quarta-feira, 10 de setembro de 2014

COPOS E COPOS DE MACONHA

A regulamentação da maconha entrou nos debates políticos deste ano. Não com a força da criminalização da homofobia, é verdade. O assunto consegue ser ainda mais espinhoso, e nunca havia sido discutido antes pelos candidatos à presidência. Agora está a ponto de se tornar aquilo que os americanos chamam de "wedge issue": um tema capaz de, por si só, fazer o eleitor mudar seu voto. E, como no caso de outras pautas progressistas, grupos reacionários já estão tocando o terror com campanhas contrárias. Mas talvez devessem trocar de agência de propaganda: os anúncios publicados em jornais de Fortaleza no começo desta semana são tão ruins que imediatamente viraram piada nas redes sociais.

Ao invés de enumerar os problemas concretos que a maconha pode acarretar, os marqueteiros apelaram para um conceito ridículo, esquecendo que um cirurgião também pode tomar um porre perfeitamente legal antes de uma operação. E também ignorando a quantidade de coisinhas ilícitas que médicos e outros profissionais ingerem para se manter de pé... O tiro saiu tão pela culatra que eu duvido que esse argumento tosco tenha prosseguimento.

Ou não. Este tipo de debate nunca é muito racional. O certo agora seria observarmos as experiências do Uruguai e do estado americano do Colorado, e aprender com elas. Mas esta abordagem não é usada nem no caso do casamento gay, que já é legalizado em muitos países e nem por isto destruiu o tecido social. Pelo menos por aqui temos gente lúcida como o FHC ou o Jean Wyllys, que elevam o nível da discussão. Discussão, aliás, que já foi apertada: está mais que na hora de acendê-la.

25 comentários:

  1. Sou careta assumido, quanto ao uso de drogas lícitas e ilícitas... mas defendo o direito de todos de se entorpecerem da forma que quiserem! O Estado não tem que dizer o que cada um pode fazer com o próprio corpo.... O problema é que a lei deveria ser duríssima com quem pratica ilegalidades sob o efeito de drogas. E, infelizmente, o que há no Brasil é a impunidade... Matar-se sob o efeito de drogas? problema seu... Matar alguém sob o efeito de drogas? problema nosso: Estado devia encarcerar o sujeito por uns 30 anos pelo menos, como é nos EUA. Quem quer liberdade, tem que assumir a responsabilidade.

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    1. Impunidade pra quem, cara pálida? Pra jovens negros e pobres com certeza não.
      O q precisamos é acabar com a cultura higienista, q expõe um "direito penal do inimigo" (google it) velado.

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    2. Se metade das pessoas que tem mandado de prisão no Brasil estão soltas por leniência do Estado, não é só a "elite branca" que fica impune, como você sugere... Fora que o fato de que os ricos e brancos são menos visados pela Justiça não é justificativa pra deixar de aplicar a lei aos jovens negros e pobres que sejam criminosos... Criminoso é criminoso e ponto final. Se não conseguimos prender os criminosos da elite branca, a solução desse problema é criar outro problema maior ainda, afrouxando a punição dos "jovens negros e pobres"? que lógica fantástica essa... Médico te fala: vc tem câncer no rim direito. Solução: é injusto que só o rim direito esteja doente. deixa espalhar a doença para os outros órgãos, pra que todos fiquem doentes iguais... Prefiro a sociedade igualitária na justiça/responsabilidade(na saúde) do que na impunidade(a doença)...

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    3. Arrasou Bruno, difícil ver comentários tão sensatos por aqui. Kudos!

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    4. Nossa, cara. Realmente. Briiilhante seu argumento. Pena q completamente descolado.da realidade desse país.
      Tente sair do seu mundinho e ver o que se passa a sua volta.
      Diquinha, 60% dos mandados aos quais vc se refere dizem respeito à pensão alimentícia, que é, surprise!, prisão civil e não penal.
      Alias, seus convenientes 50% sairam de onde?
      E outra, espero q o Estado a q vc se refere seja uma unidade federativa e não a União, já q quem efetua prisões é a polícia estadual (salvo raras exceções da PF).
      Em sua dificuldade aparente de interpretação de texto, vc não conseguiu entender oq eu disse. Não defendo a impunidade, mas sim uma Justiça igualitária.

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  2. Tony Goes Maconheiro, Que lindo Brasil!

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  3. Esse tema não vai entrar no debate presidencial. 80% dos eleitores são contra a legalização da maconha. Só Eduardo Jorge e Luciano Genro devem comentar alguma coisa a respeito, ou seja, quem não tem nada a perder... Os irmãos siameses não entram nesse tema, nem a pau.

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  4. A ilegalidade das drogas é uma das coisas mais estúpidas herdadas do século passado. Começou com um político inexpressivo nos EUA falando que maconha era utilizada só por putas, viados e negros, ele foi ganhando votos dos conservadores e logo logo foi criado o "Federal Bureau of Narcotics". Pouco depois essa mentalidade tomou conta da ONU, que aderiu a "proibição".

    A questão é: qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo consegue praticamente qualquer droga ilegal em menos de 1 hora. Então quem ganha com a proibição? O DEA americano ganha muito, com bilhões de dólares sendo gastos há décadas pra enxugar gelo e incentivos a cumprir metas de prisões por tráfico. As prisões privatizadas americanas tb ganham: quanto mais presos, mais dinheiro do governo. E mais da metade da população carcerária nos EUA é de usuários ou traficantes de drogas.

    Mas vamos falar do Brasil: o que seria do mal pago policial brasileiro sem o dinheiro mensal dos traficantes pra "deixar a boca em paz"? Aliááás, um dos mil casos de corrupção que estão sendo apurados na Petrobras envolve lavagem de dinheiro do tráfico.

