terça-feira, 2 de setembro de 2014

NA PAUTA DO DIA

Pela primeira vez na vida, corri para chegar em casa a tempo de assistir a um debate político na TV. O esforço valeu pouco. Achei esse segundo confronto mais morno que o primeiro. O pior desempenho veio dos jornalistas: como é que nenhum deles chamou Marina na chincha? Fernando Rodrigues, de cujo blog eu gosto muito, desperdiçou sua pergunta à candidata ao inquirir sobre as palestras que ela profere para empresas - algo perfeitamente dentro da lei, também feito por Lula e FHC, e com pouquísismo potencial de combustão. O fato mais notável acabou acontecendo depois do final do programa, quando Dilma declarou ser favorável à criminalização da homofobia. É realmente admirável que o PT tenha finalmente percebido esse flanco vulnerável na candidata do PSB. Aposto que o Aécio também dirá algo a respeito nos próximo dias: ele não é o Serra, que nos vendeu por um prato de lentilhas que não pôde comer. Isso deixará o Everaldo como o único candidato declaradamente contra os gays, o que é ótimo.

Muita gente está comemorando essa fala da presidenta, mas eu não. Sou gato escaldado. Ainda estou traumatizado com o que ela disse três anos atrás, ao vetar o kit anti-homofobia: que seu governo não iria fazer "propaganda de opção sexual". Além do horror de termos sido usados mais uma vez como moeda de troca, o uso do equivocado termo "opção" demonstra um total descolamento da causa LGBT. Claro que todo mundo muda, ainda mais político em véspera de eleição. Mas Dilma me soou inócua. Ela parece cair na armadilha do Infeliciano e quetais, que pretende definir homofobia única e exclusivamente como a violência física contra os gays. Ora, para isto já existem leis. Teria sido mais contundente se Dilma tivesse declarado apoio ao PLC 122, com todas as letras e números. Também falta saber o que ela acha do casamento entre pessoas do mesmo sexo, por mais que este já esteja garantido pelo STF. Fikdik para o próximo debate.

Enquanto isto, no Ceará, o candidato a governador pelo PSOL está divulgando este comercial corajosíssimo (que, ao contrário da minha impressão inicial, foi exibido também pela TV, e não só pela internet). Eu relutaria em votar no PSOL para o Executivo, mas é inegável que o partido não tem papas na língua e faz um trabalho absolutamente indispensável no Legislativo. E é simplesmente sensacional que a luta pelos direitos igualitários, sempre relegada à margem por não ser "urgente" ou "importante", finalmente entrou na pauta política do Brasil.

(Obrigado ao Mailson Maia, que me deu a dica, e ao Emerson Maranhão, que me corrigiu)

14 comentários:

  1. Só tenho uma coisa a dizer:

    Luciana Genro, rainha detentora do samba !

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  2. Certa vez, mencionei Heloisa Helena fui vaiado.... e veio a Marina ,como previu alguem agora ninguem quer,curioso ...... ele pode ganhar ,sim e é ai que a porca torce o rabo.

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  3. Luciana Genro 10TRUIDORA, me representa demais.

    Acho que as gays tem que se unir aos black blocks e quebrar TUDO com dildos imensos pra que algum candidato com reais chances de vitória se aproprie DIVERDADJI das pautas da Luciana!

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  4. Lu do shake pode não ganhar, mas votarei nela como forma de protesto. #gaypower

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  5. O que será que isso quer dizer? A Luciana pode dançar até 'Churrasquinho de Mãe'! Mas samba!......

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  6. Eu aprecio muito a sinceridade da Dilma.

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  7. Sem duvida nenhuma: Dilma para presidente!!!

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  8. Sobre o comercial:é só mulher feia,passada,que nenhum homem quer,que vira lésbica,é?

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  9. Eu simpatizo com a Luciana Genro, acho o discurso mais coerente de todos... uma pena não ter mais expressão

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  10. Na contramão do fortalecimento das conquistas LGBT e para afrontar Marina, Dilma pretende fortalecer as igrejas:

    http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/09/1509461-governo-reage-a-marina-com-apoio-a-igrejas.shtml

    Ninguém mudou. Tudo daqui pra frente é só uma questão de quem garante mais votos.

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  11. Concordo com o Luciano, ninguém mudou e nem vai mudar, concessões serão feitas por votos, para ganhá-los e não perdê-los. Dilma esteve quatro anos como presidente e somente agora, ela se sensibilizou com a causa? Tem que ser muito Alice para acreditar...

