quinta-feira, 31 de outubro de 2013

GIRAFA DE SATANÁS

Quem disse que o enigma da girafa não era divertido? Estou rindo até agora com o tal pastor que denunciou a brincadeira como uma armadilha satânica, capaz de gerar "pactos involuntários" entre o tinhoso e os incautos que caírem na esparrela. Burrice na velocidade cinco? Ou golpe publicitário, capaz de tirar seu autor do anonimato? Por via das dúvidas, nem vou citar aqui o nome do cara. Mas, dada a repercussão do caso nos sites evanjas, fica claro mais uma vez que a resposta do engima vale também para o povo de Deus: primeiro abram os olhos.

MENGELE EM BARILOCHE

Josef Mengele foi um dos mais notórios fugitivos nazistas. Nunca foi apanhado e até hoje ainda há dúvidas se foi ele mesmo quem morreu afogado em Bertioga, em 1979. O pior é que o sujeito não ficou exatamente na moita. Durante seu exílio na Argentina e no Brasil, o doutor jamais deixou de fazer experiências horripilantes como as que lhe deram fama nos campos de concentração. "Wakolda", o filme indicado pela Argentina ao Oscar do ano que vem, narra um desses episódios, que fica ainda mais assustador por ter a deslumbrante Bariloche como cenário. Mengele, usando o pseudônimo de Enzo, se envolve com uma família onde a filha tem problemas de crescimento e a mãe está grávida de gêmeos. As cobaias perfeitas para o médico-monstro testar hormônios e técnicas nada ortodoxas, com resultados desconhecidos. A diretora Lucía Puenzo adaptou o romance de sua própria autoria e conseguiu fazer um dos melhores fimes de terror de 2013. Vi na Mostra, mas deve estrear logo.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

TEM CULPA EU?

All India Backchod é uma espécie de Porta dos Fundos indiano, mas o humor dos vídeos do grupo só costuma plenamente entendido por quem sabe fazer aquele meneio de cabeça que não significa nem sim nem não, muito pelo contrário. O exemplo aí em cima é uma exceção, por causa da mensagem explicitamente política: ele descasca as desculpas costumeiras das "otôridades" locais, que, como em muitos outros lugares do mundo, adoram jogar a culpa do estupro nas estupradas. As declarações que aparecem entre aspas são todas reais, e, guardado o fuso horário, não diferem muito das barbaridades que pastores charlatões cospem em cultos no Brasil. Um vídeo que merece ser compartilhado.

VELCRO AZUL

"Azul É a Cor Mais Quente" só estreia em dezembro nos cinemas brasileiros, mas quem estiver fissurado para ver as cenas de sexo lésbico que chocaram Cannes - e eu sei que uns 90% do meu leitorado não está - pode dar uma bisoiada nas páginas semi-explícitas da versão em quadrinhos do filme. O vencedor da Palma de Ouro deste ano é baseado numa graphic novel que resume em pouco mais de duas páginas (de um total de 160) os sete minutos de colação de velcro que estão corando a crítica. Claro que também rola reclamação da beleza das atrizes: mais uma vez,  duas mulheres transam para deleite dos homens.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

NÃO ADIANTA NEM TENTAR ME ESQUECER

Roberto Carlos nunca foi de dar muita entrevista. Por isto, não deixa de ser surpreendente que tenha partido dele a iniciativa de procurar o "Fantástico", para quem falou sobre a polêmica das biografias neste domingo. Puro esforço de marketing para não ficar mal na foto, depois das palavras desastradas de Paula Lavigne, Chico Buarque e cia. O Rei quis posar de bonzinho e se disse favorável às biografias não-autorizadas, mas não à dele. Um esforço admirável para se equilibrar (numa perna só, hehe) entre os dois lados da questão, plenamente mal-sucedido. Se estivesse sendo sincero, já teria liberado há muito tempo o livro "Roberto Carlos em Detalhes", que não traz um único segredo - nada do que está lá não havia sido divulgado antes. O mais engraçado é que essa meia mudança de posição também é uma traição ao grupo Procure Saber: foi o próprio Roberto quem enfiou o tema na pauta da turma, como condição para se aliar a eles na pendenga contra o ECAD. Mais engraçado ainda é o fato do "Fantástico" ter procurado o Procure (rs) e não ter encontrado ninguém. Paula Lavigne deve estar amordaçada e acorrentada em algum calabouço por aí.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

ALÔ POLIÇA

Perdi o show do The Xx, a única atração internacional que tocou no Brasil este ano que eu realmente queria ver. Esqueci de comprar ingresso com antecedência, e quando dei por mim só havia pista por 400 reais: tá boua? Mas não há de ser nada. Estou me consolando ao som do Poliça, uma banda americana que costuma ser comparada ao etéreo trio inglês. Eles acabam de lançar seu segundo álbum, "Shulamith", com uma sonoridade eletrônica que não traz novidades formais mas mais do que dá para o gasto. Ah, e o nome quer mesmo dizer "polícia" - em polonês. Agora, pau no cu da iTunes Store, que pixelou a capa original. Como é que uma empresa que se diz moderna como a Apple trata seus clientes como se fossem todos criancinhas?

APOSENTADA MAS NEM TANTO

Fanny Ardant tingiu os cabelos de louro para "os Belos Dias" e ficou parecida com outra über-diva francesa, Catherine Deneuve. Ou pelo menos com o mesmo colorido: afinal, ambas são morenas de fábrica, e têm olhos escuros. O resultado causa algum ruído, mas Fanny continua tão translumbrante aos 64 anos de idade que esse desconforto passa rápido. Sua personagem é uma dentista recém-aposentada que ganha das filhas um passe para uma espécie de clube da terceira idade, que oferece cursos de teatro e cerâmica. No começo ela detesta o lugar, mas logo se encanta pelo professor de informática, um quarto de século mais novo - e é correspondida. No minuto seguinte já está tapeando o marido de muitos anos, dizendo que vai visitar uma amiga em apuros quando na verdade vai trepar. "Os Belos Dias" foi escrito e dirigido por mulheres, e, se o final não tem nada de moralista, tampouco é crível. É uma fantasia feminina que dificlmente aconteceria na vida real. Mas a trilha sonora é linda e o gostosão Laurent Lafitte convence na hora como o amante irresistível. Sem falar em Fanny Ardant: uma vez deusa, deusa para sempre.