    Muita gente diz que os traficantes vão começar a praticar outros crimes quando as drogas forem legalizadas. Bobagem: existe uma grande diferença entre fazer transações de um produto com um cliente que (dã) quer o produto e vai até o vendedor, e pegar uma arma e roubar um carro, um banco, uma casa. Além disso, dados do Colorado e Holanda tb desmentem essa teoria.

    Outros exemplos (todos positivos) a serem observados. Portugal, que descriminalizou o uso e posse de TODAS as drogas ilícitas há 10 anos e viu o número de usuários diminuir (bem como a violência), e todos outros estados americanos que legalizaram a maconha medicinal mas qualquer um tem acesso fácil a um cartãozinho-de-glaucoma-ansiedade-epilepsia e consegue maconha com THC maior de 40% (nada medicinal, super recreativa). Enquanto isso, na França, um dos países europeus mais rigorosos com relação a maconha, o consumo cresce a cada ano e supera Portugal e Holanda proporcionalmente.

    Drogas são utilizadas desde que o ser-humano existe. O que se deve fazer é ensinar sobre os perigos de cada coisa, desde cocaína até chocolate, que engorda, dá diabetes e tb gera gasto do contribuinte se a pessoa for se tratar no SUS. Ninguém come uma barra de chocolate porque o cacau faz bem pra pele, come porque se sente bem, fica feliz.

    Exemplo de como a regulamentação funciona, sim: se eu quiser Ritalina, um dos remédios mais perigosos e bem controlados no Brasil, preciso ou pedir pra algum amigo que toma, ou ir em um Psiquiatra ou Neurologista e provar (ou convencer) que tenho Déficit de Atenção, correto? Aí consigo receita pra 1 mês de tratamento, tendo que retornar para mais uma consulta e avaliação antes de conseguir outra receita. A ritalina vem com bula e tu sabe o que tem dentro de cada cápsula. Bem ou mal foi regulada pela ANVISA.

    Se eu quiser cocaína pego meu carro, vou na vila aqui do lado e em 10 minutos consigo quantas gramas quiser. O que tem dentro da bucha exatamente? Não sei, NINGUÉM sabe.

    Aliás, não há diferença entre o efeito psicotrópico da Ritalina e da cocaína em pessoas sem déficit de atenção. Ritalina é (quase) uma cocaína legalizada, tanto é que não pode ser receitada pra ninguém com histórico de abuso de substâncias (legais ou ilegais).

    Mas voltando a maconha: as pessoas ficariam chocadinhas da Estrela se soubessem quantos maconheiros existem. Sua vizinha, seu chefe, o porteiro do prédio, teu irmão, etc. Mais da metade dos meus amigos e conhecidos fumam maconha (alguns diariamente, outros aos finais de semana, outros em ocasiões especiais), e somos normais, cheirosos, queridos e bem-sucedidos. Alguns mais do que muita gente "careta" (odeio essa palavra, tb tenho muitos amigos caretas e amo eles).

    Essa discussão é um saco porque daqui a poucas décadas as drogas vão ser regulamentadas por uma questão de segurança e saúde pública e o mimimi da velharada não vai nem constar nos livros de história.

    Bjs fiquem com JAH.

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    1. Belo comentário! Colocaria estrelinhas se desse!
      E mais, sobre cocaína, conheci mtooooos advs e sócios de escritórios grandes q cheiravam pra aguentar o tranco de virar noites em IPOs intermináveis. Médicos idem (sem falar de contrabando em farmácias de hospitais e afins)

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    2. Né?
      Até o meu anti-depressivo é da mesma família que o MDMA, mas é legal. Tomo e dá uma onda linda.

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    3. Amigo, me passa o nome desse anti-depressivo pelo Face ASAP! Comecei terapia com um Psiquiatra bãn bãn bãn e não estou tomando nada no momento, maaaas nunca se sabe o dia de amanhã.

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    4. Venlafaxina.
      Vem e faz uma faxina em você!

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  5. O mio babbino caro
    No problem, Natural Mystic!

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  6. Sou a favor da legalizacao das drogas até certo ponto. O cara que se vicia vira um problema social (diferentememte do cigarro que a dependencia nao deixa o cara em outro estado mental). se vc souber usar e curtir sem vicios , como o alcool, vai ser feliz. Agora... Como fazer com drogas como o crack?

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    1. Cigarro é um dos maiores contributivos pra doenças como enfarte, câncer e enfisema, q assoberbam o SUS. Nao seria isso um problema social?

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    2. O que vc tem contra o crack?

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  7. Infelizmente no Brasil ainda têm muita gente que vai no onda desses marqueteiros e por causa de uma idiotice dessas decide sua escolha. Detesto o fumo, seja de qual tipo for, mas sou a favor da descriminalização da erva (como ocorre no Países Baixos), ainda que com todas as restrições cabíveis. Bom seria se o cigarro fosse banido ou bem reprimido....mas isso é utópico.

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  8. "A regulamentação da maconha entrou nos debates políticos deste ano. Não com a força da DESCRIMINALIZAÇÃO DA HOMOFOBIA, é verdade."

    Pastor Malafaia curtiu isso.

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    1. E olha que eu nem tinha fumado um quando escrevi isto.

      Obrigado, já corrigi.

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  9. lucas, sou seu escravo sexual. sem mais

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  10. Eu super concordo com esta campanha cearense, afinal de contas o álcool é legal e é extremamente comum ver médicos bêbados durante o expediente. Ontem mesmo fui visitar minha tia no Sírio Libanes e tive que me desviar de uns 3 deles que cambaleavam no corredor, bebaços...

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