sexta-feira, 25 de abril de 2014

GRÂNDOLA, VILA MORENA

Eu tinha 13 anos e meio quando aconteceu a Revolução dos Cravos em Portugal. A imprensa brasileira não escondeu que havia caído uma ditadura. E eu me indignei: como é que ninguém tinha me contado que Portugal era uma ditadura? Para mim, ditadura eram os países comunistas. Mas foi naquela mesma época que eu percebi que o Brasil também não era uma democracia, apesar do regime daqui ser mais brando que o português. Por lá a censura chegava às raias do ridículo: não só filmes como "O Último Tango em Paris" eram censurados, como também a notícia desta censura. O salazarismo estourou numas três décadas seu prazo de validade e insistia em manter um império anacrônico, que o pequenino Portugal não tinha a menor condição de manter. Os anos que se seguiram foram de caos, e depois veio uma certa prosperidade. Hoje Portugal não está mais tão bem, mas quem está? O desalento atual é mil vezes preferível ao atraso mental imposto pelos chamados "3 Fs" (fado, futebol e Fátima), sancionado pelo regime. Hoje mando um cravo mental para os amigos d'além-mar e canto com eles o hino informal da revolução. Dentro de ti, ó cidade / O povo é quem mais ordena...

2 comentários:

  1. Salazarismo=Franquismo. Caiu um. Caiu outro.

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  2. Não concordo. A trajetória do Salazarismo foi diferente da do Franquismo. Os dois não se davam bem, personalidades muito diferentes, apesar do beatismo em comum. Não houve na Espanha uma revolução como a dos cravos.

    O general Franco preparou a transição, para as pessoas que ele queria deixar no poder e para o rei que ele queria colocar no poder (rei Juan Carlos I), cabendo ao Adolfo Suárez (falecido no mês passado) tocar a transição gradual do militarismo para a democracia.

    Salazar não era militar, era professor, economista, uma pessoa fechada e complexa que ao morrer deixou o governo nas mãos de militares, atolados nas guerras das colônias. A revolução dos cravos pôs fim de forma abrupta a esta herança salazarista, apressando a vinda da democracia, em 1974 (antes da Espanha e Brasil).

    Foi bonita a festa, pá!

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