domingo, 27 de outubro de 2013

ENCONTREI JESUS

Ou Dyzas, como anda se dizendo por aí nas internets. Terminei de ler "Zealot", o livro sobre o Jesus histórico do historiador iraniano-americano Reza Aslan que causou um certo escândalo nos EUA ao ser lancado dois meses atrás porque seu autor é muçulmano. Aslan não traz nenhuma enrome novidade sobre o assunto, mas junta num lugar só muito do que se descobriu ao longo dos últimos 50 anos sobre o homem que pregou na Palestina dois mil anos atrás e que, talvez contra sua vontade, acabou servindo de base para a maior religão do mundo. O fato é que Jesus nunca se apresentou como Deus encarnado, nem os três evangelhos sinópticos (Marcos, Lucas e Mateus) o apresentam como tal: é só no de João, escrito bem depois e já totalmente sob a influência de Paulo, que sugre este conceito blasfemo para um judeu. O Jesus de Aslan tem muito de revolucionário político, e prometia a expulsão dos romanos e a instalação do Reino de Deus (físico, não espiritual) mesmo se fosse necessário recorrer à violência. Aslan também deixa claro que o cristianismo que vingou é basicamente uma invenção greco-romana (mas não chega a corroborar a tese que anda circulando por aí, de que Jesus teria sido "inventado" por romanos). E claro que joga no lixo dogmas como a virgindade de Maria (até a Bíblia fala em seus irmãos, sem eufemismos). Mas pega leve com os milagres (diz que há tantos relatos indepedentes que provavelmente há um fundo de verdade) e até mesmo com a ressurreição. O mais fascinante é a descrição das dezenas de outros candidatos a messias que circulava pela região na mesma época, quase todos mortos pelo Império. Ou a rivalidade entre Pedro e Paulo, que na verdade defendiam religiões distintas. "Zealot" é um enorme best-seller e provavelmente será lancado no Brasil. Leitura interessantíssima e reveladora.

BOA NOITE, MARY ELLEN

Da esquerda para a direita: o pai, a mãe, Erin, Jim-Bob, Ben, Earl Hamner (o criador da série), Elizabeth, John-Boy, Jason e Mary Ellen. Todos com mais de 100 anos de idade, inclusive você.

sábado, 26 de outubro de 2013

MARCIA HA

Os produtores de "Os Simpsons" prometeram matar um personagem na atual temporada . Não era Edna Krabappel, mas agora talvez seja: Marcia Wallace, a atriz que deu voz à professora do Bart durante 23 anos, morreu ontem aos 70 anos de idade. Vamos todos mentalizar um "Ha!" em homenagem a ela.

VENHA COMO ESTIVER

Pail McCartney talvez seja o músico mais famoso do mundo. Meso assim, ele sentiu necessidade de se gabar dos amigos famosos que tem. O vídeo para sua música "Queenie Eye" - que de fato é muito boa - reúne uma penca de celebridades, incluindo os ex-namorados Johnny Depp (mais bonito do que nunca) e Kate Moss. Cada um reage à canção do seu jeito, num clima tão à vontade que lembra aquelas antigas festas "venha como estiver". Pelo menos a Meryl Streep parece que dormiu de roupa e veio direto, sem nem lavar o rosto.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

EXPLODE, CEREJINHA

Quem fim levou a Catarina Migliorini, aquela "virgem" (põe aspas nisso) que faria sexo pela primeira vez numa espécie de reality show? Acho que a moça percebeu que seu fiapo de notoriedade se deve a seu suposto hímen, e que ela se dissipará quando ele também se dissipar. Por isto, vem prolongando ao máximo o momento em que, na incomparável expressão americana, estourará sua cereja (pop the cherry). Quem também ameaça explodir a cerejinha em público é um estudante britânico de 19 anos chamado Clayton Pettet. O mancebo terá sua primeira relação sexual - com outro mancebo - numa galeria de arte em Londres, diante de uma plateia de 50 a 100 pessoas. Ele batizou sua performance de "A Escola de Arte Roubou Minha Virgindade", o que não é bem verdade: está fornecendo-a de mão beijada, também em busca de 15 segundos de fama. Com calda de frutas vermelhas.

FUJA, VAI TER BOLO

Para contrabalançar o post de ontem sobre os remadores ingleses, meu espírito de porco não resistiu a esses horripilantes bolos de parto que andam fazendo sucesso nos chás de bebê lá nos States. Eles vão além de fomentar a aversão natural que as bibas já sentem pelas partes íntimas femininas: também provocam horror à geleia de morango e ao glacê cor de rosa, esses malvados. Visite a página do blog "Mommyish" (onde há dez exemplos tenebrosos) por sua própria conta e risco.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

QUATRO SEM PATRÃO



Faz tempo que eu não escrevo um post descaradamente gay, sem conotações políticas nem muita encucação. Então, atendendo a pedidos (meus), lá vai: acaba de sair o quinto calendário do Clube de Remo da universidade britânica de Warwick. Desde que a seleção francesa de rúgbi inventou os "Dieux du Stade", esse tipo de iniciativa para angariar fundos virou moda. Até os bombeiros cariocas já fizeram poses sexy para a câmera. O que diferencia a folhinha dos Warwick Rowers é que os lucros reverterão para um programa universitário que combate a homofobia entre os alunos - ou seja, em prol dos próprios compradores. Isso é que se chama de "remar para a frente". Row! Row!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

FAROESTE PARAENSE

O papel principal de Serra Pelada estava prometido para Wagner Moura. O ator não pôde fazê-lo por problemas de agenda (mas ainda está no filme, como coadjuvante) e o personagem acabou indo para Juliano Cazarré. Sorte nossa. Wagner é um puta ator, um dos maiores de sua geração - mas não projeta a fisicalidade animal de Juliano, perfeita para um garimpeiro ambicioso e violento. "Serra Pelada" começa contando a história da maior jazida brasileira de ouro do século 20, mas logo se concentra no drama de dois amigos que vão para a Amazônia tentar fortuna e acabam em campos opostos. A sordidez dos puteiros, as brigas por motivos bobos, a ganância generalizada, está tudo lá. Também tem Sophie Charlotte numa cena de sexo ousadíssima para uma jovem atriz global em ascensão, e uma sub-trama com bichas malvadas que é um refresco de originalidade. Mas tem um elo fraco: o outro personagem central, vivido por Júlio Andrade, é algo inconsistente, e demora para tomar atitudes que deveriam ser imediatas. Um detalhe que não chega a derrubar o filme, que de resto é bem feitérrimo e tem forte apelo popular. Fora que só tem ritmos paraenses na trilha sonora: isto sim, vale ouro.

