quinta-feira, 11 de setembro de 2014

A ZAMBIENAL

Dessa vez não esperei pelos últimos dias. Fui visitar a Bienal de São Paulo logo na primeira semana, porque vai que alguma daquelas obras derrete ou entra em processo de decomposição? Mas minha pressa foi desnecessária. Esta é a Bienal mais feia de todos os tempos, com a desonrosa exceção do pavilhão semi-vazio de 2008. "Feia" é a definição mais precisa, mas cabem muitas outras: antiquada, panfletária, equivocada, descolada da realidade... Claro que tem coisas interessantes, como "Map" do chinês Qiu Zhijie - um imenso mapa imaginário do mundo da filosofia e da religião, que será apagado da parede lateral à rampa de entrada quando a mostra terminar em dezembro. Ou a "Linha do Tempo" do Museu do Travesti do Peru, muito mais pelo lado antropológico do que pelo estético. Mas o que predomina são instalações mal-acabadas, rabiscos aleatórios e uma pregação política que soaria velha em 1968. Desconfio até que a Zambininha tenha sido uma das curadoras.O mais impactante de tudo é mesmo o curta-metragem "Inferno", da israelense Yael Bartana. Acho incrivelmente démodé uma exposição de arte exibir vídeos em tempos de YouTube, mas o filme cumpre a função de provocar com fundamento - algo que deveria ser obrigatório em qualquer peça de Bienal. É bem mais do que um ataque à Igreja Universal do Reino de Deus ou mesmo à liberdade religiosa, e está longe de incitar a violência contra os evangélicos, como zurram alguns burros na internet. Mas é, sim, uma crítica contundente à presunção de se criar um terceiro Templo de Jerusalém, e uma meditação sobre a finitude das coisas. Como se não bastasse, quem interpreta o sumo-sacerdote é ninguém menos que Márcia Pantera, uma lenda da noite paulistana. Vale a pena visitar o "Inferno".

(Veja mais do que está exposto aqui, ou visite o site da 31a. Bienal de São Paulo)

7 comentários:

  1. Tony, desculpe pelo assunto diferente do seu post, mas ontem foi encontrado num terreno baldio o corpo do jovem de 18 anos Joao Antonio Donati, com pescoço e duas pernas quebrados e a boca cheia de papeis entre eles um escrito: "vamos eliminar todos esses demonios (gays)" e mesmo assim o policial que cuida do caso vai investigar se foi mesmo crime de cunho homofobico. Vamos usar e ver se realmente temos alguma voz? Solicite em todas as suas redes sociais, principalmente aqueles que tem milhares de seguidores nesses redes, que apelem que os candidatos respondam a crimes como esse, se isso virar trend topic no twitter e no face eles vao ser obrigados a dar uma resposta ja que estamos em ano de eleiçao ou se nao, assumir de vez que nao valemos nada.

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  2. Achei o curta legal. Mas a animação no final ficou meio "Troma". Aquém da qualidade técnica do resto.

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  3. Isso aí em cima é só um trechinho. O curta inteiro não está disponível na internet.

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  4. Tive que parar de ler Zambininha porque já estava dando pinta aqui no trabalho para conter as gargalhadas. Brigado Tio Tony <3 <3

    *** Acho que quem escreve é um professor de geografia.

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  5. Arte tem que ser bonita? Seria legal se ilustrasse porque achou antiquada, panfletária, equivocada, descolada da realidade. Ou foi só por causa da polêmica ridícula contra Israel?

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  6. Fiquei bem decepcionado. É a pior Bienal de todas que fui.

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