terça-feira, 15 de abril de 2014

SOMBRAS NA PASSARELA

Pierre Bergé não só aprovou o roteiro de "Yves Saint-Laurent" como permitiu que o apartamento do casal em Paris e a casa em Marrakech servissem de locações. Por isto mesmo, é surpreendente o tom sombrio do filme: muitas indiscrições são reveladas, como as puladas de cerca, o consumo de drogas e a instabilidade emocional do protagonista. Talvez porque o objetivo derradeiro seja mesmo pintar Bergé como um herói, que permitiu que Saint-Laurent desse vazão a todo seu gênio e ainda o salvou de si mesmo inúmeras vezes. Claro que não falta glamour na tela: desfiles, festas, loucurinhas, está quase tudo lá (faltou Catherine Deneuve, uma das musas do estilista). É irresistível saber que Saint-Laurent roubou um namorado de Karl Lagerfeld nos anos 70, e interessante ver como a moda evoluiu em poucas décadas de um circuitinho fechado para um negócio global de bilhões de dólares. Este é só o primeiro filme do ano sobre o mais importante costureiro da segunda metade do século 20: um outro, chamado apenas "Saint-Laurent", estreia na França em outubro, sem o aval de Pierre Bergé. O que vem por aí? Uma visão ainda mais pessimista da vida de Yves?

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