O GOSTO DE TODOS

Uma semana atrás, telinhas do Banksy sem identificação praticamente encalharam numa barraquinha em Nova York, apesar do preço irrisório de 60 dólares. Esta semana surgiu outra barraquinha vendendo telas falsas pelo mesmo preço, e o estoque se esgotou em uma hora. O mais engraçado é que os compradores recebiam um "certificado de inautenticidade" e nem assim desanimavam. Vai dizer que, se você passasse por ali, também não comprava?

terça-feira, 22 de outubro de 2013

MULAN MACHO SIM SENHOR

A heroína chinesa Mulan só ficou conhecida no Ocidente depois que a Disney lhe dedicou um desenho animado nos anos 90. Talvez por não ser uma princesinha clássica como Branca de Neve ou Cinderela, a mesma Disney permitiu um twist interessante no personagem: Mulan é bissexual. Ou pelo menos a versão que aparece na série "Once Upon a Time", que é produzida pelos ABC Studios e exibida nos EUA pela rede ABC (ambos pertencem à Disney). No episódio de domingo passado, Mulan revelou que acha a maor graça na princesa Aurora, também conhecida com a Bela Adormecida. Não sou muito fã desse programa (acho florzinha demais), mas admiro a coragem dos produtores. O que vem a seguir? O pó de pirlimpimpim na verdade é MDMA?

DUBIEDADE SACRAMENTADA

Marina Silva foi mais uma vez ao "Roda Viva" da TV Cultura. Mesmo sem se declarar candidata à Presidência (ela está esperando Eduardo Campos não decolar nas pesquisas para ser, aham, chamada ao sacrifício), a ex-senadora tenta definir melhor suas posições. Consegue e não consegue. Parece cada vez mais articulada e mais incisiva, como se tivesse opiniões claríssimas sobre tudo. Mas as águas se turvam quando entra a religião no meio. O fato de ser evangélica é um trunfo e um fardo ao mesmo tempo, e Marina continua tentando agradar a todo mundo. Ontem disse que é a favor da união civil para casais gays, mas não ao casamento - porque, em seu entender, o casamento é um "sacramento". Uai, e o casamento CIVIL? E o casamento entre ateus? Claro que ela está dando uma no cravo e outra na ferradura, tentando seduzir o maior eleitorado possível. Juro que eu não sei dizer qual deve ser a opinião íntima dela, pois Marina vem se revelando uma raposa hábil e ambiciosa. Amigos petistas estão achincalhando essa dubiedade dela nas redes sociais, mas não lembro da Dilma ou do Lula se pronunciarem mais claramente sobre este assunto. O fato é que eles estão com medo, muito medo, e acho que nisto têm razão: uma dobradinha Campos-Marina, seja lá na ordem em que for, é extremamente atraente para uma parcela enorme da população, dos bem-pensantes aos desinformados. E para mim? Talvez. Pode ser. Não sei. Quem sabe?

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

DIANA E HASNAT

Se houvesse justiça no mundo, o título deste post também seria o título do filme "Diana". Porque o roteiro foca nos últimos três anos de vida da princesa, e especificamente no romance dela com o cirurgião paquistanês Hasnat Khan. O caso só ganhou notoriedade depois da morte da moça, mas na tela é retratado com tal intensidade que se trata, realmente, de um filme de amor. As críticas não têm sido boas e algumas pessoas reclamam do retrato por demais chapa-branca, mas eu discordo. Gostei mais do que esperava, e saí pensando do cinema. Diana dizia que seu casamento com Charles envolvia três pessoas (a terceira era Camilla Parker-Bowles), mas a verdade é que qualquer relacionamento dela pós-família real também seria sempre um ménage à trois: a terceira pessoa é a mídia, esse monstro insaciável. A ex-futura rainha achava que sabia manipulá-lo, mas volta e meia metia os pés pelas mãos. Suas entrevistas surtiam o efeito contrário ao esperado, e ela mesma não hesitava em alertar os paparazzi quando uma foto indiscreta sua nos jornais lhe interessava. A Diana do filme é complexa. Quer levar uma vida simples, mas não abre mão do luxo; usa a celebridade para atrair atenção a causas nobres, mas a-do-ra um iate ou uma joalheria; sonha em ser mulherzinha, mas também em controlar a vida do namorado. Naomi Watts e Naveen Andrews (o Sayid de "Lost") estão ótimos nos papéis principais, e têm uma química palpável que nos faz crer que estamos vendo um casal apaixonado. "Diana" talvez não seja um puta filme, mas lança um pouco de luz numa personagem emblemática que morreu no comecinho da era da internet. Como estaria ela hoje, na arena ainda mais cruel das redes sociais?

MATO COM CACHORRO

O que pensar dessa história dos beagles "resgatados" do Instituto Royal em São Roque? Claro que é de partir o coração ver aqueles cachorrinhos fofinhos presos em jaulas. Mas é de uma ingenuidade atroz pensar que a ciência já consegue produzir remédios - e, sim, cosméticos - sem fazer algum tipo de teste em animais. Claro que há testes e testes, e as entidades pró-bichos conseguiram evitar muita crueldade inútil de uns anos para cá. Mas o caso Royal já está descambando para a bagunça, porque os black blocs se meteram no meio. Nada invalida mais uma causa do que a presença desses mascarados arruaceiros: aprece que estão lá só para zoar, e foda-se a sociedade. Também já foram encontrados beagles bandonados perambulando pelas ruas de São Roque, numa demonstração patente de que a invasão foi mal-planejada e conduzida por irresponsáveis. Acho lindo as pessoas estarem se mobilizando via redes sociais para encontrar lares para os bichinhos, mas o precedente é perigosíssimo. Daqui a pouco vão estar invadindo fazendas e zoológicos, sem nenhum respeito aos profissionais envolvidos. E não tardará para chegarem às churrscarias.

domingo, 20 de outubro de 2013

COISA BOA EM EXCESSO É MARAVILHOSO

A HBO Brasil finalmente está exibindo "Behind the Candelabra", que passou em maio na matriz americana. A cinebiogrfia do ultra-kitsch Liberace chega por aqui depois de ter feito uma limpa nos últimos Emmy, onde levou, entre outros, os prêmios de melhor filme, melhor diretor (Steven Sodebergh) e melhor ator (Michael Douglas). Espero que também tenha levado melhor maquiagem: a carcterização dos personagens, que se submetem a plásticas, adoecem e envelhecem, é das mais sensacionais que eu já vi. Matt Damon, no papel do jovem amante do pianista, talvez tenha o papel mais difícil: consegue passar a dor de ser desprezado sem perder um grama de fabulosidade. O roteiro é baseado nas memórias desse amante, que talvez não tivesse visto a luz do dia se os envolvidos fossem brasileiros. Graças a Deus, não são: a glória e os detalhes sórdidos da vida Liberace estão expostos em "Behind the Candelabra", que, apesar de ter sido feito para a TV, é um dos melhores filmes de 2013. Ligue para a sua operadora.

sábado, 19 de outubro de 2013

TONY BIT MY FINGER

Eu estava andando no último quarteirão da rua Bela Cintra quando um Fusca parou na minha frente. De dentro saíram quatro sujeitos mal-encarados, que me agarraram e me enfiaram dentro do carro. Com os braços totalmente imobilizados, eu só podia me defender com a boca. Mordi com toda a minha força a mão que roçava o meu rosto. Meu marido soltou um grito lancinante, acordando a ele e a mim. Quase arranquei a ponta de seu dedo mindinho esquerdo, que sangrou muito. Sim, senhoras e senhores: tem gente que ronca, tem gente que fala durante o sono. Eu mordo. Grrraaur.

