segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A MARCA PODRE

Quando uma marca fica associada a alguma coisa muito negativa, é difícil reverter o quadro. Mais fácil mudar a marca. Foi o que aconteceu com a consultoria Arthur Andersen, depois da descoberta que ela estava ligada a inúmeros casos de corrupção. A empresa ainda existe, mas agora com o nome de Accenture. Esta regra não vale apenas para a propaganda comercial: o poder das palavras se estende a todos os aspectos da vida humana. Algo parecido está aocntecendo neste momento com a expressão "evangélico". Até pouco tempo atrás, ela era usada como um distintivo de autoridade moral - "sou evangélico!", gritavam alguns com orgulho, como se isto os fizesse superiores aos demais. Mas nada como um dia depois do outro. A ganância desenfreada de algumas igrejas, os pastores moralistas pegos com a boca na botija e as propostas absurdas da bancada religiosa no Congresso degradaram a marca. A tal ponto que, hoje em dia, é comum vermos fiéis de igrejas mais tradicionais reclamarem de serem incluídos no mesmo saco que os fanáticos. É verdade que os evangélico são divididos em vários grupos, e os não-pentecostais - onde se incluem os batistas e outras denominações mais antigas - costumam ser muito mais discretos e menos intrusivos na vida alheia. O "problema" são os neopentecostais, quase todos pertencentes a igrejas fundadas há menos de 40 anos, que fazem muito barulho e buscam uma influência política maior do que seu número lhes garantiria. Hoje em dia, quem se declara evangélico é imediatamente encarado como retrógrado e preconceituoso. A marca está apodrecendo tão rápido que até os maiores culpados pela sua degradação já estão tentando trocá-la. Reparou como o Marco Feliciano agora se refere aos "cristãos", como se fossem todos iguais? A tática tem lá sua esperteza: assim fica muito mais difícil criticar os cristãos, uma parcela enorme da população. Mas, como todo profissional de marketing sabe, mudar a marca é apenas um paliativo. Se o produto continuar o mesmo, não vai demorar muito para o consumidor rejeitá-lo novamente.

27 comentários:

  1. Quem é que não tem preconceitos neste mundo?Acho engraçado ver gente que não gostaria de ver sua filha bem criada casando com um pedreiro preto e pobre,apontando o dedo para os evangélicos e chamando-os de preconceituosos.

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  2. Tony, entendo a comparação, mas o caso da Arthur Andersen não foi exatamente como vc descreveu acima. Arthur Andersen (auditoria) e Andersen Consulting (consultoria) eram empresas co-ligadas até 2001, quando elas se separaram completamente. Por conta dessa separação, a Andersen Consulting teve que para de usar a marca Andersen e trocou de nome para Accenture. O desastre da falência fraudulenta da Enron foi em 2002 e arrastou a Arthur Andersen junto pra falência. Os sócios da Arthur Andersen não envolvidos com a fraude da Enron simplesmente se juntaram a outras firmas de auditoria (KPMG, Deloitte, Ernst Young, PWC) e continuam fazendo business as usual.

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  3. Já reparou também como Marco Feliciano está quietinho, sem se envolver em nenhuma polêmica nem apontar seu dedo sujo pra cima da gente? Por que será, né? Ele se regenerou e agora só distribui o amor ou só está esperando o dia 5 de outubro passar pra voltar a colocar a fiscalização do cu alheio entre suas prioridades?

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  4. Religião católica é ainda a mais pop com um monte de padres gays
    Lembra daquele caso de um padre que foi afastado por ir a um casamento homo em goiania?
    Então, de modéstia parte sou bonito, ja fui modelo inclusive, fui num local resolver um assunto e ele veio puxar papo comigo, descaradamente dando em cima de mim, tem mta bixa no meio, so não entendo esse masoquismob interior, vai saber...

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    1. Deve ser por essa pecadaria toda que a católica tá despencando e a evangélica cada vez maior e mais forte.

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  5. Isto é verdade, eu trabalho na área de recritamento e era comum a pessoa se delcarar evangelica nos processos de seleção para agregar os valores de honestidade e correção ao curriculo, hoje em dia isto não mais aocntece e percebo que alguns ficam ate constrangidos quando perguntados sobre estas questões, mesmo numa conversa informal!

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    1. Me perguntando aqui se o "aocntece" foi proposital ou pura aleatoriedade. Na verdade, tanto afz

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  6. Peço licença para discordar de vc, Tony. Não acho que até pouco tempo atrás a marca 'evangélico' era um distintivo de autoridade moral. Talvez na cabeça dos próprios, pois quase todo mundo que eu conheço que não é evangélico, associa a palavra a pessoas bitoladas, ignorantes, fanáticas e que dão rios de dinheiro às igrejas (AINDA QUE ESSA NÃO SEJA, DE FORMA ALGUMA, UMA DEFINIÇÃO DO EVANGÉLICO).
    Os membros de igrejas mais antigas, como as testemunhas-de-jeová (da qual eu, infelizmente, fiz parte), sempre referiram-se a si como cristãos. Não apenas repudiando a carga negativa da palavra evangélico (ou crente, como se dizia até os anos 1990), como para deixar claro que eles, e não os católicos, são os verdadeiros cristãos.

