faz
Indiferente se o livro é lido
De trás pra frente ou lido de frente pra trás"
GG
A Comissão Nacional da Verdade recomendou em seu relatório final que o Estado brasileiro mude o nome de logradouros públicos que homenageiam personalidades ligadas à ditadura militar.
ExcluirEm que lugar do Brasil as ruas tem nome de politicos vivos e de seus filhos?
ResponderExcluirNo Maranhão, por exemplo, chegaram a batizar uma creche com o nome de uma neta pequeninha do Sarney, só para ouxar o saco da família (o escândalao no sul foi tão grande que depois tiraram). Lá tem prédio e rua com nome Sarney pra todo lado.
ExcluirNa Bahia também.
ExcluirGarotinho e Rosinha chegaram a inaugurar estátuas suas no norte fluminense. Depois o MP conseguiu que tirassem.
ExcluirNão teve ninguém benigno na ditadura
ResponderExcluirVá pesquisar preguiçoso.
ExcluirA nossa memória parece sempre ser mais competente em lembrar das coisas ruins e traumáticas do que das boas, então acho ótimo que ditadores fiquem só nos livros de história, dando lugar nos nomes das ruas pra homenagens a gente que realmente merece ser homenageada.
ResponderExcluirSempre vai ter um zona de dúvidas sobre quem é tão merecedor assim...
Mas tem uns que são unanimidades pro bem e pro mal.
Ditadores fora com certeza...
Mas e os portugueses? Descobridores e colonizadores ou exploradores e genocidas dos povos indígenas e negros?
Eu deixaria eles só nos livros de história mesmo...
Tem muita gente boa por aí pra homenagear.
Na Espanha fizeram bastante isso, tiraram nomes de personagens franquistas e estátuas do caudilho.
ResponderExcluirEu acho correto, afinal de contas, nomes de ruas e praças não deixam de ser uma homenagem. E memória pode ficar nos livros.
Que o diga a Escola Estadual Maria Adriana Sarney Murad, em São Luis no Cohajap.
ResponderExcluirNossos heróis são, em muitos casos, puro lixo. Fruto da máquina televisiva de criar heróis brancos e ricos num país de pretos e pobres. Incluam ai vários artistas que são parte de projetos para tornarem-se nome de qualquer coisa. Quase todos fizeram pouco pelo pais mas muito pela Rede Globo, o que lhes garantem serem eternizados nas ruas ou monumentos publicos do país. Hoje li que vários filhos de artistas da globo estão estreando na tv. Convenhamos que isso parece estranho num pais com artistas saindo pelo ladrão,
ResponderExcluir<>
ResponderExcluirtonyah viajandeira*
1.) a senhoura sempre tão ávida a fazer viagens.
2.) bate-voltas na europám
3.) pouco sabemos além das suas peripécias pela França
4.) deixamos aqui o apelo - queremos a senhoura -
fazendo a Tilda - exibindo a bandeira do arco-íris na frente
do Kremlin - pq desafio pouco é bobagem;
assim a senhoura deixará registrado seu repúdio a era Puti(ña)
fica a sugestão
*pros grammar nazi de plantão : eu uso o neologismo que eu quiser. vão lamber sabão.
Aqui em Porto Alegre, o principal acesso da cidade teve o nome trocado de avenida Castelo Branco para avenida da Legalidade e da Democracia (Legalidade foi um movimento liderado pelo Brizola na década de 60 para garantir a posse do Jango, o que culminou naquela história de parlamentarismo). Já teve estátua do Médici retirada de praça na cidade natal dele. É estranho reverenciar essas figuras, mas tbm concordo que fazem parte da história.
ResponderExcluir