SANGUE E BADMINTON


Marjane Satrapi começou sua carreira desenhando histórias em quadrinhos. Depois adaptou sua maior obra, "Persépolis" - um dos melhores relatos sobre a revolução iraniana - para um longa de animação que foi indicado ao Oscar. Seu filme seguinte, "Frango com Ameixas", já usava atores em carne e osso, mas tinha uma direção de arte tão estilizada que era praticamente um desenho animado ao vivo. Agora ela quis fazer algo completamente diferente. "A Gangue dos Jotas", em cartaz na Mostra de Cinema de São Paulo, foi todo rodado em locações. Não há cenários, não há efeitos: dá para perceber que Marjane queria simplesmente pegar uma câmera e sair por aí (esse "aí", no caso, é a Espanha). O roteiro também não tem nada a ver com suas obras anteriores. Uma mulher troca uma mala no aeroporto com a de dois jogadores de badminton, e aos poucos envolve a dupla numa trama de vingança contra os mafiosos que supostamente a perseguem, o tal bando do título. Há diálogos absurdos e sequências muito engraçadas, dignas de um - aham - desenho animado. Marjane também é a atriz principal, talvez por consequência do orçamento apertado: ela é feíssima e sem um pingo de glamour, o que contribui para uma divertida sensação de estranhamento. Apesar da curta duração (74 minutos), "A Gangue dos Jotas" tem barrigas dispensáveis, e não dá para recomendá-lo a quem não for fã de carteirinha da diretora. Mas é uma dessas curiosidades que justificam a Mostra.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

CAFÉ COM CARRIE

Olha que meigo esse promo para a internet do remake de "Carrie", que estreia hoje nos Estados Unidos. É de se engasgar no frappaccino.

SONO INCONTROLÁVEL

Preciso comentar a última do Ineliciano mas zzzzzz roinc tá mais do que na cara que essa de autorizar as "igrejas" (põe aspas nisso) a expulsar gays de seus recintos é só só mais um golpe de marketing zzzzzzzzzz o sujeito estava fora da mídia há quase um mês, desde o episódio do beijo entre duas meninas num megaculto em Caraguá roinc zzzzzzzz é óbvio que esse é mais um debate estéril e inútil, pois o único objetivo é levar o deputado-pastor de volta às manchetes zzzzzzzzzzz roinc roinc preguiça-master desse sacripanta, que precisava inventar novas maneiras de aparecer zzzzzz e depois vêm os neo-homofóbicos dizer que Daniela Mercury só se casou com outra mulher para se promover zzzzzzzz gozado, não vi ninguém acusando o Naldo e a Mulher-Moranguinho de estarem fazendo marketing ao se casarem zzzzzzzz roinc roinc.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

APOCALIPSE UAU

O trailer de "É o Fim" dava a entender que se trata do filme mais malooko do ano. Sim, é, mas também é um filme religioso que fala em salvação e arrebatamento. O roteiro segue nada menos do que o Apocalipse de São João. Mas não quer catequizar a plateia, muito pelo contrário. O que "É o Fim" quer mesmo é tirar sarro das celebridades, e muitos nomes da moda em Hollywood se prestaram ao papel. Não deixa de ser irônico que, num momento em que, no Brasil, Paula Lavigne defende que ninguém mencione a perna mecânica de Roberto Carlos porque o cantor é "doente", tantos atores americanos não tenham o menor prurido em aparecer na tela com seus próprios nomes, se entupindo de drogas e meio que confirmando a impressão de que são mesmo todos uns idiotas. "É o Fim" talvez fosse a maior comédia do ano se tivesse uns 40 minutos a menos. Ainda assim, lembra um episódio em longa-metragem do "Porta dos Fundos", e isso é bom.

DESCONTROLE DE DANOS

Você sabe que a coisa tá pegando fogo quando liga para seu marido às 10 horas da noite avisando que vai ter que dormir no Rio e ele pede para você ligar mais tarde, porque prefere assistir à Paula Lavigne dando piti no "Saia Justa". Por causa de uma reunião que acabou tarde acabei perdendo o histórico programa de ontem, mas estou acompanhando a repercussão nas redes sociais - e digamos que Paula está se encarregando ela mesma de escrever uma autobiografia comprometedora. Olha, admiro muito a determinação e o empreendedorismo da moça, mas, cada vez que ela abre a boca, só piora a situação do Procure Saber. E isto bem na semana em que Caetano Veloso, Chico Buarque e Marília Pera foram aos jornais defender as posições do grupo, com resultados pífios. Chico, então, não sei se por causa da idade, do álcool ou do Alzheimer, protagonizou um dos grandes micos da nossa história, ao dizer que nunca tinha dado entrevista ao biógrafo do Roberto Carlos - só para, no minuto seguinte, surgirem fotos, vídeos e gravações da tal entrevista. Quem tinha que estar fazendo o "damage control" dessa turma - afinal, artistas populares nem sempre são bem articulados - era a própria Paula Lavigne. Mas eis que ela vai a um programa de TV e entorna o caldo de vez, gritando mais do que argumentando e levando um sabão público da Barbara Gancia. Quero muito ver o programa todo: no site do GNT não tem, alguém sabe onde eu encontro? Não assisti nada além da cena acima, o resto só ouvi falar. Mas posso adiantar desde já: Barbara Gancia me representa.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

PENSAM ELES

Assustados com a repercussão negativa de suas posições contrárias às biografias não-autorizadas, alguns artistas estão vindo a público para se explicar melhor. Caetano Veloso e Chico Buarque escreveram artigos para “O Globo”, Marília Pera escreveu para a “Folha”. Todos se saíram mal. Nenhum deles encontrou um único argumento convincente. Num lance melodramático, Caetano até citou o “sofrimento de Glória Perez” – a autora de telenovelas conseguiu barrar na Justiça o lançamento do livro de Guilherme de Pádua, o assassino de sua filha Daniela, onde ele contava sua versão dos fatos. Algo parecido aconteceu nos Estados Unidos: O.J. Simpson tentou publicar “If I Did It”, um relato asqueroso de como ele teria matado sua mulher se ele realmente tivesse matado (e todo mundo sabe que matou mesmo, apesar dele ter sido absolvido por júri popular). A gritaria foi tão grande que a própria editora desistiu do lançamento. Ou seja: mesmo num país onde impera a plena liberdade de imprensa, existem maneiras de impedir que bandidos escrevam qualquer coisa. Mas nossos artistas não entenderam isso. Estão contaminadíssimos pelo patrimonialismo que permeia nossa cultura – afinal, são tão brasileiros como todos nós. Chico chega ao absurdo de citar erros que pesquisadores fizeram em algumas obras, como se fosse possível proibir por lei que erros não sejam cometidos. Então, se for assim, será que vou poder processar um cantor, se eu achar que ele errou ao gravar um novo disco? Fiquem calados, queridos artistas, ou mudem logo de opinião. Cada besteira que vocês falam só macula ainda mais a biografia de vocês – a séria, a para valer, não essa versão chapa-branca, só com elogios, que vocês querem nos obrigar a engolir.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

