quinta-feira, 25 de setembro de 2014

O BENEDETTO E A GERMANOTTA

Pela menos uma vez na vida, Ladya Gaga fez alguma coisa que ninguém poderá acusá-la de Madonna ter feito primeiro. Madge até já cometeu um disco com sabor retrô, em 1990: "I'm Breathless", "inspirado" em seu personagem na trilha do filme "Dick Tracy" sem ser exatamente uma trilha sonora. Mas ela nunca se aventurou no arriscadíssimo terreno dos standards americanos, simplesmente porque sua voz não dá para o gasto. Já Lady Gaga, debaixo daqueles vestidos de lagosta e carne crua, tem um vozeirão, além de um talento musical bem superior ao de sua mentora e rival. A moça já tinha dado uma palhinha no álbum "Duets II" de Tony Bennett três anos atrás, onde os dois estraçalharam (no bom sentido) com uma versão esfuziante de "The Lady is a Tramp". Aquela faixa está incluída como bônus em "Cheek to Cheek", o CD completo que a dupla acaba de lançar. Apesar dos 60 anos que os separam (sim, Tony está com 88 e Gaga com 28), eles têm muito em comum - mais até do que ele tem com k. d. lang, com quem gravou um disco inteirinho de duetos em 2002. A começar pela ascendência italiana, visível em seus sobrenomes originais, e continuando pela paixão com que os dois se entregam a um repertório manjadíssimo. Esta é minha única pinimba com "Cheek to Cheek": ao invés das mesmas e óbvias canções que costumam infestar as compilações do gênero, o Benedetto e a Germanotta podiam ter se arriscado mais. Talvez alguma pérola obscura de Cole Porter, ou quem sabe um cover contemporâneo com arranjos de jazz? Mas no trivial variado eles se saem muito bem, e Gaga esbarra em Ella ao cantar sozinha "Lush Life", uma das músicas mais difíceis de todos os tempos. Madonna deve estar se sentindo lacrada.

19 comentários:

  1. Nem no jazz Gaga esquece Madonna kkkkk https://scontent-a-mia.xx.fbcdn.net/hphotos-xpa1/v/t1.0-9/10345830_10152540115838409_3625336686810005910_n.jpg?oh=ab7ac1a525db0d3fdb38b91b2281bda2&oe=5488B90C

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  2. Kkkkkkk. Viva (Roma)Gaga.

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  3. Justamente, é claro que é um bom álbum, mas a sensação que eu fiquei é de "poxa, arranjos manjádíssimos de jazz, acho que eles estão tentando ser clássicos ". O CD amnesiac do Radiohead, vejam só de 2002, conseguiu fazer um jazz muito mais moderno e atual, do que os arranjos do cheek to cheek. Continuo ouvindo por causa da GaGa mesmo, eu era super preconceituoso com ela, mas o artpop me arrebatou de um jeito jeito eu não esperava rsrsrs.
    Apesar de passar a impressão de que quer " se amostrar" o tempo todo nesse cd, sem duvidas muito talentosa.

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  4. Vai ter turnê? Porque cd por mais que venda no itunes não paga o botox. A não ser que a Apple pague pra enfiar na goela abaixo.

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  5. Esqueceu de falar de Bang Bang, de colocar Cher interditada na cadeira de rodas e fazer Nancy Sinatra entrar em looping sucessivo dentro da tumba! São palpáveis a emoção e energia que ela coloca nessa interpretação memorável!
    (BTW: não sou lirou!)

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    1. Coisa mais linda:
      http://www.cheek2cheek.com/news/bang-bang-my-baby-shot-me-down

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    2. Phopha, a Nancy ainda não morreu...

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    3. Um beijo pra você, Nancy Sinatra!

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  6. Tony Suprassumo, falando na Mother Monster, você viu esse texto delicioso do Pragmatismo Político agradecendo ao Malafaia por ser o maior militante LGBT de 2014 e por falar mais em viado que a mãe de todos os lirous? http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/09/malafaia-ja-e-o-maior-militante-lgbt-brasil.html

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  7. Não há dúvidas sobre o talento musical de Gaga, o problema dela são os figurinos feios e as lirou chatas.

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  8. Adorei o disco...muito. Apesar de não ser fã de Lady Gaga, e de acha-la um tanto forçada, a voz está impecável...qdo vejo duets com Tony Bennetty sinto uma saudade imensa de Amy...

    No mais, parabéns por continuar no video show...confesso que parei de assistir um pouco pq achei chato, mas agora com a Grazi( caso vá mesmo) volto a dar o ar da graça...rs...abração.

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  9. Ela é talentosa, mas precisava visualzinho cagado nessa empreitada ? Até que ela não é tão feia, podia ter aproveitado um visual mais clássico...

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  10. esta é a prova mais-do-quem-empírica do talento singular que gaga tem pra ser crooner, se ela tivesse se lançado num crossover de pop com jazz (uma norah jones mais efervescente que é o ela é), talvez ela hoje não fosse tão facilmente descartada e defenestrada como uma farsa previamente preparada. mas não, a geração Y quer ser pop-popular, ...(tem uma apresentação dos primórdios do the fame, num programa de televisão japonesa, dela cantando 'poker face' numa versão jazz (que seja talvez a versão *original*[demo] da música) em que ela estraçalha com a voz dela, digna de um eqüidistância perfeita entre judy garland e marilyn manson(que depois cantou no backing vocal luxuoso pra ela num remix de 'love game') - enfim, ela não precisava de reduzir tanto e ter se sabotado tanto só pra ser pop - e este álbum não é só a prova que tanto esperávamos, mas é resistente, bonito, bem interpretado, e está instruindo o que é um cancioneiro (no caso o norte-americano) para a molecada de primeiro emprego de telemarketing. só isto em si já é louvável. parabéns tony pela resenha

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