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  12. Tony, também fui correndo pra casa, na expectativa que alguém descabelasse a Marina e fizesse voar sementes para todo lado naquele estúdio. Fiquei tão frustrado. O coque da Marina e o colar de sementes permaneceram intactos. Bando de frouxos!!!

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  13. Will & Chris sambaram

    Marina no Jornal da Globo

    Christiane Pelajo: Boa noite, candidata. Eu vou fazer a primeira pergunta e nosso tempo começa a contar a partir de agora. Candidata, desde sexta-feira, quando foi lançado, o seu programa de governo foi modificado em itens como casamento entre gays. Houve um recuo em relação a algumas reivindicações de movimentos que defendem os homossexuais. É um recuo da senhora em relação à constatação de que a senhora é mais conservadora do que alguns eleitores acreditavam? Na verdade, é uma concessão à religião num estado laico?
    Marina Silva: Na verdade, Chris, o que aconteceu foi que houve um erro de processo. A equipe do programa de governo foi quem fez a correção. Eu nem interferi nesse processo. Aconteceram duas falhas. Uma foi em relação à energia nuclear, que na parte de ciência e tecnologia estava dito que iria, no finalzinho de uma frase, ampliar a participação da energia nuclear na matriz energética brasileira. E a outra foi que o documento que foi encaminhado como contribuição pelo movimento LGBT, não foi considerado documento da mediação do debate, foi um documento tal qual eles enviaram. Vários setores mandaram contribuições e obviamente que nenhum setor colocou 100% das propostas que colocou. Eu mesma que sou ambientalista não iria ter a pretensão de que todas as propostas que eu apresentei iriam ficar ipsis litteris. Então o que aconteceu foi uma correção, porque houve uma mediação no debate. Mas os direitos civis da comunidade LGBT, o respeito à sua liberdade individual, o combate ao preconceito, isso está muito bem escrito no nosso programa, melhor do que dos outros candidatos.

    William Waack: Candidata, quanto à energia nuclear a gente volta ainda ao assunto. A senhora é contra ou a favor o casamento gay?
    Marina Silva: A Constituição brasileira, ela tem uma diferenciação em relação ao casamento. O casamento é utilizado para pessoas de sexo diferente. Para pessoas do mesmo sexo, o que a lei assegura, o que o Supremo já deu ganho de causa com os mesmos direitos, equivalentes ao do casamento, é a união civil.

    Christiane Pelajo: Mas não a lei, candidata, a senhora?
    William Waack: É a resposta que a senhora tem dado. A senhora, qual é a sua posição?
    Marina Silva: A minha posição é de respeito à liberdade individual das pessoas. Nós vivemos em um estado laico, as pessoas têm o direito de exercitar sua liberdade, independente da condição social, de raça ou de orientação sexual.

    William Waack: Se eu fizer uma manchete dizendo: a candidata Marina Silva é a favor do casamento gay. Eu estou errado?
    Marina Silva: Em termos da palavra casamento você está errado, porque o que nós defendemos é a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

    William Waack: A manchete correta então seria: Marina Silva é contra o casamento gay?
    Marina Silva: A manchete seria: Marina Silva é a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo.

    William Waack: Casamento é uma palavra que não sai da sua boca.
    Marina Silva: É que é a forma como nós colocamos no nosso programa.

    Christiane Pelajo: O que que impede a senhora de ser a favor da lei que equipara a homofobia ao racismo. É religião?
    Marina Silva: Não. É que a lei que está em tramitação, ela ainda não faz a diferenciação adequada em vários aspectos. Por exemplo, ninguém pode defender homofobia, qualquer forma de preconceito, discriminação. Por outro lado, você tem os aspectos ligados à convicção ou à manifestação de uma opinião. Você tem que separar isso. E na lei isso não está adequadamente claro. Por isso que nós não colocamos tal qual o movimento havia encaminhado, reafirmando o que está no PLC, da forma como está. Mas há que se ter sim os regramentos legais, para que não se permita nenhuma forma de discriminação, nenhum tipo de preconceito e que se possa tratar todas as pessoas com direitos iguais, porque afinal de contas, como eu disse, nós vivemos em um estado laico, que não pode permitir discriminação contra quem quer que seja.

    http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2014/09/marina-silva-e-entrevistada-no-jornal-da-globo.html

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  14. O PSOL é o ÚNICO partido a nos defender abertamente, sem medo de perder voto, sem rifar nossos direitos ou considerá-los pautas menores. Luciana Genro e o PSOL merecem nosso voto de apoio e agradecimento pelo que têm feito por nós.

    Ganhamos muito com uma votação expressiva da Luciana. Precisamos mostrar ao país que existimos, somos muitos e conscientes de nossos direitos.

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