CHOW MO-MO-MO-MO-MEIN

Não é só o "Harlem Shake" que ganhou um digno herdeiro esta semana. Também a inesquecível "Friday" de Rebecca Black acaba de ser substituída em nossos corações e mentes: abram alas para "Chinese Food", de uma garota chamada Alison Gold. O vídeo é tão bobinho e primário que parece feito para um programa infantil. E a música em si? Digamos que quase que dá dó de malhar. Quase.

COMO NAMORAR UMA ATRIZ

Ou um ator, que é o meu caso. Esta é a minha vida.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O BARULHO DA RAPOSA

A música boba do momento vem da Noruega, composta e produzida pela Stargate - a mesma turma por trás de hits como "Diamonds", da Rihanna. Era para ser apenas um promo do talk show "Yilvis", mas viralizou. Com mais de 120 milhões de visualizações no YouTube, o clipe para "What Does the Fox Say?" está atraindo atenção para outros vídeos de humor dos irmãos Vegard e Bård Ylvisåker, que pelo visto são uma espécie de Hermes & Renato da Escandinávia. Lógico que já pululam dezenas de versões na rede, como "What Does Megan Fox Say?" ou o inevitável remix com Hitler. Ufa, já temos um novo "Harlem Shake".

O GOSTO DOS OUTROS

As pessoas gostam daquilo que são mandadas gostar. Ontem tivemos mais uma prova dessa regra: o grafiteiro inglês Banksy montou uma barraca numa calçada em frente ao central Park, em Nova York. Identificou os trabalhos postos à venda apenas como "Spray Art", e colocu um velhinho para tomar conta - vai ver que era ele mesmo, já que ninguém sabe como é a cara do Banksy. Mesmo cobrando pouco, não vendeu quase nada. Uma turista pechinchou e levou duas telas pelo preço de uma. A féria do dia? 420 dólares. E pensar que um dos quadros oferecidos saiu por 249 mil dólares num leilão... É bem possível que se o nome "Banksy" aparecesse o resultado não fosse muito diferente - o cara não é exatamente um household name nos Estados Unidos. A brincadeira virou vídeo, e é claro que era uma obra de arte por si mesma. Um jornal de Washington fez algo parecido há alguns anos: pôs o violinista Joshua Bell tocando numa estação de metrô, onde não foi reconhecido por ninguém. Moral da história: somos todos uns teleguiados, sempre precisando do aval dos outros para construir o que achamos ser a nossa opinião.

domingo, 13 de outubro de 2013

EU ODEIO O ESPAÇO

Graças aos avanços tecnológicos, agora todo ano temos pelo menos um filme prodigioso que merece ser visto na sala mais megablaster possível. Em 2012 foi "As Aventuras de Pi"; agora é a vez de "Gravidade", que é mesmo toda essa maravilha que andam dizendo por aí. Acho que o Oscar de melhor direção já está no papo do diretor mexicano Alfonso Cuarón - ainda mais porque ele merecia ter sido indicado pelo fenomenal "Children of Men" (além de ter feito um dos meus filmes favoritos ever, "Y Tu Mamá También"). Sandra Bullock também deve ficar entre as finalistas, pois está incrível num registro dramático bem distante de suas habituais comédis românticas. É quase uma performance solo: o papel de George Clooney é inifinitamente menor e, mesmo de escafandro espacial, ele faz basicamente o George Clooney que tanto amamos. Do incrível take de abertura (12 minutos sem cortes!!) ao final que justifica o título, tudo funciona bem em "Gravidade". É o estado-da-arte de Hollywood, ainda capaz de nos supreender e de nos levar a lugares que ainda não fomos. Tanta técnica valeria pouco sem uma porrada emocional, mas fica tranquilo que ela vem. A protagonista pode ter dito a frase que dá nome a este post, mas eu adoro uma viagenzinha pelo cosmos.

sábado, 12 de outubro de 2013

CARA DE PAISAGEM

O pequeno escândalo do dia são os posters-teasers de "Ninfomaníaca". O novo filme de Lars Von Trier tem cinco horas de duração e é dividido em duas partes. Como o título sugere, conta as travessuras eróticas de uma mulher assanhada. Uma versão soft estreia na Dinamarca em pleno dia de Natal, e uma bem mais explícita promete causar no festival de Cannes do ano que vem. Quero só ver a bobajada que ele vai soltar dessa vez. Von Trier é um notório misógino: para ele a culpa é sempre das mulheres, que por isto acabam sempre sendo punidas, mutiladas ou enforcadas. Mas a equipe que criou estes cartazes está de parabéns. Não dou cinco minutos para surgirem memes malandrinhos na rede.

(clique aqui para ver a coleção completa)





sexta-feira, 11 de outubro de 2013

SUCESSO À VISTA

Não é porque eu conheço vários dos envolvidos com a produção (inclusive, aham, um certo ator) que eu vou deixar de falar bem de "Meu Passado me Condena". O contrário, aliás, aconteceria se eu não tivesse gostado do filme: deixaria passar em branco aqui no blog, como já fiz diversas vezes. Mas gostei. "Meu Passado me Condena" é engraçado do começo ao fim. A diretora estreante Julia Rezende revela um timing raro para a comédia e consegue até mesmo domar o Fábio Porchat. O filme só entra em cartaz daqui a duas semanas (coincidindo com a estreia da segunda temporada da sitcom do mesmo nome no Multishow). Vai fazer um dinheirão, e assim, quem sabe os envolvidos me pagam o que me devem?

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

DANÇANDO EM FRENTE AO ESPELHO

Descobri porque a Cher faz tanto sucesso entre as guei. Desde "Believe", de 1999, que todos os sucessos dela são sobre superação, força e sobrevivência ante as vicissitudes da vida. Claro que a maioria das bees super se identifica, principalmente as que cresceram numa época bem mais hostil que a atual. "Closer to the Truth", o primeiro disco dela em 11 anos, nem finge que é para outro público: só faltou vir com pulseirinha e vale-drink. Ouvi-lo realmente se parece com uma noite na boate, porque lá pelo meio o ritmo ralenta como se ela saísse da pista para tomar um ar. Mas depois volta e ahaza, só para fechar com o baladão "You Haven't Seen the Last of Me", do filme "Burlesque". Alguém duvida que ainda veremos Cher outra vez e mais outra e mais outra?