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    1. Sem nenhuma maldade (juro!), mas tenho curiosidade msm. Vc batia na porta das pessoas? Como era? Tem algum treinamento?

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    2. Caro Motumbo
      Há certas coisas da minha vida que prefiro não lembrar, e também não gostaria que o Tony pensasse que estou usando esse espaço pra fazer algum tipo de pregação, mas como a sua curiosidade me parece genuína, la vai.
      Eu batia na pota das pessoas, sim. Eles chamam isso de 'pregação de casa em casa'. Esse trabalho é compulsório, pra ser considerado membro da religião vc tem de fazer isso.
      Também há um treinamento, bem amplo por sinal. Todos os membros (inclusive mulheres) fazem periodicamente uma apresentação em frente à congregação e recebem orientação sobre oratória.

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    3. Caramba! É bem organizado. Meio empresarial, meio avon, ne? Nao.imaginava! Tks por esclarecer!

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  7. Tony, amoooo o que você escreve, mas é muito dificil ler essas letras brancas neste fundo preto! Pelo bem dos nossos olhos, seu blog é de textos e não de videos e fotos. Sei que é dificil mudar o seu gosto, mas pensa que você escreve num fundo branco, e a gnt lê em fundo preto, a gnt que lê e não você. Coloca ao menos um fundo cinza claro.

    Concordo 100% com seu texto. beijo no coração!

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    1. TAnte gente tem me pedido para mudar o fundo que eu acho que vou precisar fazer alguma coisa.

      Eu AMO esse fundo preto, acho a cara do meu blog, e quando mudei o layout há alguns anos eu mantive a cor. Talvez esteja na hora de dar uma grande sacudida... Mas tem que ser de graça, não tenho $$ para pagar um designer.

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    2. Tem que pensar isso mesmo. Mas sabe que eu sempre achei que o fundo preto cansa menos? Tem que lembrar que um fundo branco é mais luz saindo do monitor. Pode cansar as vistas. E concordo com vc que fundo preto é mais bonito.

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    3. aaaaahhh bixa a sinhora e funcionaria da globo viado, trabalha no viva ta arrasando o cu das guei, e nao tem dindin pra pagar um designer?
      se a senhora frontosa quiser entre nesse site aqui, é mto bom pra aprender, bem simples
      http://abduzeedo.com.br/

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    4. Grana vocÊ tem, né tony! Trabalha para Folha e para Globo. Deve está com os bolsos cheios!
      De qualquer maneira, tem layouts de graça que são ótimos!

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    5. Não entendo qual seria o desconforto do fundo preto, que, além de chic, apresenta bom contraste com a letra branca. Ainda mais para ler textos, muito consistentes, mas curtos.
      Se for para ler a Bíblia toda, aí cada um deve procurar a melhor cor para fundo e letra...

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    6. Ih eu acho esse contraste de branco no fundo preto ótimo pra ler. E olha que eu já estou precisando de óculos para perto (tentando adiar esse momento).

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    7. Eu não consigo ler o blog por muito tempo, porque o fundo preto cansa muito os olhos, o que é uma pena. Quando eu saio e volto para o resto da internet, que é tudo em fundo branco, vejo até estrelas...

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    8. Algumas considerações:

      1) Ganho muito menos do que vocês pensam. Minha verdadeira riqueza é a interior...

      2) Não quero gastar dinheiro com o blog porque não ganho dinheiro com ele. E existem ótimos templates gratuitos. Mas cadê tempo-barra-saco para pesquisar e experimentar?

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    9. Tony, tenta algum tom de cinza nas letras, em vez de branco. É a solução com mais chance de agradar todo mundo. Acho que o problema não é o fundo preto, e sim o excesso de contraste.

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  8. Eu nunca vi problema no template do blog - na verdade adoro e acho uma das marcas registradas. Na boa, procurem um oftalmologista.

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  9. O mio babbino caro
    MalafAnita Bryant contribuiu decisivamente para esse apodrecimento.

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  10. http://www.cartacapital.com.br/revista/817/basta-coragem-1914.html

    "m curiosa concordância com a típica assunção neopentecostal, o comitê político de Maurício Moraes fica às portas do Inferno. Mais especificamente no número 550 da Rua Augusta, São Paulo (em frente ao clube de nome sugestivo), onde gays e lésbicas, anarquistas e esquerdistas, prostitutas e boêmios têm seu lar: enclave ideal para o candidato a deputado que almeja representar todo o espectro de pesadelos do pastor Silas Malafaia e de Marco Feliciano (PSC), porta-vozes do conservadorismo que ele pretende enfrentar, e para quem “bichas e maconheiros” queimarão nas chamas do fogo eterno. Moraes não tem medo de inferno"

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  11. No EUA isso já não é de hoje também. Algumas igrejas evangélicas estão tirando a palavra "evangélica" de seus nomes por conta do negativismo que está crescendo na população a ela. Mas aí, me pergunto, adianta? Isso por acaso muda a essência? Claro que não...Só que lá as que mais estão fazendo isso são as igrejas batistas pertencentes a vertente tradicional do protestantismo cristão.

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