Avicii é um DJ sueco sem personalidade que anda amplacando um hit atrás do outro. A crítica não-especializada gostar de chamar seu som de EDM (electronic dance music), mas ouvidos treinados não se deixam enganar: é a versão europeia do sertanejo universitário, com batidas que mais irritam do que contagiam. "Wake Me Up", o single que abre o CD "True", tem até pegada country, antes de descambar para uma coxinhice digna de um comercial de vodka.

Seu colega americano Kaskade se sai um pouco melhor. Em "Atmosphere", as faixas com etéreos vocais femininos são tão banais que sequer merecem um APS. Mas os instrumentais valem a pena, assim como aquelas em que o próprio DJ se arrisca a cantar. Não são nenhuma obra-prima nem dignas de assobios, mas funcionam bem como papel de parede sonoro quando a gente precisa trabalhar. Para dançar pelado em frente ao espelho, nem tanto.

Já ao som do Icona Pop é impossível se concentrar no que quer que seja. "This Is...", o álbum de estreia dessa dupla sueca, é uma coleção de hinos eufóricos, daqueles que enjoam quando tocam no rádio mas são irresistíveis depois de algumas doses na companhia certa. Não há nenhuma faixa lenta (nem ruim) no disco, mas o destaque continua sendo "I Love It", que já roda há um ano por aí. Lembra qual é? Aquela em que elas gritam "I! DON'T! CARE!".

Agora, Janelle Monaé é the real thing. Ela já tinha me impressionado com seu trabalho de estreia em 2010. "The Archandroid" misturava funks agitados com números de cabaré e orquestra sinfônica. Depois, quando vi seu show em 2011, tive a confirmação: a moça é boa mesmo. "The Electric Lady" só não é melhor porque não traz nenhuma enorme surpresa, repetindo a fórmula eclética do CD anterior. Mas tem participações de nomes como Prince e Erykah Badu, que mostram como a jovem Janelle já é respeitada no meio artístico. Fora que é ótimo ouvir uma cantora americana que faz música dançante sem dar uma de cachorra.

A VOZ DO ALÉM

"Estoy más vivo que nunca". Uma suposta gravação de Hugo Chávez está deixando a Venezuela em polvorosa. Nela, o Comandante - oficialmente falecido em março - diz que ainda sente muita dor, mas que está se recuperando pouco a pouco. É óbvio que se trata de uma tentativa de desestabilizar o já frágil governo de Nicolás Maduro, que herdou todos os problemas mas nada do carisma de seu antecessor. Aposto que outras virão: Chávez está se tornando o D. Sebastião venezuelano, o Encoberto, aquele que voltará. Também aposto que acontecerá o mesmo no Brasil quando Lula finalmente se for. Afinal, não faltam bons imitadores do nosso ex-presidente por aí.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

FORA DA NORMA

Até pouco tempo atrás, era difícil imaginar o escândalo que o pioneiro nu frontal de Norma Bengell em "os Cafajestes" provocou em 1962. Hoje nem tanto, dada a crescente caretice que reina no Brasil. Mas claro que isso não diminui a audácia da atriz, que já era uma estrela consagrada quando topou se despir para a câmera de Ruy Guerra (no que fez muito bem, aliás: a cena é sensacional). Não foi a última polêmica que ela protagonizou - o dinheiro público mal gasto em seu filme "O Guarani" nunca foi devidamente esclarecido - mas seu lugar na história da cultura brasileira está mais que garantido. Norma quebrou todas.

("Os Cafajestes" pode ser visto aqui na íntegra, com ótima qualidade)

MAIS PARA HÉTERO

Não acho o Josh Hutcherson grande coisa como ator nem o tenho lá em cima na minha escala de tesão, mas que ele é bacana - ah, isso ele é. O astro de série "Jogos Vorazes" deu uma entrevista à revista gay "Out" declarando-se "mostly straight", que eu traduzi de maneira livre para o título desse post. Antes que vocês se animem: não, ele nunca transou com homem, nem sentiu vontade de. Mas diz que não está fechado à possibilidade. "Dá que daqui a um ano eu resolvo experimentar?", pergunta Josh. A postura dele é comum entre os garotos de sua geração. Garotos que estão absolutamente seguros da própria sexualidade, a ponto de mantê-la fluida para o que der e vier. Nem é a primeira vez que o cara se mostra simpatizante: Josh é um dos fundadores da "Straight but Not Narrow", uma espécie de associação dos amigos HT da bicharada. É de aliados assim que a gente precisa, e estamos conseguindo.

(a entrevista dele à "Out" pode ser lida aqui, em inglês)

terça-feira, 8 de outubro de 2013

BODAS DE PALHA

E então você completa 23 anos de casamento só para descobrir que as bodas de tão vetusta data não são de ônix nem de jade, mas de palha. Sim, palha: o material com que o Cícero dos Três Porquinhos construiu sua casinha, destruída sem a menor cerimônia pelo Lobo Mau. Melhor pensar em cestos onde a palha está tão entrelaçada que ninguém mais desmancha.

PROCURE MAS NÃO SAIBA

Pegou mal para carambão a matéria de capa da "Ilustrada" de sábado passado. A reportagem conta que os medalhões da MPB reunidos no grupo "Procure Saber", liderado por Paula Lavigne, estão fazendo lobby para que nenhuma biografia não-autorizada pelo biografado possa ser publicada no Brasil. O argumento da turma é que não é justo alguém lucrar em cima da vida dos outros, mas é claro que só querem ter controle total sobre o que se diz deles. As seções de cartas dos jornais e as timelines das redes sociais se encheram de críticas a Caetano, Gil, Djavan e Milton. Como é que artistas que sofreram tanto com a censrua agora querem se tornar censores? Hoje Paula Lavigne está no "Painel do Leitor" dizendo que não foi nada disso o que ela disse, mas a jornalista Juliana Magnani rebate que disse sim, com todas as letras. Pelo bem de suas próprias biografias, todos os envolvidos tinham que abandonar AGORA essa ideia autoritária. Sem explicações, sem desculpas. Antes que a mancha se alastre de vez e não saia mais nem com sabão de côco.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

WINDECK, HA OBA, BA


Hoje saíram as indicações para o Emmy Internacional. A Globo emplacou dois títulos na categoria Melhor Novela: "Avenida Brasil" e "Lado a Lado". Também há um concorrente do Canadá e, surpreendentemente, um de Angola. Acho fabuloso que um país, há pouco mais de uma década ainda devastado pela guerra civil, agora esteja produzindo folhetins com trama glamurosa (a história se passa na redação de uma revista de moda, a "Divo") e "elenco de luxo" (que inclui o brasileiro Rocco Pitanga, irmão da Camila). Para o meu olhar contaminado, é meio estranho ver tantos atores negros em "Windeck" (o título parece ser uma gíria local para vigarista ou coisa que o valha). Mas também é sintomático que a protagonista-vilã Vitória seja interpretada por Micaela Reis, ex-miss Angola e de pele mais clara que a maioria de seus conterrâneos. Enfim, o que importa é que Angola está no páreo. O primeiro capítulo de "Windeck" está aí em cima. Quem gostar, pode ver a novela inteira no YouTube.

(Angola rules: nada menos que DOIS dos finalistas ao Emmy de Melhor Novela deste ano têm aberturas ao som do kuduro...)

INIMIGO FIGADAL

Não sou grande fã de comida japonesa. Talvez por isto mesmo eu tenha me rendido ao incrível sushi de atum com foie gras e caju caramelado do Momotaro, um dos melhores restaurantes de São Paulo. Também contribuiu para o meu deleite a possibilidade daquela degustação ser irrepetível: já sabíamos que o foie gras estava a ponto de ser proibido na cidade, como de fato foi (assim como a comercialização de qualquer artigo confeccionado com pele animal - qualquer animal). A Califórnia já havia vetado a produção e venda da iguaria francesa, e a justificativa é a crueldade do método: o ganso precisa ser alimentado à força para ficar imenso e com o fígado gordo. OK, é uma judiação, mas é será que é pior do que essas usinas que penduram os frangos de cabeça para baixo numa linha de montagem, para em seguida decapitá-los? Todo consumo de carne envolve alguma dose de violência, seja lá qual for o bicho. Estamos caminhando ao veganismo, ou é só uma frescurinha passageira?

domingo, 6 de outubro de 2013

O CIRCO DA FÓRMULA 1

Fala sério: desde que a Fórmula 1 ficou segura e parou de matar uma média de dois pilotos por temporada, perdeu o pouco da graça que tinha. Sempre achei que assitir a uma corrida de carros só era menos chato do que ver uma árvore crescer. Por isto mesmo, "Rush" não estava na minha lista. Mas aí saíram algumas críticas favoráveis, e amigos insuspeitos também me recomendaram. Para completar, Daniel Brühl passou a ser cotado para o Oscar de ator coadjuvante por sua interpretação de Niki Lauda. Pronto: fiquei doido do edi para ver. Hoje finalmente consegui, e gostei ainda mais do que esperava. "Rush" é um dos melhores filmes de 2013. Aquele espécime raro onde tudo dá certo: a direção de Ron Howard é vertiginosa na medida certa, o roteiro de Peter Morgan (que escreveu "A Rainha") mostra como rivalidade e inimizade não são exatamente a mesma coisa, e até o canastraço do Chris Hemsworth está bem. Mas Brühl está ainda melhor, e não tem nada de coadjuvante: o filme é até mais sobre Lauda, que tem hoje 66 anos, do que seu rival James Hunt, morto aos 45 de um ataque de coração. "Rush" captura o glamour do que a mídia chamava de "o circo da Fórmula 1" e eu me surpreendi com a quantidade de nomes de pilotos dos anos 70 que eu lembro até hoje. Atualmente as corridas atraem por aqui uma fração da antiga audiência, muito pela ausência de brasileiros competitivos. Mas também não há mais o clima de perigo e excitação que "Rush" mostra tão bem.

sábado, 5 de outubro de 2013

POROROCA

Alguém aí esperava que Marina Silva se filiasse ao PSB de Eduardo Campos? Eu tinha certeza que ela iria para o tal do PEN ou algum outro partideco que pudesse dominar. Marina já havia mostrado que, se não for a capitão absoluta do time, recolhe a bola e sai do jogo. Mas pelo jeito eu ainda não a conheço direito: nunca esperei que ela topasse ser coadjuvante de Campos, o mais que provável candidato à presidência dos socialistas. Deeve ter pesado a estrutura do partido, o tempo de TV e... que mais? Plataforma? Faz-me rir. Marina se faz de diferente, mas é só na embalagem. E já deu provas de uma desorganização que não pega bem numa aspirante ao cargo máximo da república. Mas sua aliança com Campos praticamente joga a eleição do ano que vem para o 2o. turno. É uma pororoca amazônica no caminho de Dilma, que agora vai ter que rebolar rebolar rebolar.

O PROTO-CORINGA

"O Homem que Ri" é um dos livros menos badalados de Victor Hugo. Sempre foi ofuscado por "Os Miseráveis" ou "O Corcunda de Notre Dame". Mesmo assim, ganhou uma nova adaptação para o cinema. É um filme escuro, com uma direção de arte fantasiosa para uma história rocambolesca típica do século 19. Um garoto é raptado por mercadores de escravos e tem a boca rasgada num sorriso eterno, como o Coringa do Batman. Depois salva uma menininha cega na neve, é adotado por um saltimbanco e por aí vai. Uma trama que deve ter deliciado nossos avós, mas que hoje soa datada e melodramática. "O Homem que Ri" acaba criando um suspense involuntário: como é que Gérard Depardieu ainda não explodiu?

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A MULHER BARBADA

E quando a gente acha que já viu tudo, eis que surge Conchita Wurst para reduzir a pó todas as categorias em que gostamos de nos entalar. É um homem, uma mulher, um travesti, um transexual e, além de tudo, uma cantora excelente. Conchita já era uma estrela em sua Áustria natal há alguns anos, desde que ganhou alguns concursos de calouro na TV. Em 2012, ficou em segundo lugar nas eliminatórias que escolheriam o representante do país no festival Eurovision. Este ano ela conseguiu a indicação, e também as manchetes do mundo inteiro. OK, ela não é a primeira a misturar barba e make-up glam - os Dzi Croquettes já faziam isto nos anos 70 - mas é claro que sua figura causa um pequeno curto-circuito nos nossos cérebros. Estou torcendo desde já: Conchitaaaaa! Conchitaaaaa!

(Tem mais aqui, no site de fraulein Wurst, e também em seu canal no YouTube)

A TRÊS

Miro Gavran é um dramaturgo croata tão famoso na Europa que tem até festival dedicado exclusivamente à sua obra. Mas só ontem que eu ouvi falar deste senhor pela primeira vez, vendo sua peça "Tudo Sobre os Homens", em cartaz em São Paulo até 15 de dezembro no teatro da Livraria da Vila do shopping JK. O que no começo parecem esquetes sobre estereótipos masculinos - os velhos safados, os machões empedernidos, os gays metidos a besta - aos poucos se revela como uma coleção de histórias contundentes. Os atores estão todos ótimos (um deles também é o diretor, Flávio Faustinoni). Fora que é um raro prazer ver o Oscar Magrini desmunhecar.

CUIDADO COM O CACHORRO

Junte-se o ranço autoritário brasileiro com a arbitrariedade das regras do Facebook e eis aí o resultado: toda semana algum juizinho provinciano ameaça tirar a rede inteira do ar. Uma briga de vizinhos, como esta entre Luize Altenhofen e o sujeito que agrediu seu cão com uma barra de ferro, ganha dimensão nacional e me deixa com a ligeira sensação de estar morando no Irã, onde uma tuitada mais malandra pode render 200 chibatadas. Por outro lado... véi, na boa, desde quando o Feice é artigo de primeira necessidade? Mas no fundo o que está em jogo é a incapacidade de controlar a escrotidão da espécie humana. A internet permite que as pessoas revelem seu lado mais podre sem que elas precisem deixar o anonimato e o conforto de seus lares - e contra isso, só uma censura das brabas surte algum efeito. Melhor a gente se acostumar e dormir com um barulho desses.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

OL' BLUE EYES IS BACK

Como é que nunca ninguém desconfiou que Ronan Farrow não é filho biológico de Woody Allen? Todo mundo é cego? Precisou Mia Farrow dizer à revista "Vanity Fair" que a garoto "talvez" seja filho de Frank Sinatra para o óbvio ulular. Os mesmos olhos azuis! Essa revelação torna o drama que a família vive ainda mais digno de Walcyr Carrasco. Mia pôs a boca no mundo quando, 20 anos atrás, Woody a trocou por sua filha adotiva Soon-Yi - filha dela e de um outro ex-marido, o maestro André Previn, não do diretor. Mesmo assim, ele é acusado de incesto até hoje. E mesmo assim, Woody deu um show de hombridade ao jamais contra-atacar Mia. Moral da história: ninguém é santo. Ainda bem?

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

ARMAS DE DESTRUIÇÃO E MOÇAS

Todo mundo já viu esse filme trezentas mil vezes: um policial durão e meio chato é obrigado a investigar um caso com um colega malucaço, que na vida real estaria atrás das grades ou internado. Os dois trocam farpas, salvam-se mutuamente, prendem os bandidos e no final são BFF desde criancinhas. A novidade de "As Bem-Armadas" é que a dupla de tiras é feminina. Sandra Bullock faz a CDF e Melissa McCarthy, a doidona: as duas têm química juntas e dão um show de timing cômico, como era de se esperar. Todo o resto do filme também é meio previsível, mas algumas cenas sangrentas - como uma traqueostomia realizada no chão de uma lanchonete ou uma faca que é enfiada numa perna, retirada e enfiada de novo - têm um humor negro que salvam o preço do ingresso. Recomendável para quem gostou de "Missão Madrinha de Casamento": o diretor, Paul Feig, é o mesmo.

PORNSTACHE

- Quarenta "milhas", Lígia!
- Mas são dez "portraits"!
(forçar no sotaque carioca: porrtrééssh)

Não lembro o que eu comi ontem de almoço. Mas este diálogo do primeiro capítulo de "Água Viva", entre Carlos Eduardo Dollabella e Betty Faria, está gravado em meu HD interno há mais de 30 anos, ocupando um espaço onde caberiam recordações dos meus entes queridos ou toda a tabela periódica. Tive o prazer de ouvi-lo anteontem outra vez, quando a novela de Gilberto Braga (a segunda que ele escreveu para o horário nobre) começou a ser reprisada pelo canal Viva. Também tive o choque de perceber como a imagem era tosca e o ritmo era lento na televisão de 1980. "Água Viva" foi um enorme sucesso, mas não me lembro exatamente por quê: acompanhei a trama do começo ao fim, e ela não tinha nada de mirabolante. A única concessão ao folhetim tradicional era a história da órfã Maria Helena, em busca de seu pai biológico. O resto era um bando de grã-finos mais interessado em tomar sol e ir a festas. Os sobrenomes dos personagens eram curiosamente parecidos: Miguel FRAGonard, Janete FRAGoso, Stella FRAGa Simpson... Esta última, aliás, era inspirada na socialite carioca Beki Klabin, a primeira mulher de classe alta a desfilar como destaque numa escola de samba (o que causou até certo escândalo na época). Ah, e tem também Beatriz Segall fazendo Lourdes Mesquita, uma espécie de versão 1.0 de sua über-vilã Odete Roitman, que só encarnaria oito anos depois. "Água Viva" é um charme de novela: tem cena de topless na praia (mas a câmera não mostrou os peitinhos de Maria Padilha) e até o primeiro baseado da teledramaturgia brasileira, fumado num canto de quadro sem maior alarde. Sem falar num ator que eu achava o maior tesão de todo o sistema solar, Danton Jardim, com seu bigodão de filme pornô e seu sorriso avassalador. Por culpa dessa reprise, tenho ido dormir tarde todos os dias.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

ADEUS PARA SEMPRE

Muitas emissoras da televisão brasileira já morreram ao longo dos meus quase 53 anos de vida. Lembro da Excelsior, da Continental, da Tupi, da Manchete... Mas, até a noite de ontem, eu nunca tinha presenciado um canal tirar seu sinal do ar. Os últimos momentos da MTV Brasil foram engraçados, comoventes, amargos e nostálgicos, tudo ao mesmo tempo agora. Ninguém morreu, a vida continua e quase todos os ex-funcionários já estão em novos empregos. Mas ô se deu um aperto no coração ver aquele logo se afastando, até evanescer na escuridão...

McFAIL

Desconfio que estejamos assistindo ao fim da era McDonald's. Aqui no Brasil a rede ainda tem filas em suas lojas, graças aos preços acessíveis, à enorme disponibilidade e ao gosto estragado de muitos brasileiros. Mas nos Estados Unidos as vendas estão em queda livre, e todos os esforços para melhorar a imagem da marca têm sido redondos fracassos. O mais recente foi um jantar só para convidados em Nova York, onde foram servidas "reinterpretações" do Big Mac e afins feitas por alguns dos chefs mais badalados da cidade. O que confirma um novo sofisma da vida moderna: quando algum produto alimentícios convida cozinheiros famosos para criarem receitas com ele, é porque o tal do produto é mesmo uma porcaria. Bom, a repercussão desse jantar não foi grande coisa, mas pelo menos não foi um desastre épico como o #McStories. Criado para circular no Twitter histórias fofinhas de consumidores, a hashtag foi "sequestrada" por internautas que narravam suas experiências traumáticas com o McDonald's (acho que todo mundo tem uma). Some-se a isto o fracasso das saladas e maçãs no cardápio, e não dá para ver uma saída clara para a rede (e não é só ela quem está indo para o buraco: boa parte da concorrência também). Chegou a hora do APS?